29 de dezembro de 2007

Humor e testosterona

Estudo recente anuncia que os homens têm muito mais piada que as mulheres e que isso se deve à secreção testicular de testosterona. Realmente, sempre tive muita dificuldade em me rir de uma mulher, por mais hilariante que digam que ela é.
A fazer fé na teoria (agora comprovadíssima) da relação unívoca entre o sentido de humor e aquela secreção escrotal, é possível desde já inferir que a progesterona deve ser a secreção ovárica da tragédia. Quanto mais feminina, mais amargurada e sinistra uma criatura deve ser! (Não possuo prova experienciada desta hipótese porque nunca conheci nenhuma mulher que fosse realmente feminina).
Deve então ser por isso que, colocados, por exemplo, diante de um país como este, temos machos em grandes grupos a rir às gargalhadas das medidas sucessivas de sucessivos governos, enquanto mulheres profundamente femininas, oriundas do mais pistiloso gineceu que se possa imaginar, carpem mágoas e choramingam tristezas que dá dó.
Tudo muito claro, tudo muito bem. Mas, de repente, acomete-me uma dúvida inconveniente: quando eu deixar de produzir testosterona (nada dura para sempre, e testosterona deve ser, como o petróleo, uma energia não renovável) deixarei de saber rir das adversidades que tanta gente pretende semear na minha já tão precária vida?

27 de dezembro de 2007

Quem é Otelo Saraiva de Carvalho?
Deve ser algum hotel de 5 estrelas, acho eu...
Veja o que por AQUI vai!

26 de dezembro de 2007

Obrigado ao J.C. (China Sweet China) por me mostrar isto.

palavras mágicas

Voltei à missa!
Bem, a expressão não é rigorosa. O que aconteceu é que consegui assistir à missa de Natal pela televisão. Inteira, como mandava o catecismo:“ouvir missa inteira e abster-se a trabalhos servis aos Domingos e Festas de Guarda”. E ouvi-a pavorosamente desperto (“vigiai, pois nunca sabeis o dia nem a hora”), pela primeira vez em quarenta anos. Já tinha feito outras tentativas antes, sempre à procura daquela magia do Latim que ninguém alcançava, nem mesmo o próprio padre que, na minha terra, era um corpulentíssimo bonacheirão, beberricador a tempo inteiro, e totalmente afastado das espiritualidades, às quais, na minha concepção de adolescente confuso, pertencia, certamente, a língua do Lácio, essa estranha e mortíssima linguagem que era, para mim, o mais atractivo fausto evangélico daqueles encontros dominicais com o Salvador.
Foi, pois, derretido pelas saudades do “sursum corda”(?) e do “agnus dei, qui tolis pecata mundi, miserere nobis”(???) que demandei várias vezes a capela aqui da aldeia ou mesmo a transmissão da TVI, mas sempre sem nenhum sucesso. Fosse porque às dez da madrugada de um domingo friorento não se tem muitas opções além de dormir, ou porque a música do rádio era uma escolha infinitamente mais aliciante, nunca tinha prestado grande atenção ao conteúdo da palavra de Deus.
Mas desta vez foi de vez. Assisti pacientemente a tudo. E não foram totalmente goradas as minhas expectativas de voltar a sentir o sortilégio daquele ritual impenetrável da missa da minha infância.
Ouvi “hosana nas alturas” e “que é Deus com o pai na unidade do Espírito Santo”. Ecce! Impenetrável como o latim de antanho! Tão confuso e insondável como no meu tempo.
Valeu. Recuperei aquela sensação de incomensurável ignorância que me fazia tão bem…

18 de dezembro de 2007

O gafanhoto

Há um enorme gafanhoto âmbar empoleirado num dos armários da SP. Mesmo por cima dos livros de ponto. Entra gente e sai gente mas ninguém parece vê-lo. Enorme e translúcido, paira embaraçado entre o medonho e o ridículo. Remete-me, facilmente, para Abraão ou Noé, ou outro qualquer bíblico patriarcudo, comendo gafanhotos meia dose, assim a cru, nos tórridos desertos do Velho Testamento. Esta á a pose grotesca do gafanhoto da SP, alcandorado no topo do armário, equilíbrio instável, ameaçando estatelar-se. Mas quando o observo com o meu olho mais negro, vejo-o mostrengo, ferino e horrendo, despedindo lasers de âmbar e brandindo gigantescas pinças e armaduras bucais extensíveis, numa febre milenar feita de vingança e ódio.


E eu, sem despregar nenhum olho da besta ambarina, fico a delinear duas opções nesta encruzilhada: 1. Sou um professorzinho insignificante e acabrunhado e deixo que o gafanhoto me engula; 2. Sou um profeta alucinado, vagueando sequioso no deserto, e papo, de uma assentada, o gafanhoto tamanho família, para evitar baixar-me tantas vezes…
Claro que foi uma visão.
(Mas este gafanhoto sanguinolento chega em Janeiro. Asseguraram-mo hoje.)

16 de dezembro de 2007

28 de Setembro de 2007
"Combustões parte amanhã para nova vida, a 15.000 km. Desejem-me sorte. Portugal fica para trás, mas tudo farei para manter esta página com a regularidade possível. A todos os amigos e críticos esta breve e sentida despedida."


E foi por isto que nunca mais o visitei…
Hoje, casualmente, descobri com alguma alegria que afinal o blog está de volta já há muito tempo. Na verdade, só esteve ausente um mês, ou pouco mais...
Embora tardiamente, cumpre-me exultar e saudar o seu regresso. Afinal, o "Combustões" é bom e faz-nos falta.

Assim, não, Desidério!

Desidério Murcho editaCrítica”, uma revista online sobre assuntos de enorme pertinência para Alunos, Professores e Investigadores, sobretudo na área da Filosofia, mas não só.
Deparando-se-me, naquele site, um conjunto de textos sobre educação em geral, (que previ poderem ensinar-me alguma coisa) cliquei. Mas de imediato me surgiu uma caixa de diálogo a pedir a senha. Fui ver de que tipo eram as subscrições na “Crítica” e logo fui informado dos preços. É assim. Trata-se de pagar para ver. A cultura não é de borla na Internet, nem em lugar nenhum. Servem-nos umas migalhas, para aguçar o apetite, mas se quisermos mais, há que pagar. A cultura embarca também no marketing mais virulento. Tristemente aprendi que já muito poucos esturricam os miolos a produzir um texto belo ou um produto meritório, útil, esclarecido, para depois o disponibilizar, graciosamente, ao público interessado. Confesso que não estava à espera. E detestei o facto. Imaginei que a máxima de Adriano “compra pão e vinho mas rouba uma flor, tudo o que é belo não é de vender”, ainda fizesse sentido no actual estado de coisas. Mas não...
Ainda há, no entanto, um grupo razoável de adrianos lunáticos que oferecem flores. Eu sou e serei sempre um deles, apesar de as minhas estarem um pouco mais murchas que as do Murcho Desidério…

14 de dezembro de 2007


Outubro 04, 2006


Foi quando nasceu o “Tralapraki”, na maternidade http://tralapraki.blog.com/. Pai desnaturado, que deixou passar desapercebido o primeiro aniversário do seu pobre rebento…

aprendersaberensinar

saberensinar
Esforço-me por ensinar. É aqui que principia toda a minha ilegalidade. “Ensinar” deixou de ser um verbo conjugado dentro dos meandros da Educação. Alguns mais atentos até proclamam nunca o ter visto no novíssimo estatuto da carreira docente. Não vislumbro que arrepiante radical possa essa palavra conter para assim ter sido tão proscrita da prática educativa. A verdade é esta: em teoria, ensinar é uma não prática, o que, de certo modo, se compreende, porque só pode ensinar aquele que sabe alguma coisa.
E aí temos outra encrenca: “saber”. Saber já não é fundamental, o importante é ter o telefone de quem sabe. E se ensinar não é, em teoria, a mais importante tarefa de uma sociedade, está também a deixar de o ser na prática quotidiana, pela insubordinação dos alunos e pela negligência dos professores, ocupados que estão a olhar para as suas promoções, que já não passam pela aturada e desgastante prática diária de ensinar as novas gerações.


aprender
Esforço-me por aprender. E é aqui que continua toda a minha heterodoxia. É que já não se aprende nos locais antes destinados a esse efeito. Não é mais nas escolas que se aprende, nem nas de baixo, nem nas de cima, nem nas do meio, pelo que o aprendizado só se pode realizar fora dos circuitos oficiais e por vias bem mais autonómicas e pessoais. A quantidade de licenciados, mestres e doutores ignorantes é arrepiante. Aprender, no ensino institucional, dentro de um qualquer currículo académico, transformou-se num processo de aquisição de estatuto social e económico que pouco mais acrescenta além de uma arrogância boçal e de um orgulho provinciano e grosseiro.
(A vocês poucos aí, que acreditaram nas universidades e as frequentaram com o fim de se tornarem mais capazes para ajudar os outros, o meu mais veemente pedido de desculpas).

10 de dezembro de 2007

O “Safe Sex Passport” ou 140 dólares por uma verdade conveniente

Chegou o Safe Sex Passport (SSP). Com ele poderás apresentar-te perante os teus pares na Internet como o mais apetecível sex symbol. Antes de te perguntarem de onde és, ou se és macho ou fêmea, pedir-te-ão o número do teu “Safe Sex Passport”. Custa aproximadamente 140 dólares por ano e é renovado de seis em seis meses, just in case…
Já viste bem a autoridade e o sex appeal que te dará o facto de possuíres um SSP actualizado?
Mas olha: todos (e todas) esperam que o tenhas actualizado ontem mesmo. Na verdade, se o teu passport já tiver perfeito alguns dias, não dará a ninguém a certeza da tua saúde sexual, antes permitirá, quando muito, uma leve probabilidade de que possas ser um parceiro sexual saudável e seguro…
[Há, pois, que gastar um pouco mais na tua imagem de macho ou fêmea lavadinho(a)]
Ainda assim, a moda pegou nos EU e prepara-se para se instalar em Portugal, não faltando já empresas de análises clínicas a espreitar o furo de mais um negócio providencial.
Mas lá que um passaporte destes confere um charme adicional ao seu possuidor, e, consequentemente, maiores probabilidades de acasalamento, disso não tenho a mínima dúvida.

Ou tenho?
- Hi there!
- Hi.
- SSP, pls.
- But I came here just to know about the latest Messenger upgrade.
- Sorry! No SSP, no information. CU.

- ...

5 de dezembro de 2007

Teodisseia de Betesga

Deus, o senhor das esferas, o construtor do universo, vive na terceira espiral da Via Láctea, no número 17, 3º traseiras/sul. É ali que mantém, ainda hoje, a sua oficina. Foi nela que construiu o Universo inteiro, paulatinamente, em sete dias. Construiu o Universo infinito e veio morar na nossa galáxia, o que não deixa de ser reconfortante. O caso sugere que vivemos todos na melhor parte do Universo, pois que a mais patente evidência da qualidade de construção de um prédio é o facto de o seu construtor guardar para si um apartamento no condomínio.

3 de dezembro de 2007

Hugo Chávez quase Fidel...

Hugo perdeu o referendo. Mas, se atentarmos nos números, 50.7 por cento é muito pouco para dizer que não se quer perpetuar alguém no poder. E Hugo sabe bem disso e já o deixou antever, no meio do seu discurso constrito (disse constrito e não contrito)…
Hugo é apoiado por largos sectores do Lumpenproletariat venezuelano, os que gostaram das camisetas e das esferográficas, dos bonés e das bandeiras vermelhas, mas que também obtiveram o melhor salário mínimo da América Latina, o que faz dele um homem bem intencionado, malgré tout. Mas não só! Chávez também conta com o apoio de um sector importante das pequena e média burguesias (proletarizadas nos últimos anos) e uma não despicienda fatia de intelectuais progressistas que sonham com um novo paradigma social e económico para o seu país e para o mundo, uma outra globalização que possa travar a que ora se agiganta por todo o lado.
Chávez pode não ser um político muito sério, mas será sempre um caso muito sério. Muito bom ou muito mau, conforme os gostos…

O "Tralapraki" feito pelos seus leitores

Dos estudos copiados da Internet (ou outras fontes) à realidade – o Alcoolismo

Estudos, palestras, debates, medidas de prevenção…
Há décadas que se fazem…
Muitos estudiosos continuam a esquecer-se de que o grande responsável já não é o vinho – são os “shots”.
Será que se esquecem de olhar também a realidade à sua volta?!
Os “shots” que os jovens ingerem às dezenas e que, muitas vezes, basta apenas um para produzir o “apagão” e deixá-los em coma…
Perguntem a um jovem de 15 anos se o “shot” é alcoólico. Que não! - é uma resposta frequente.
Os adolescentes não distinguem entre o doce dos licores e o disfarce da coca-cola, o alto teor alcoólico de tal bebida. Combate-se o vinho e a aguardente e populariza-se a “tequilla”, o absinto,…
Há que atribuir aos “shots” a responsabilidade do alcoolismo dos nossos jovens.
No entanto os “shots” aparecem na TV e noutros media como inofensivos, muito “fashion”, associados a uma imagem muito “cool”…
Combate ao alcoolismo?! À Droga?! Porquê tanta hipocrisia?!
Há um incentivo notório por parte de muitos responsáveis!...
Existe a promoção da vida nocturna! E a protecção a todos os empresários da noite!
E então criam-se horários para que todos os sectores extraiam benefícios quando os jovens querem sair e divertir-se.
1º - os restaurantes;
2º - os bares (onde os jovens, depois de terem jantado, aguardam pela abertura de uma pista de dança – e aproveitam para irem “aquecendo”).
Por fim, o mais tarde possível, abrem as pistas nas discotecas onde os mais incautos (porque os mais experientes provavelmente já terão dormido um primeiro sono) terão que consumir ”ecstasy” ou outra droga para aguentar a “pedalada” e poder mostrar aos demais que “estão ali para as curvas”…
Quem está interessado na manutenção desta situação? … Ninguém?!...
Então porque proliferam bares e discotecas todos os dias, sem qualquer controlo?...
Alguém está interessado em que os jovens trabalhem e descansem durante a semana???
Que adquiram estilos de vida saudáveis e preservem a saúde?
É com os programas que têm desenvolvido de combate ao alcoolismo e à toxicodependência que pretendem alcançar esse objectivo?
Ou existe antes uma rede de interesses interligados em que todos lucram?
Restauração - bares - discotecas - redes de tráfico de droga - equipas de prevenção - equipas de tratamento
???...

Adelaide Baptista

1 de dezembro de 2007

Coisas giras por Email

Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões; Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;

Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;E reuniões e reuniões e mais reuniões!...
E depois ouço
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,observadores, secretários de estado, a ministra e, como se não bastasse, outros professores... e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo coisas curriculares, disciplinares, departamentais, educativas, pedagógicas, comportamentais,
da comunidade, de grupo, de turma, individuais, particulares, sigilosas, públicas, gerais, internas, externas, locais, nacionais, anuais, mensais, semanais, diárias.
E ainda querem que eu dê aulas!?...

(Anónimo. Enviado por Fátima Mendes)

25 de novembro de 2007

Nossa Senhora e a Cunha

Terminaram as comemorações dos 90 anos das aparições de Fátima. O blog é o melhor lugar para fazer um comentário sobre aquilo de que nada se sabe. Por isso, vou aqui deixar a minha opinião sobre Fátima. Tenham calma, não vou apresentar uma tese a favor ou contra o que quer que seja. Pertenço ao grupo bronco dos agnósticos, só que eu sou um agnóstico no sentido mais elementar do termo, isto é, sou um perfeito boçal em relação às coisas da doutrina. Vou apenas cingir-me a uma mensagem que Nossa Senhora proferiu, aquando da sua aparição de Agosto. N.S. pediu aos pastorinhos que rezassem muito pela alma dos pecadores. Sem as suas (deles, pastorinhos) orações, os pecadores (que já nesse tempo eram aos milhares) iriam certamente esturricar-se no fogo do Inferno. Se, porém, rezassem copiosamente, os pastorinhos poderiam libertar muitas almas daquele inoportuno churrasco.
Estão a ver? Nossa Senhora, provavelmente sem querer, acabara de introduzir a cunha e o compadrio na própria administração divina. Das suas palavras infere-se, facilmente, que, para nos livrarmos do fogo do Inferno, não é necessário sermos justos, mas termos um amigo que o seja. Qualquer indivíduo pode continuar com a sua vidinha de devassidão e malvadez, desde que possua um ou dois amigos crentes, virtuosos e tementes que resolvam interceder por ele e recomendá-lo às altas esferas do poder divino.
Et voilà…

23 de novembro de 2007

Violência Doméstica

Neste preciso momento, discute-se a violência doméstica numa estação de rádio. Eu, que sou o homem mais brando que se possa conceber, enfim, um verdadeiro banana, também já tive vontade de bater em mulheres (e não só nas que me couberam em sorte), tanta quanta já tive de bater em homens, sobretudo se são mais inteligentes, ricos, poderosos, belos e saudáveis do que eu.
Porém, bater numa mulher é mais um acto da irredutível estupidez do género masculino. Vão-me agora dizer que também há mulheres que batem nos homens? Eu sei. Já apanhei delas muito mais do que de outros homens, e sem nunca chegar a entender a razão por que o fizeram. (E estou terrivelmente intrigado por elas já não o fazerem).
Mas essas pujantes e vetustas madonas que batem nos homens não se devem levar a sério. Elas fazem-no com a mesma distraída displicência com que sacodem os tapetes na sacada. Muitas delas nem se apercebem verdadeiramente da diferença.
Mulher é muito mais laboriosa nos actos e nos objectivos, quando se trata de aporrinhar um marido. Com esse intento, utilizam, geralmente, doses de cianeto um pouco além das recomendadas, ou espetam alfinetes nos seus vudus, laboriosa e penelopemente executados. Embora a segunda estratégia possa falhar, a primeira apresenta elevadas probabilidades de dar certo…
Já o homem, não. Irracional e embrutecido, mal lhe dá para desarrincar um plano de qualidade sofrível. O supra-sumo da inteligência a que um homem já se guindou, nesta questão de maltratar a legítima, foi bater-lhe sempre fora de casa. Pelo menos este acto não poderia nunca ser considerado violência "doméstica". (Não compreendo o facto de o juiz, um homem tão culto, não ter entendido a piada. Devia estar, certamente, mal disposto com a notícia de vir a ser funcionário público)
...
[Ah, e já chega de me dizerem que a imagem não tem nada a ver com o texto. Mania…]

Teatro blogosférico

A Falta
(Apanhados na Rede)

[17:03:02] j.m. diz :
Acho que vamos ter falta à sessão de informação sobre avaliação do desempenho…
[17:03:44] R.C. diz :
Tu que dizes?!!!
[17:07:27] j.m. diz :
Estão-me a pedir para ir lá assinar o papel.
[17:07:43] R.C. diz :
Qual papel???!!!!
[17:08:04] j.m. diz :
O papel das presenças.
[17:08:22] R.C. diz :
Estão a marcar faltas, é?
[17:08:43] j.m. diz :
É, deve ser isso.
[17:09:17] R.C. diz :
Estou em casa a trabalhar prá escola. Se me marcam aí falta, paro já!!!
[17:10:30] j.m. diz :
Pois, eu não quero ser chato, mas a F. M. acabou de me dizer que há lá uma folha de presenças.
[17:11:04] R.C. diz :
O que não quer dizer que marquem falta... Se a folha fosse de faltas, podíamos ter falta... mas como é de presenças, não há-de haver azar.
[17:11:10] R.C. diz :
Pois... eu tb penso assim. Os que assinarem têm uma presença e os outros não...
[17:11:20] R.C. diz :
Tal e qual!
[17:11:25] j.m. diz :
Mas olha lá! Será que não ter presença não vai equivaler a ter uma falta?!
[17:11:50] R.C. diz :
Nada disso. Presença é uma coisa, falta é outra, porra!!
[17:12:04] j.m. diz :
Tb penso assim... Mas, se não é para distinguir os que foram daqueles que não foram, para que raio têm lá um papel de presenças?
[17:12:10] R.C. diz :
Para se saber quem lá esteve e não quem faltou, ora essa…
[17:13:04] j.m. diz :
E como se distingue um tipo que esteve lá de um que não esteve, a não ser pela falta?
[17:13:18] R.C. diz :
És burro ou quê? Distingue-se pela presença, é claro.
[17:14:03] R.C. diz :
Ainda aí estás ou já foste assinar o papel?
[17:14:17] j.m. diz :
Mas qual papel? O das faltas ou o das presenças?
[17:15:01] R.C. diz :
O das presenças, meu pequeno lorpa.
[17:15:20] j.m. diz :
Eu faltei, não posso assinar o papel das presenças.
[17:15:40] R.C. diz :
Assina o das faltas, porra!
[17:16:00] j.m. diz :
Se eu assinar o papel das faltas, posso ter falta, ora.
[17:16:12] R.C. diz :
Olha lá, meu parvo! Tu não estiveste na Escola até às quatro horas?!
[17:16:55] j.m. diz :
Estive. Ainda estou. Estou aqui no Ninho das Víboras...
[17:17:10] R.C. diz :
Então, assina só meia assinatura. Mas assina.
[17:17:58] j.m. diz :
Ah é? E depois? Vou ter meia falta, não?
[17:18:50] R.C. diz :
Pois, mas também ficas com meia presença. Não se pode ter tudo. Isto não é o da Joana…


(cai a ligação, muito confusa)

20 de novembro de 2007

arrepiantes sensações de quase muda perseguição...

… ao ouvir rádio, ao ler jornais, revistas ou a blogosfera, e ainda mais se tudo isso for feito com a exacerbada atenção de um quase alucinado ouvinte/leitor, avoluma-se-me a sensação de que alguma coisa terrível se prenuncia para Portugal, para a Europa, para o mundo. Espreita no escuro alguma contingência medonha mas nebulosa, brumosamente ameaçadora, feita de um perigo surdo, impreciso, equívoco, como se fosse um nevoeiro sobre falésias. Uma cerração onde um indivíduo se pode estatelar a qualquer momento, sem saber onde foi que colocou em falso o pé, a mão, o corpo, ou onde lhe escorregou a palavra, o gesto, a opinião, a breve insensatez de um discurso. É como se tudo o que se diz ou escreve adquirisse semióticas demolidoras, como se todas as palavras se tornassem escorregadias, tomassem vida própria e traíssem quem as proferiu no mais íntimo e inocente remanso de um fim de tarde pacificado…

16 de novembro de 2007

Bom dia, João Gobern!

João Gobern, sempre cortando a direito no seu “Pano para Mangas”, falou hoje da blogosfera e anunciou ao mundo o seu desejo íntimo de criar um blog. Racional como sempre, começou por lhe apontar as fraquezas, mas acabou por lhe dar o benefício da dúvida.
Venha, João, a blogosfera portuguesa saúda-o e sabe que, consigo, ficará mais rica. Olhe para ela, para as partes boas dela (esquecendo as más, que também por cá pululam) e entregue-lhe os seus textos
escorreitos e as suas opiniões conceituadas. Assim, tout court, sem microfone e sem salário. Os que por cá andam há muito, graciosamente (nos dois sentidos), a fazer dela a tribuna que ela hoje é, recebê-lo-ão de braços abertos.
(Viu? Meti-me consigo, num duelo matinal, de sons de xícara de café…)

15 de novembro de 2007

Não direi isto duas vezes...

Por mais que se tente relativizar a questão da avaliação do desempenho (interiorizando o conceito com naturalidade e desdramatizando-o tanto quanto possível), ela está já, mesmo antes de verdadeiramente se instituir, a fazer as suas vítimas no sistema educativo.
As primeiras vítimas são os próprios avaliadores, obrigados a esgueirar-se pelos corredores como Groucho Marx, arregalando olhos e espevitando orelhas para que nada lhes escape, no desígnio de serem certeiros e justos (deixem-me acreditar nisto, por favor) no momento do veredicto.

As segundas vítimas são, obviamente, os avaliados, colocados já numa posição de desacreditada subalternia, cujas bocas já se calaram de vez, numa apagada e vil tristeza.
As terceiras vítimas são os alunos. Tendo-se apercebido já de quem são os avaliadores e os avaliados, tratam de utilizar isso de acordo com as suas conveniências, tentando obter alguns dividendos desta curiosa dicotomia (uma interessante novidade nas suas curtas carreiras académicas) e aprendendo (depressa demais) como medir pulsos, como pisar fragilidades, como promover operações de charme e como impregnar-se (cedo demais) deste temeroso deficit de probidade e honradez que grassa por todo o lado.
Péssimo presságio.
As restantes vítimas são a camaradagem que havia e não há mais, a solidariedade que um dia quase senti esboçar-se, e hoje não há dela nem um curto esgar, o empenho e a paixão que tantos professores votaram ao seu trabalho dentro e fora das aulas, e que hoje não passa de um arremedo do que já foi, pois não sobra para isso disponibilidade, depois de aquietados os umbigos e garantida a sobrevivência possível em um tal sistema.
Vejo na escola gente que chora por tudo e por nada, mulheres precocemente encanecidas, homens resignados a não sei que fados tristes.

Só a juventude parece ainda apreciar o sol das tardes, rebolando-se pelas escadarias. Mas, se olho mais atentamente, também ela me parece deslizar alegremente para um vórtice inevitável, de cuja existência ninguém lhe ensinou sequer a suspeitar…

14 de novembro de 2007

O Lobby dos titulares (meditando nas ameaças anteriores)

Sr. Titular
Além destas apocalípticas ameaças, que naturalmente ameaçam o seu bem estar físico e mental, aconselhamos uma estratégia de grupo dos elementos da sua casta, para melhor defenderem as mordomias e o poder que vos foi conferido, que vos traz impantes de uma legítima e lurdesiana autoridade.
Esses medíocres têm que saber quem são os mais aptos, os verdadeiros doutores da autocrática pseudo educação, os legítimos senhores da sociedade. É preciso constituir um verdadeiro lobby, que faça leis para fazer cumprir as leis, que mantenha o receio e o terror da sua avaliação, aconselhando o vosso imediato a que não ouça o clamor desses pretensos injustiçados, e assim o vosso bem estar físico e mental ficará certamente resguardado …. Pois lá diz o ditado popular “ Quem tem c … tem medo”


Zé Coimbra (meditando sobre o post anterior)
13 de Novembro de 2007
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Senhor Titular!
Concorreu ao tal concurso e foi aprovado?
NÃO DESESPERE!!!
Afinal o senhor mostrou ser muito corajoso e ter poucos escrúpulos, o que faz de si um grande vencedor. O senhor é, definitivamente, um TITULAR!!!

Mas não é invulnerável.
Na vida perigosa de hoje, o Senhor não está livre de, em qualquer momento, lhe substituírem por tijolos as rodas do seu automóvel, de lhe deixarem cair uma bigorna nas hastes, de colocarem dois ou três negrões no seu caminho para lhe darem um arraial de mocadas, de o violarem com uma grua ou mesmo de lhe colocarem um enxame de abelhas na almofada.
Livre-se de todas estas tragédias, de um modo fácil, conveniente e intuitivo: avalie bem os seus colegas não titulares, especialmente aqueles que você sempre detestou. Dê-lhes um MUITO BOM e dormirá descansado, pelo menos durante um ano lectivo.
O ambiente escolar agradece.

Companhia de seguros STT, o Sono Tranquilo dos Titulares !!!

Um Excelente, e vida pra frente!

10 de novembro de 2007

Reflexões sobre Reflectores da Educação (1)

Fico sempre muito triste quando professores do ensino secundário de reconhecido mérito não conseguem dizer o que é necessário dizer, o que faz sentido dizer, o que faz falta dizer, quando se referem ao nosso “sistema” educativo e às copiosas reformas que este governo lhe foi debitando num afã quase compulsivo. Fico mais triste ainda quando aqueles meritórios professores o tentam dizer, ou o dizem mesmo, mas de modo primário e simplista, como se os seus prováveis leitores não pudessem entender senão um discurso muito popular, muito básico e até um pouco inapto. Gostaria de poder contar com alguém que, estando dentro do sistema educativo, pudesse ter um discurso tão capaz, honesto, clarividente, sério e veemente como a maioria dos que estão fora dele. (Não teçam expectativas de que possa ser eu a fazê-lo. Nunca fui, não sou nem serei jamais um professor de mérito, e muito menos de mérito reconhecido.)
Apresentarei como exemplo do que fica dito a já célebre “Carta Aberta a Sua Ex.ª o Senhor Presidente da República”, da autoria de um meriteiríssimo professor aqui meu vizinho, que circulou recentemente pelos mails de tudo o que é professor do ensino médio. Não refuto nada do que lá está escrito, pois não é difícil ver ali o verdadeiro retrato duma parte importante daquilo que se passa hoje no sistema educativo. Porém, ainda que aparente ser um homem simples e despretensioso, Sua Ex.ª o Presidente merecia receber uma carta um pouco mais bem escrita e mais radical e insurgente.
Sua Ex.ª e nós.

9 de novembro de 2007

Não faço greve nunca, jamais, em tempo algum…

Lá para o fim do mês vai haver greve geral. No dia da greve não dou aulas. Ficarei em casa, mas não me declararei em greve. Nessa não caio eu, porque, como sabem, tenho dois tijolos burros, um de cada lado dos… etc. etc. etc. … o resto já sabem do post anterior.
Como me obrigam a prever as doenças imprevisíveis, estarei imprevisivelmente doente no dia da greve e esquecer-me-ei de entregar os planos de aula. (A um tipo de quase sessenta anos será admissível um esquecimento desses, visto que já me esqueci algumas vezes das salas onde sistematicamente dou aulas, tendo que recorrer a uma colega mais jovem).
Tentarei conseguir um atestado de médico. Porém, o meu médico não é burro e tem a mania de ser honesto, pelo que não mo passará, a menos que eu esteja realmente incapacitado. Diante destas circunstâncias, e colocado perante a hipótese de uma falta injustificada, aceitarei, contra minha vontade, que essa falta me seja justificada à luz da greve. Mas que fique bem claro, Senhora Ministra, lá greve é que eu não faço nem que me mordam…
(É que essa coisa dos tijolos…)

3 de novembro de 2007

Oh se me creste gente impia...

… rasga meus posts, crê na Senhora Ministra…

…e em Deus pai, todo poderoso, e na teoria geocêntrica e no governo do Partido Socialista e no Senhor Primeiro Ministro José Sócrates, e no bom caminho que os Teóricos da Educação estão a imprimir ao sistema educativo, e no sistema educativo, e no Estatuto do Aluno, e no do Professor, e em todos os que decidem no sistema educativo, pois não podem decidir senão bem… e na teoria geocêntrica, e que seja tudo como Suas Excelências quiserem...
...E não neste velho idiota, ignorante e inculto, cheio de ramela e de preguiça, coberto de hediondas fugas, a quem nasceram ultimamente dois tijolos burros que, postados um de cada lado dos tomates, ameaçam, sabe-se lá por que carga de água, espremê-los.
(Mas ela move-se, lá isso move, o diacho da terra...)

28 de outubro de 2007

coisas giras por e-mail

cabula1

"La Foire aux Cancres" volta a atacar

1) Galileu (1564-1642) foi condenado à morte porque foi o primeiro a fazer a terra andar à volta.

4) O exemplo do Titanic serve para demonstrar a agressividade dos icebergs.

6) A França tem 60 milhões de habitantes, entre os quais muitos animais.

7) A 2ª guerra mundial foi um período de paz e de prosperidade para a Alemanha.

10) Os rios correm sempre no sentido da água.

12) Um quadrado é um rectângulo um pouco mais curto.

16) Uma linha recta torna-se curva quando vira.

17) Um compasso utiliza-se para medir os ângulos do círculo.

18) Uma raiz quadrada é uma raiz com 4 ângulos iguais.

19) Os chineses utilizam as suas bolas para fazer contas.

22) Uma tonelada pesa pelo menos 100 kg se ela for pesada.

25) As bombas atómicas são inofensivas quando servem para fabricar electricidade.

26) Se não se estragassem, as máquinas não seriam humanas.

27) Um relógio divide-se em 12 fusos horários de igual intensidade.

28) Arquimedes foi o primeiro a provar que uma banheira podia flutuar.

30) No cinema mudo, os actores falavam com palavras que escreviam por baixo dos filmes.

32) Um litro de água a 20ºC + Um litro de água a 20ºC = 2 litros de água a 40ºC.

33) Os agricultores, nem sempre foram pessoas coléricas que queimavam pneus e batatas.

35) Victor Hugo escrevia livros para os pobres miseráveis.

37) A gramática não serve para nada porque é muito difícil de perceber.

40) A guerra dos 100 anos durou de 1914 a 1918

41) Uma biblioteca é como um cemitério para os livros velhos.

42) Nero servia-se dos cristãos para fazer lâmpadas, metendo-lhes fogo.cabula

43) A leitura permite ao homem tornar-se míope.

45) A leitura é feita para aqueles que não gostam de escrever.

Enviado por Fátima Mendes

26 de outubro de 2007

Em vez de PC’s, dêem-nos bússolas…

Não consigo entender a coerência de quem dita as leis na Educação. A quem não entende as nuances enigmáticas e as intenções delicadamente obscuras das reformas vigentes resta apenas obedecer cegamente.
E não me custa isso, meus senhores…
Porém, outra perplexidade se me depara: é que a minha obediência de ontem pode ser a insubordinação de hoje, para voltar a ser o acatamento de amanhã. E tudo sem me arredar um milímetro do que sou e faço.
Gostaria de poder ser obediente todos os dias, e não dia sim dia não.
Mas não enxergo como.
Sem bússola que me oriente, receio acabar por receber visitas na retrete e cagar no salão…

20 de outubro de 2007

Segundo o "31 da Armada", um strip-tease no Iraque pacificado.
Soldados americanos assistem, pacatamente, à exibição de uma bailarina. Uma bomba... ou mais...
Para ver aqui!

BE e PC estão piursos...

…mas o homem fez a festa, convidou os amigos, pagou as cervejas e já prometeu a assinatura para Dezembro, catano. Contrariá-lo agora seria como se um adolescente tivesse combinado uma tainada com os amigos e, ao chegar a casa, soubesse que os pais não o vão deixar sair. Seria um rude golpe na auto-estima do jovem, não?
Por isso Sócrates não pode permitir que se faça o referendo, pois corre o risco (mínimo, é certo) de lhe estragarem a festa em Dezembro. Mais seguro é, de facto, apoiar-se na maioria da assembleia...
Vá lá, cambada, deixem lá brilhar o chefe! Não creio que seja por essa extravagância do Tratado que iremos ficar mais F_ _ _ _ _ _ do que já estamos...

Telenovela Portugal

Sorry. Text submitted to inner censorship (in order to avoid outer "scissorship", which could be much more "shearing" for both post and author.

joao de miranda m.

12 de outubro de 2007

existencialíssima intriga

Por que incompreensível razão tenho que dizer que os meus textos não são meus para que os meus amigos os apreciem? Primeiro perguntam se é meu. "Claro que não, eu não seria capaz de escrever isso". Aí lêem e dão sonoras gargalhadas ou dizem "bem apanhada essa"...
Se alguém souber porque isto acontece, faça-me saber. Agradeço, mesmo que isso me deite definitivamente abaixo...

11 de outubro de 2007

"Pois lede agora, senhores,
Uma história de pasmar!
Foi no país dos doutores,
No concurso a titular."


Para ler integralmente, AQUI

7 de outubro de 2007

Da Avaliação do Desempenho

Espero ser perdoado pelo que penso sobre este assunto. E penso de um modo tão socialmente incorrecto que não disponho de eufemismos para o expor de modo aceitável. Mas deixo ficar uma percepção: acho que estou a ver um grupo de professores a trabalhar arduamente na prática pedagógica quotidiana, aguentando, que nem baluartes, a quotidiana indelicadeza dos jovens e dos seus pais, dando tudo de si em cada momento, no passado e no presente, para cumprir o seu dever com honra e brio; e um outro grupo (uma matula de oportunistas imprestáveis? Um grupelho de superintendentes, recém-chegado à soleira do poder?) de mãos nos bolsos, a vê-los trabalhar e a denunciar minúsculos erros pedagógicos nos seus deturpados e inúteis relatórios. Como fiscais da Câmara.
Poderia esta percepção ser verdadeira? Não, obviamente! Devo estar a tergiversar, pois, se assim não fosse, esta situação seria demasiado grotesca para poder ser tolerável.
O ensino vive hoje uma burocracite sem precedentes. Muitos iluminados (uns com luz própria e cintilante, outros recebendo essa luz de outros tantos fachos rutilantes) acreditam que toda esta comédia trará, finalmente, o sucesso às escolas secundárias.
Trará, certamente. Um sucesso de pechisbeque, falso como uma léria, porém sucesso como tantos outros...
Mas eu estou dentro de um cone de penumbra, onde nada vejo nem sou visto.
Ainda bem.
Procurando o poema "nos degraus de laura" de José Afonso, encontrei o blog do mesmo nome. Li um pouco, listei nos links e recomendo a leitura.
Aqui: "nos degraus de laura"
E também, por proposta de Rolo Duarte, "estrela do mar"

5 de outubro de 2007

o cinco de outubro e a implantação sexual

A Educação Sexual chegou hoje às escolas. Orientada superiormente por uns velhotes safados, ministrada por um grupo de professores intimamente ansiosos, que fizeram acções pos-laborais tardias, recebida por um grupo de alunos que a reclama há décadas…
Chegou, mas vem carregadinha dos vícios das outras disciplinas. Mal chegou, já se instalou com todo o aparato de uma disciplina curricular, com direito a avaliação e, numa situação de algum azar, a chumbo.
Já imaginaram um Aluno reprovado em Educação Sexual? Nem tentem. Sim, porque um chumbo a Matemática, a Física ou a Inglês, é um acto desculpável e até heróico, enobrecido aos olhos de prestimosas colegas. Qualquer garota se aprestará a fornecer compreensão, apoio e consolo a um rapazola que reprove naquelas cadeiras. Mas estará ela disposta a fazer isso, se ele reprovar em Sexologia? Não creio.
Pelas minhas contas, está a chegar aí uma disciplina que, finalmente, obrigará os rapazes a estudar, transformando-se, em poucos meses, numa disciplina tão odiosa como qualquer outra. Por causa da avaliação.
Mas afinal, como será avaliada esta nova disciplina? Terá aulas práticas? Terá prova oral, ou apenas vaginal? Qual será o peso da componente preliminar? Haverá o socio-afectivo, ou apenas o sócio? E, se o sócio for afectivo, poderá a sócia ser mais empedernida?
Quem reprovar nos preliminares será logo excluído da penetração, ou fará média? O trabalho de casa avalia-se pelo cansaço manifestado na aula seguinte? Que outros instrumentos se podem usar, para além do reconhecidamente apropriado?
E que perguntas fará o Professor?
- Em que ano foi o primeiro relatório Kinsey?
- Tem algum compromisso para esta noite?
- Estou satisfeito com o seu exame. Também foi bom para si?
- Para terminar o seu exame, diga-me só o seu número de telefone.
E o que escreverão as Professoras nas cadernetas?
- O seu educando não trouxe material para a aula prática de masturbação; expulsei-o por ejaculação prematura; dorme a fazer os exercícios de aplicação; é pouco convincente nos assédios; apresenta muitas dificuldades na produção de piropos; teve uma erecção de turma.
- Tem que ter paciência, sotôra. Sai ao pai…
É dia cinco de Outubro. Virá por aí mais república? Sim, e das bananas. Literalmente...

adeus, "causa"!

Todos falam nesse blog! O Rolo Duarte refere-o volta e meia e lê-lhe os posts, com altivez, na "Janela Indiscreta". Apressei-me a colocá-lo aqui. Chama-se "A Causa Foi Modificada" e é, assumidamente, um blogue de apoio à recandidatura de José Sócrates.
Li-o com atenção.
Apressei-me a retirá-lo. É demasiado mau. Tive medo da contaminação...


29 de setembro de 2007

Não é meu hábito promover aqui o trabalho de músicos e intérpretes, mas Mayra Andrade é um caso especial, um caso muito sério no actual panorama da World Music de raiz cabo-verdiana. Visite-a AQUI.

28 de setembro de 2007

O mais eficiente professor de jornalismo

Santana Lopes ensinou que nenhuma pessoa importante é notícia por si só. Para ser notícia, uma pessoa importante (ou não) precisa estar envolvida com um facto importante, sendo, definitivamente, facto importante aquele que, de algum modo, mexe com um colectivo e sobre ele pode agir no bom ou no mau sentido. Mourinho é, certamente, uma pessoa importante, mas não o é a sua chegada a um aeroporto. Uma proposta para resolver um problema partidário, ainda que proveniente de um cidadão comum, é, indubitavelmente, mais importante do que a chegada de um contingente de Mourinhos mais ou menos importantes.
Suponhamos, ainda assim, que tudo o que eu disse está errado e que o certo é, exactamente, o contrário disto. Neste cenário, continuo a defender que não se devia ter interrompido uma entrevista (seja qual for a sua classificação e o estatuto do entrevistado) para transmitir um não facto envolvendo uma pessoa por mais importante que ela seja. Em qualquer dos casos, seria previsível que, depois da interrupção, nenhum convidado reataria facilmente o discurso a partir do ponto onde ficou. Santana mandou-os à fava. E não poderia ter agido de outra forma.

PS. Se Santana Lopes não avisar, faço-o eu agora: vejam lá como tratam o próximo facto em que Mourinho está a conceder uma entrevista sobre as razões do seu abandono e Santana Lopes resolve, inopinadamente, fazer uma vaquinha no solário de Paulo Portas. Estou em crer que, se Mourinho for interrompido por esta reportagem no solário, perder-se-á na entrevista, a ponto de não saber mais quanto, verdadeiramente, auferiu com a negociata. E o serviço de informação será, mais uma vez, lesado.

27 de setembro de 2007

A mão esquerda do Mafarrico

Deus deu-nos o sol para alumiar o dia. E veio o diabo e deu-nos as cataratas. Deus deu-nos a lua para vermos de noite, e veio o diabo e trouxe-nos a menstruação. Deus deu-nos a noite para descansar e veio o diabo e inventou o despertador. Deus deu-nos a água para matar a sede e veio o diabo e criou a coca-cola. Deus deu-nos o sexo e o diabo inventou a impotência. Deus deu-nos as mulheres e o diabo fabricou as esposas. Deus pôs no mundo milhares de mulheres lindas para nós escolhermos, mas veio o diabo e deu-nos a nossa. Deus deu-nos o conhecimento e a sabedoria e veio o diabo e criou as escolas. Deus deu-nos professores bondosos, inteligentes e sábios, mas veio o diabo e criou os titulares.

Irredutivelmente enófilo

Envelhecer é uma merda (para os escatológicos). Uma porra (para os mais lúbricos). Para todos, é uma descida vertical, rápida e desprestigiante.
Não há nenhuma dignidade em envelhecer.
O único que envelhece com dignidade é o vinho. Se algum charme me assiste, ainda, neste mergulhar para a decrepitude, é do vinho que me vem. Por osmose gastroentérica.

23 de setembro de 2007

Welcome, Fall

Encontrei mais de 10 sites e todos te saúdam, melancólico Outono! Mas olha que não tive a certeza de que todos te desejam. És uma estação indecisa. (Os indecisos são malquistos neste mundo de despachos e deliberações on time). Se tiveres que te deixar pender para um dos lados, vê se te decides mais pela estação anterior do que pela próxima… (brrrrr).
Sê bem-vindo. Vens na hora certa, no teu equinócio, como sempre fizeste. Poucos te convidaram, desculpa a franqueza. És a conta do Verão sobre a mesa do Inverno. E há que pagar…

Imagem descaradamente roubada daqui

15 de setembro de 2007

A Pirâmide Invertida do Dragão

O sistema educativo começa, finalmente, a organizar-se. Em forma de pirâmide social, como convém, embora invertida: os alunos batem nos pais; os pais batem nos professores. Ficamos à espera do momento em que os professores batam na Ministra. Para cumprir a pirâmide, ora essa...
Odete Ferreira, escritora e autora do "Amirgã", comentou este post. Como considero esse comentário uma pequena pérola, resolvi dar-lhe maior visibilidade, trazendo-o praki, para a folha de rosto. Para que se entenda melhor, transcrevo também o post que lho provocou:


Sétimo Dia! Tal como Ele fez, descansei. Contemplei o que fiz e vi que não era bom. E fez-se tarde e manhã…



Tanta presunção, João!
Tantos ares!
Com Ele a comparação
Só se ajusta aos TITULARES!
Esses de letra maior
Que cantam grelhas de cor!
Os outros, os verdadeiros,
São ninguém, são os romeiros.