29 de junho de 2007

Este Cartaz é um Ás

Ainda há dias se era punido por se ter colocado um cartaz. Agora já se é punido por não se ter retirado, mesmo que não se tenha colocado.
A próxima punição será por se ter pensado em colocar um cartaz (mesmo não o colocando) e a seguir virá uma punição por se ter pensado em não o retirar, ainda que se tenha, na verdade, retirado.
O meu principal problema (que sou burro de nascença) é saber que cartazes devo manter e quais devo retirar. E ainda quais devo pensar que posso colocar (mesmo não colocando) e quais devo pensar que devo retirar (mesmo não retirando).


(E este post? Retiro, ou não?)

23 de junho de 2007

O lema “Deus, Pátria e Família” em versão vampiricoescatológica. Uma história de estranhos amores, um texto muito bem escrito. Aqui, no Dragoscópio.

O "Tralapraki" feito pelos seus leitores

O futuro foi, é e será sempre.


Que maravilha foi e é aquele telefone preto, com uma pequena manivela que nos punha em contacto com as meninas das cavilhas e nos abriam a porta do mundo e do futuro. O teu avô, companheiro, foi um homem realizado e informado que acompanhou a transformação da manivela em disco que lhe permitia discar a numero de destino, e depois em teclas, mais fácil de premir e comunicar. Grande felicidade e grande alegria a do teu avô. Repara, amigo, que é no DNA do teu avô que reside a informação, que hoje dá origem à tua sede de saber e à nostalgia de não chegares mais longe. Pensa que maravilha foi o futuro do teu avô, e agora o teu, quando tens todo um batalhão de meninas das cavilhas aí nessa nova máquina que te permitiu mandares uma mensagem a perguntar se almocei bem … ou quê.
Mas a verdade do futuro, que o teu avô e pai te transmitiram, é a amizade e a solidariedade que muitas vezes se perdem nesse intricado complexo dos saberes, muitas vezes fingido, mas que permitem aos incompetentes ascenderem a titulares.
Tu companheiro és sábio, amigo e pensador …. Graças ao DNA do teu avô.

pensado e trazido pelo
Zé Coimbra

vem aí o futuro, e eu aqui

(imagem tirada daqui)













Uma das muitas melancolias que me acometem é a percepção de que hei-de morrer sem conhecer nada do que me seria essencial, mas apenas vislumbres translúcidos do que poderá vir a ser o saber do século XXI. Os afortunados que assistirem ao dealbar dos saberes que este século lhes reserva terão um conhecimento do mundo, da vida e de si mesmos nunca antes alcançado.
Resta-me uma consolação, declaradamente pobre, embora: a de que esses sábios do século XXI, para incorporarem todo o conhecimento que os espera, irão esquecer aquele a que eu tive direito durante a segunda metade do século XX.


Li aqui um texto no mínimo curioso, sobre a blogosfera. Já todos tínhamos pensado nisso, mas não sei por que não fui eu a escrevê-lo.
É isso aí, companheiro...

22 de junho de 2007

Respondendo a "Paideia"

Educação e Coesão Social

“Um dos maiores desafios do novo milénio consiste em promover e manter a coesão social perante a rápida globalização.Reconhece-se hoje que as novas tecnologias trouxeram mais oportunidades de interligação, através das viagens, do comércio e das comunicações; todavia, a globalização produz forças centrífugas susceptíveis de deslocar ligações tradicionais, de fragmentar as sociedades e de acentuar conflitos e divisõesA promoção da coesão social através da educação voltou a emergir como um objectivo político importante em muitos países durante a última década, embora o conceito de coesão social não seja perfeitamente claro nas suas componentes, nem se saiba exactamente como é que a educação influencia a coesão social.Ao certo sabe-se que Portugal, ao contrário da Noruega, da Holanda, do Japão, da Finlândia e da Itália, se encontra entre os países em que a condição económica e o status das famílias têm uma maior influência na desigualdade de oportunidades e é o país em que as desigualdades são mais acentuadas, de acordo com diversos relatórios recentes da UNESCO, da OCDE, e da Comissão Europeia.”

("paideia: reflectir sobre educação")


Nenhuma sociedade foi coesa em tempo algum, ainda que por pouco tempo. Uma sociedade coesa significaria uma sociedade sem conflitos internos ou externos, uma sociedade sem classes, sem individualismos, sem originalidades e sem opinião.
Não cabe à Educação encetar um tal caminho, isto é, um processo tendente a uma verdadeira coesão social, a menos que aquela (a Educação) se tornasse rigidamente confessional. Não lhe cabe tal projecto e ela não o conseguiria de forma desejável.

Nem mesmo Marx alguma vez se atreveu a afirmar que o comunismo, uma vez implantado, nos traria essa placidez total, essa coesão permanente, tão grata a quem coube a ventura ou a desdita de ter que viver em sociedades instáveis e tumultuosas. Uma educação que promovesse a coesão social teria, inevitavelmente, que encorpar um processo normativista, eticista, valorativo e fundamentalista.
A Globalização fez-se para isso, proclama-se disso, mas fracassou nesse intento. Mais depressa fracassaria a Educação.
A última parte do belíssimo texto de "paideia", que transcrevo acima, afirma não saber ao certo qual a razão por que em Portugal a pobreza das famílias condiciona tanto as oportunidades de sucesso. Modéstia da paideia. Todos sabem que só um sistema educativo coerente, nacional e inteiro poderia zelar para que se aplanassem as discrepâncias de oportunidades. Mas um tal sistema é muito caro e já há muito tempo que foi esfarrapado...

21 de junho de 2007

quase tudo sobre plastiquinho e plástico bolha

Será que é normal deixar ficar aqueles plastiquinhos que protegem os visores dos celulares ou dos ipods? Ou será normal arrancá-los de imediato? Quer uma quer outra atitude podem traduzir graves desregramentos comportamentais. Está quase tudo aqui, e aqui. Assunto sério.

fruta e saqué

Isto que aqui vêem é uma pêra. Tem formato de maçã, sabor de nada e cheiro de coisa nenhuma. Comi uma dessas hoje ao almoço. Eu sei que é preciso viver em um outro plano de transcendência para poder colher o aroma ou o sabor da fruta que não os tem. Mas esta abusou. E, reparando com mais atenção (tanta quanto mo permitiu um Douro tinto, Vinha de Mazouco, 13.5, 2005), fiquei a saber que a pêra com forma de maçã e sabor de coisa nenhuma, era, na verdade, uma pêra asiática, produzida no Chile. Terão sido produzidas, pelo menos, 4408 peras/maçãs destas, a acreditar no número que ostenta (o exemplar que eu devorei era o 4407). Depois do Mazouco, tudo parece possível, mesmo que o Chile seja um país asiático produtor de peras japonesas com o mesmo sabor daquele seu saqué insuportavelmente insípido.

Casualmente tropecei nisto, vindo do outro lado do Atlântico. E gostei. Traz o encanto do Brasil. Há mais textos divertidos. Tomem lá esse endereço.

Chegou hoje...

“Sê bem-vindo, primo. Todos estão à tua espera. Porta-te bem, não queimes muitas matas, não chovas demasiado, não mates muitos velhos. Despede-te decentemente da prima Vera. Boa estada.”

20 de junho de 2007

- Não acho bem que, depois de terem alargado o debate sobre a câmara de Lisboa à escala nacional, não deixem votar, por exemplo, os gandarezes, os minhotos, os tripeiros, os cagaréus, os futricas, etc. Acho que todos deviam votar para a Câmara de Lisboa. Lisboa não é como os Carapelhos ou as Cochadas ou a Mamarrosa, porra. É a capital do Império. De Serapicos a Burgau, de Bufanoa a Monterecos, todos temos um pouco a ver com aquela espelunca (espelunca, no bom sentido, claro está).
Está um tipo já todo vestidinho com o fato de votar e fica a saber que não pode, que a festa é só para os lisboetas.
Ná. Devia ser como o aborto que é só nos hospitais privados, mas toda a gente votou, mesmo os dos públicos…

16 de junho de 2007

Concordo com Carlos Magno ("Exercício do Contraditório" Antena 1, ontem, Sexta-feira) em absoluto. AlcochOta é uma boa opção para o aeroporto. E mesmo o Santuário de Fátima, pensando bem, também é outra boa proposta. Não foi lá que aterrou a nossa Senhora?

15 de junho de 2007

As Desastradas Tretas do "Trala"

Ainda a boca de Charrua

Vou ter que escrever outra vez sobre isto, mas faço-o pela última vez, e não adianta pedir.
Estamos a ser governados por uma cambada de vigaristas e o chefe deles é um filho da puta” - dizem que disse o Dr. Charrua.
Mas isto não é nenhum insulto, bolas!... Uma “cambada” é uma enfiada, um colectivo de indivíduos unidos por uma camba (do Celta “camb”, uma peça de uma roda).
Vigaristas” são seguidores de um vigário ou vicário (um venerável pároco).
E como se pode insultar uma cambada? É como insultar uma manada ou uma récua, ou uma vara. [Nunca percebi por que se chama vara (colectivo de porcos) a uma comarca judicial ou parte dela. Isso sim, é deveras injurioso e nunca ninguém se mexeu].
Verdadeiramente, não é possível insultar um colectivo. Um colectivo não é um corpo indivisível, uma só alma, uma só sensibilidade. A besta A da récua poderá sentir-se enxovalhada, mas isso poderá não acontecer relativamente às bestas B e C. Insulto com valor de afronta tem que ser individual. Se eu disser que os portugueses são uma cáfila, ou uma corja (uma corja são vinte, é claro) ou mesmo uma súcia, não estou a incorrer em crime de injúria, ou vitupério, ou ultraje, ou como raio se venha isso a chamar.
Já a lusíssima expressão “Filho da Puta” pode, eventualmente, indicar um descendente de alguém que não tem bem feitas as suas contas com o fisco. A maioria daquelas profissionais não paga irs ou irc e esses encargos poderão vir a recair sobre os respectivos filhos. Esta situação é deveras insultuosa.
Não importa a profissão da mãe, mas evasão fiscal é crime, caramba.
Logo, o que o Professor Arado disse foi, na verdade, isto:
“Estamos a ser governados por um grupo de seguidores de um vigário e o chefe deles é um descendente de uma profissional que poderá, no limite, estar em falta com os seus deveres fiscais."
E, vendo bem, não disse nada pouco, chiça…

As Desastradas Tretas do "Trala"

Época de Transferências

Com a destruição do sistema educativo, a autonomia das escolas e a previsível promiscuidade entre câmaras municipais e estabelecimentos de ensino, estes deixar-se-ão rapidamente invadir pela filosofia dos clubes de futebol.

Não tarda um fósforo apagado que não assistamos a notícias sobre importantes transferências, negociadas entre directores que quererão, compreensivelmente, dotar as suas escolas das melhores equipas pedagógicas, para enriquecer as respectivas SADs.*
O ponta-de-lança de Matemática, Dr. Cateto F. de X., foi comprado pela B.2/3 de Odemira e a António Arroio vendeu o seu médio de Geometria Descritiva.
Com estas transferências nos respectivos planteis, estas duas escolas acreditam poder conquistar uma boa classificação no próximo campeonato lectivo de 2009/2010.

* Como se sabe, a sigla SAD (de qualquer clube ou escola secundária) significa Seasonal Affective Disorder, ou seja, Desordem Afectiva Sazonal, ou seja ainda, a completa loucura colectiva que ocorre em determinadas épocas do ano, como, por exemplo, a época das transferências... ou os momentos em que o Governo resolve tomar medidas sobre Educação.

12 de junho de 2007

Um sapo no farol (é pó, Ema!)

Dia de sol na praia da barra,
Inúmero o som lancinante do sal,
A pino um farol sedento de vaga,
Para sul um futuro de fel e de mal.

Um sapo pachorra subiu ao farol.
Olhou de soslaio o país turístico,
Perdido na bruma de um mal bemol
E findou o poema compondo este dístico:

Lá vai o poema lá vai o país.
Cá fica o farol, já vi o que quis.

(E desceu aborrecido)

Aperta-se o cinto...

... mas alarga-se a banda.
Cintos apertados e bandas largas para todos. A seguir vêm as bandas gástricas. Mas das largas...

1 de junho de 2007

um thriller pouco virtual

Ambíguo e, sobretudo, arrepiante este texto do "31 da Armada".
O “poder da rua”, definitivamente enfraquecido pelo falhanço da greve geral, vai permitir ao governo socialista, em definitivo, fazer as reformas que se impõem, gozando duma oportunidade que seria imperdoável desperdiçar. Isso mesmo. Agora, com o poder da rua moribundo ou definitivamente morto, será finalmente possível destruir todas as pequenas conquistas das massas trabalhadoras (pequenos empecilhos à modernidade e ao desenvolvimento). Agora será possível, definitivamente e sem reserva mental nenhuma, acariciar a barriga dos capitalistas com reformas a favor do grande capital e do liberalismo mais opressor que o governo dos ricos possa forjar. Arrepiante de mais? Definitivo de mais, pelo menos...