28 de dezembro de 2008

Toca a reunir

macaco Ao longo desta interrupção de aulas, os Conselhos Executivos não estiveram parados. Um deles reuniu por causa de uma pistola de plástico e uma pequena chantagem de alunos sobre uma professora porreiraça. Outros, nomeadamente na região centro, reuniram para discutir a problemática da avaliação dos professores. Muito bem. Parece uma atitude razoável, consuetudinária. Mas por que carga de água eu não me sinto descansado? Por que carga de água estou tão inquieto? Por que carga de água não consigo repousar sereno sobre a notícia? Por que carga de água só me dá para este pessimismo tão irreflectido e vago?

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Feliz Ano Novo

reveillon - Como se escreve reveillon? - Não sei. - E Feliz Ano Novo? - Não sei, mas é com letra grande. - E crise? - Sei lá. - E luta? Como posso saber? - E sobrevivência? - Nem imagino...

Olhem, vivam um dia depois do outro, acordem sempre com o céu da boca húmido e limpem as vossas cabeças de definições, de saberes, de gramáticas. Sejam apenas e cumpram a vida. Como os pássaros. 2009 não resistirá a isso e sorrirá um pouco…

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22 de dezembro de 2008

A palavra dos outros

marx A propósito da ressurreição de Marx

Comecemos pela escolha do próprio Marx como aquele a que se "regressa" sempre que há uma crise da economia capitalista, acompanhada por um sentimento popular de sempre, que já existia na Roma antiga, contra o dinheiro e os ricos, e que agora se intitula "anticapitalismo popular"”.  (Abrupto, 22 12 08)

Pacheco Pereira, lúcido como sempre, aborda aqui a questão do medo de Marx, ou da esperança em Marx, ou da hipotética alternativa do Marxismo ao Liberalismo mundial. Também eu, na minha ignorância, tenho vindo a reanimar Marx, Engels, Rosa Luxemburgo, Proudhon e tantos outros, mal rebentou esta sintomática crise financeira. Mas é óbvio que não comungo do optimismo absurdo de que o capitalismo vai cair por si um dia destes. E não me lembro de ter ouvido nenhum daqueles autores ostentar, alguma vez, tamanha confiança…

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21 de dezembro de 2008

Minudências minhas (2)

CASA GANDAREZA A casa

Moro dentro de uma coisa a que dificilmente se poderia chamar casa. Húmida, velha e fria, todas as condições de habitabilidade lhe passaram ao lado. Com quase duzentos anos e uma construção tosca de amadores, hoje não seria aprovada pela Câmara. E, no entanto, viveram nela até agora quatro compridas gerações, sempre apinhadas à volta da sua característica principal – a enorme lareira.

Quando eu me for, ela ficará aí, abandonada sobre a areia gandaresa, talvez semi-inundada por um mar cada vez mais perto, cada vez mais alto…

A minha casa entrega-se ao destino sem um gemido. E, no entanto, cumpriu denodadamente a sua função: Quando a minha mãe morreu, ficou ela, mitigando dores e afagando tristezas. Depois foi-se o meu pai e ficou ela, preservando memórias e acendendo novos lumes para aquecer restos de vida que me sobraram…

Não tenho dúvidas da identidade absoluta que nos une: eu sou ela e ela é eu. Simbioticamente amparando-nos...

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20 de dezembro de 2008

Pina e a sopa de pedra

sopadepedra António Manuel Pina escreveu algures que o processo de avaliação dos professores é uma sopa de pedra ao contrário. A ministra foi subtraindo ingredientes até ficar só com a pedra. De facto, o símile está notável, como quase tudo o que sai da pena do escritor jornalista. Não li o artigo, mas se Pina não tira também a pedra, correremos o risco de ainda sobrar coisa demais do modelo de avaliação inicial. Quem me diz a mim que a pedra não engendrará, por si só, outro modelo semelhante? Há pedras parideiras e esta, ensopada que ficou de tanta malevolência e de tanto acinte, pode muito bem contaminar qualquer novo ingrediente que se ponha numa qualquer novíssima panela que, em breve e fatalmente, se derramará sobre nós.

(Que venha antes canja. Cautela e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém...)

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18 de dezembro de 2008

Ouvido aqui e ali

alentej Dois Alentejanos à saída da tasca:

- UMKCTI?

- UTQ?

- UMKCTI.

- UTKCTI?!  NAC.

(Sabe traduzir isto? Tente lá...)

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17 de dezembro de 2008

Minudências minhas (1)

minudenciasminhas A pele       

A minha pele inquieta-se todos os dias. Inquieta-me. Não tenho mais idade para isso. Mas ela teima em aflorar-se, florir-me, implorar a flor de outras peles em flor. E eu não tenho mais idade para flores à flor da pele. A minha pele deveria estar quieta, como uma pele razoável, no razoável declínio da saída… Esta pele é parva, ou quê? Que pateta de pele me arranjou a vida…

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13 de dezembro de 2008

Precipitação? Não, é ódio mesmo…

Professores Não tenho coragem de lhe chamar uma medida idiota. (Tenho família para sustentar e preciso do meu emprego). Também não será uma medida precipitada. Se há medidas que nunca me pareceram precipitadas foram as da Senhora Ministra da Educação. Mas a Senhora em questão, apoiada por um governo também muito pouco precipitado, publicou hoje mesmo a derradeira decisão: os professores têm, a partir de hoje, sábado, cinco dias para decidir sobre um pequeno set de opções, como, por exemplo, se querem aulas assistidas ou não e qual a calendarização para inserir os itens da sua avaliação. Ouviram bem. A Ministra está farta de esperar e, num último fôlego, (espero que seja realmente o último), dá agora cinco dias para os professores decidirem, rápido e em força, sobre as suas vidinhas.

Tudo bem. Mas acontece que eu estou agora, e durante os próximos cinco dias, a trabalhar na avaliação dos alunos, assunto sério que não me deixa tempo nem disponibilidade para pensar sobre a minha própria avaliação. Portanto, a Senhora Ministra da Educação não tem outro remédio senão dar-me outros cinco dias a partir do dia cinco de Janeiro, já que, até lá, para além do meu dever de avaliar bem os meus alunos, não vou fazer nem mais um c_ _ _ _ _ _, como diria qualquer operário fabril das Caldas, às cinco da tarde.

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Feliz Natal

V1glfxmasani24 Desejo a todos os que, por mero acaso, passem por aqui, e aos outros poucos que este local demandem voluntariamente, um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de alegrias, saúde e trocos para a bica.

 

(Imagem daqui)