27 de setembro de 2008

A palavra dos outros

sistema educativo O “Movimento Mobilização e Unidade dos Professores” cristaliza aqui alguns dos argumentos contra muitas das palhaçadas que dia a dia se vêm infiltrando, de modo mais ou menos clandestino, no Sistema Educativo Nacional.

 

 

(Imagem tirada daqui)

Repescando tralices

clock3 José Manuel Pureza dizia ontem de manhã a Eduarda Maio, no “Conselho Superior” da Antena 1, uma coisa tremendamente parecida com a tralice que hoje vos relembro. Foi publicada em 10 03 2007 e está aqui.

Metamorfose do pastor João Efémero

cordeiro Numa única noite, João Efémero passou de pastor a carneiro. Já pela madrugada, o seu cérebro encurtou e ali se aninhou entre dois chifres retorcidos. Perdeu, num ápice, flauta e lancheira. Tufos de lã shetland woolmark benetton cobriram o seu corpito deturpado.

(Como outros carneiros da Tradição, também João Efémero acha agora que veio para tirar os pecados do mundo…)

(Imagem tirada daqui)

21 de setembro de 2008

Still time to repent…(?)

arrependimento_apatia[1] A Ministra da Educação apostou e temo que tenha ganho.

De olhar desconfiado, como muitos outros, me movo agora pelos corredores do que dantes era uma escola. Esta escola de antes mudou de esquina, mudou de hábitos, mudou de paradigma. A Senhora Ministra da Educação, tão periclitante o ano passado (para se estatelar faltou-nos só um golpe de asa e um pouco mais de subversão), reafirmou-se na cadeira do poder e está a convencer metade dos intervenientes do sistema educativo de que as suas políticas sempre foram meritórias. Abana o seu sucesso fictício como se de um sucesso verdadeiro se tratasse. E poucos se levantam já para a contrariar. Muito em breve todos acreditaremos, mesmo os mais cépticos, que fomos mesmo capazes de resolver o problema do insucesso e do descalabro do sistema educativo. Já só falta que um bom grupo de professores passe incólume pelo seu sistema de avaliação para que todos nos esqueçamos, pesarosos e arrependidos, de tudo o que se fez no passado, incluindo aquela passeata festiva pela Avenida da Liberdade. Será que os professores se transformaram na corja que a Senhora Ministra sempre soube que eles, realmente, eram?

(Imagem tirada daqui)

14 de setembro de 2008

O país da cambada

corderosa O tralapraki já tem estatuto suficiente para tratar do social light, da imprensa dos desocupados, enfim, de todos os palhaços famosos que diariamente desfilam emproados diante dos nossos olhos boquiabertos (uma vez vi uma foto que tinha bocas no lugar dos olhos). “O país da cambada” é a nova rubrica que poderá passar por aqui com alguma regularidade, muito mais que aquela que todos desejariam, inclusive eu.

Caso para hoje: Uma tal de Zulmira Ferreira, que eu nunca tinha visto e que ao princípio confundi com Manuela Ferreira Leite, diz na “Fronhas” o seguinte: “A mala está sempre pronta e onde o meu marido for, eu vou…”

Não sei a que marido esta senhora pertence, mas prezei descobrir que os há ainda mais azarados do que eu…

(Imagem tiradad daqui)

11 de setembro de 2008

Coisas giras por email

Palavra aos outros

tristeza "Fui professor durante 37 anos na Escola P. Francisco Soares de Torres Vedras e reformei-me em Janeiro passado. Hoje, dia 1 de Setembro, senti necessidade de voltar à escola para dar um abraço solidário aos meus colegas.

Num expositor da Sala de Professores deixei este texto, que partilho agora com o grupo mais alargado dos leitores deste blogue, cujo mérito tenho divulgado sempre que posso.

CARTA ABERTA AOS MEUS COLEGAS PROFESSORES

Pela primeira vez em muitos anos não retomo a actividade docente no início do ano lectivo. Mas não o lamento e é isso que me dói. Sempre disse que queria ficar na escola mais alguns anos para além do tempo da reforma, desde que tivesse condições de saúde para tal. Contudo, vi-me 'obrigado' a sair mais cedo, inclusivé aceitando uma penalização de 4,5% sobre o vencimento.

Não sou protagonista de nada: o meu caso é apenas mais um no meio de milhares de professores a quem este Governo afrontou. Só quem não conhece as escolas e tem uma ideia errada da função docente é que não entende isto.

É doloroso ouvir pessoas que sempre deram o máximo pela sua profissão, que amam o ensino e têm uma ligação profunda com os alunos, a dizerem que estão exaustas e que lamentam não serem mais velhas para poderem reformar-se já. Vejo com enorme tristeza estes colegas a entrarem no ano lectivo como quem vai para um exílio. Compreendo-os bem…

Este estado de coisas tem responsáveis: são a equipa do Ministério da Educação e o Primeiro-ministro. A eles se deve a criação de um enorme factor de desestabilização e conflito nas escolas que é a divisão artificial da carreira docente entre 'professores titulares' e os outros que o não são. Todos fazem o mesmo, a todos são pedidas as mesmas responsabilidades, mas estão em patamares diferentes, definidos segundo critérios arbitrários. A eles se deve um sistema de avaliação de desempenho que não é mais do que a extensão administrativa daquele erro colossal. A eles se deve a legislação que não reforça a autoridade dos professores na escola, antes os transforma em burocratas ao serviço de encarregados de educação a quem não se pedem responsabilidades e de alunos a quem não se exige que estudem e tenham sucesso por mérito próprio.

No ano passado 100 000 professores na rua mostraram que não se conformavam com este estado de coisas. O Governo tremeu. Mas os Sindicatos de professores não souberam gerir esta revolta legítima.

Ocupados por gente que não dá aulas, funcionalizados e alienados pelo sistema, apressaram-se a assinar um acordo que nada resolveu, antes adiou um problema que vai inquinar o ano lectivo que hoje começa. Todos os que podem estão a vir-se embora das escolas, é a debandada geral. Gente com a experiência e a formação profissional de muitos anos, que ainda podiam dar tanto ao ensino, retiram-se desgostosos, desiludidos, magoados. Deixaram de acreditar que a sua presença era importante e bateram com a porta. O Governo não se importa, nada faz para os segurar: eram gente que tinha espírito crítico e resistia.

«Que se vão embora, não fazem cá falta nenhuma!»

Não, não tenho pena de não voltar à escola. Pelo contrário: entro em Setembro com um enorme alívio. Mas não me sinto bem. Estou profundamente solidário com os meus colegas de profissão e tenho a estranha sensação de que os abandonei, embora saiba quanto isso é pretensioso da minha parte. Vejo com apreensão e desgosto que, trinta e sete anos depois de começar a ser professor, a escola não está melhor.

Sim, regressarei hoje à escola. Mas só para dar um imenso abraço àqueles que, corajosamente, como professores no activo, enfrentam um novo ano lectivo."

                                             Torres Vedras, 1 de Setembro de 2008

                                                             Joaquim Moedas Duarte

(Enviado por Paula Leitão)

(Imagem tirada daqui)

9 de setembro de 2008

O que pretende fazer este ano para melhorar a escola?

logotipoPUBLICO O Público lançou o repto. Quer saber a opinião de 100 professores sobre a pergunta que coloquei como título. Não me fiz rogado e respondi logo, assim:

Nada! Este ano não vou poder fazer nada para melhorar a escola. Devo esclarecer que isso não me orgulha. É, pelo contrário, muito decepcionante. Gostaria imenso de poder contribuir para a melhorar, mas a verdade é que ela, depois da corajosa reforma educativa por que passou recentemente, está absolutamente perfeita e, portanto, teoricamente impermeável a qualquer melhoria…

6 de setembro de 2008

4 de setembro de 2008

Coitado do homicida...

dar aulas Hoje cedo, na revista da imprensa, RTP1:

“Condenado por homicídio foi libertado da prisão e colocado para dar aulas...”

Coitado do homicida! Já sabemos que um homicídio é uma coisa muito feia, mas a pena é, de facto, excessiva. Até concordo com a pena de prisão perpétua para um homicida, mas pô-lo a dar aulas é desumano.     

(Imagem tirada daqui)