28 de abril de 2012

A História da Patifaria Portuguesa

… a que autores mais circunspectos chamaram sinmplesmente “Os Donos de Portugal.

Donos de Portugal from Donos de Portugal on Vimeo.

   Post 832  

25 de abril de 2012

miguel portas sempre

380333Adeus Miguel. Grande parte da Revolução Portuguesa morrre hoje contigo. Mesmo os nossos amigos, os que hoje, na tribuna, ainda lançam um último estertor de resistência contra o capitalismo da miséria, não sabem exactamente como fazê-lo. Só tu parecias saber. Mas já não sabes nada e o que nos ensinaste será esquecido amanhã.

    Post 831          (Imagem daqui)

14 de abril de 2012

uma rádio do caraças…

trala radioOs muito entendidos que me desculpem, mas pode haver quem não saiba e que, ao mesmo tempo, ache interessante. Na aba lateral deste blogue há uma frame denominada “Tralapraki Radio”. É uma radio que permite baixar e guardar  as músicas (primeiro botão), partilhá-las (segundo botão) e mesmo copiar o player e colá-lo em qualquer parte, por meio do código html que se obtém clicando o terceiro botão. São cinco canções por semana. Mudo o cardápio de oito em oito dias. Passa só boa música, não tem José Candeias nem notícias sobre cortes salariais aos pobres, nem sobre escândalos financeiros de ricos. É, por assim dizer, uma radio reaccionária e situacionista, mas cheia de boas intenções. Para a ouvir basta desligar a rádio automática do blogue (Classica & Jazz.pt) que fica um pouco mais abaixo, e depois clicar no play.

PS. Se a rádio não aparecer na aba, basta clicar com o botão direito sobre o espaço onde ela deveria estar e seleccionar “Recarregar Frame”.

     Post 829      (Imagem do blog)

13 de abril de 2012

Bifes e apartamentos ou o romance da grafonola (parte 2)

Capturar grafonola

 

Agora, para descrever o Acácio Rebelo com a mestria que merece, seria necessária mão mais firme e olhar mais penetrante do que o meu

(continuado de 24 de Março de 2012)

 

 

   Post 828   (Imagem daqui)

Pois, descrever um rádio é fácil: dois botões, um altifalante, uma caixa de baquelite, um olho mágico, um sortilégio. Mas, e descrever o Acácio Rebelo, nado e criado na aldeia de Izeda, a uns quantos quilómetros do centro populacional e civilizacional mais próximo – Macedo de Cavaleiros? Acácio tinha muito mais botões, falava muito mais alto,  usava uma samarra de gola de raposa em vez de baquelite, tinha dois olhinhos mágicos prazenteiros, envidraçados por cangalhas fora de moda e tê-lo conhecido foi sortilégio maior do que qualquer aparelho de rádio.

Como ficou dito, o Acácio não era pobre. Recuperava casotas em Vila Flor e em Macedo e, com o dinheiro proveniente deste trabalho, empilhava andares incaracterísticos em todo e qualquer espaço que lhe parecesse habitável. Tinha um Jeep luminoso, sempre estacionado em frente do seu estaminé de electrónica, um par de suspensórios medonhos que lhe arrepanhavam as calças no traseiro, uma barriga despudorada e uns permanentes chinelos de camurça esverdeada.

Porém, a característica mais proeminente da minha personagem não era física. Era a sua incessante, quase demente, busca da felicidade quotidiana. Mas não a procurava no dinheiro, nem na família, nem no negócio,  nem na amistosa flatulência que ostentava em praticamente todas as ocasiões sociais, sobretudo as mais delicadas e festivas. A felicidade suprema encontrava-a ele apenas numa coisa: uma boa piada, várias boas piadas, de preferência. Uma piada, ainda que não fosse um modelo de humor incondicional, sempre lhe arrancava fundas e sadias gargalhadas, cheias de alegria e anidrido carbónico. Dir-se-ia que Acácio Rebelo passava a vida à procura de humor, como outros a passam à procura de chatices…

Ah, sei bem que não consegui descrever o Acácio. E sei que muitos de vós, meus caros leitores, vos sentistes defraudados perante a minha descrição, a ponto de pensardes em abandonar definitivamente os escrevinhados deste vosso cervo servo. (Ainda se usa a segunda pessoa do plural?). Mas foi o que se pôde arranjar com as poucas palavras que me restaram dos recentes cortes lexicais…

                    (Cuidado, isto vai continuar)

11 de abril de 2012

Conjuntura sistémica

aula substIgnoram a tua presença. Desprezam-te. Se lhes diriges a palavra no sentido de repor alguma decência, gozam-te. São uma turma, uma chusma, um bando, tão vara quanto récua. No entanto, há um momento em que te sentes útil: um deles chama-te lá do fundo do caos. Perguntas educada e esperançadamente o que deseja. Ele responde com uma pergunta: posso ir à casa de banho?

Não era bem o que desejavas ouvir, mas já há muito tempo deixaste de ouvir um décimo do que desejarias ouvir. E um pedido para utilizar as instalações sanitárias é, no mínimo, um pedido higiénico. Com certeza, amigo, podes ir. E encerras aqui a tua profunda reflexão sobre a utilidade e objectivo das aulas de substituição, sobre a utilidade e objectivo do sistema de ensino, sobre a utilidade e objectivo da tua vida. Sais quando toca, diriges-te ao bar e inundas a garganta de bolos e de café, antes que o teu esófago expluda num segundo big-bang, com lavas de indignação e big-mac…

  Post 827      (Imagem daqui)

3 de abril de 2012

Sessenta obsessivos

Não me tinha ainda apercebido que seria tão difícil saber alguma coisa acerca de Deus. Para além das histórias mais ou menos flutuantes que a humanidade criou, durante milénios, acerca dEle, sempre achei que um dia alguém me pudesse contar, com contornos de verdade e de rigor, sobre quem é Deus, onde vive, qual o seu estado civil e quem Lhe passou a carteira profissional de construtor das esferas.

Aos sessenta anos de idade, saber sobre Deus não é mais um acto académico de pura especulação intelectual. Aos sessenta anos, saber da existência e da identidade de quem nos criou torna-se tão urgente como, aos dezoito, saber quem é, e para onde fugiu, o nosso pai biológico. Se este conhecimento é tão importante para a nossa vida, aquele é importante demais para a nossa morte. O nosso papá biológico é útil para o colocarmos entre nós e o perigo. O nosso Pai do Céu passa a ser imprescindível para nos agarrarmos às suas calças quando cometermos o mais fatal e idiota dos deslizes….

Tornou-se, pois, uma quase obsessão acreditar em alguma verdade absoluta sobre Deus, mesmo que essa verdade absoluta seja a mentira mais refinada. Conhecer esta verdade deixar-nos-á imensamente mais tranquilos, reduzindo o sono final a uma condição de sono quotidiano, com uma madrugada no dia seguinte, com sol e chuva e flores e mulheres e almoços.

Na Internet não há nada de novo sobre Deus. Apenas se diz por lá aquilo que já toda a gente sabe: que eu era nada e Deus fez de mim o que eu agora sou. E o mais intrigante é que Ele fez isso sem sequer ter sido enquadrado judicialmente. Este facto é o único que me demonstra todo o poder que Ele, de facto, tem. Qualquer trabalhador indiferenciado teria apanhado uns bons anos de cadeia se tivesse produzido, mesmo sem querer, uma peça igual a mim.

Não se explica na Internet a razão por que Deus me recolhe de novo no fim, quando eu voltar a ser o que era antes de ele me transformar, ou seja - nada. Provavelmente, é nessa perspectiva de reciclagem que Ele reutilizará o meu nada para fazer, a partir dele, outro falhado qualquer, na esperança de um dia acabar por acertar.

Aos sessenta anos, saber tudo sobre Deus tornou-se obsessivamente primordial. Por isso, deixo aqui um avisado aviso às pessoas normais e escorreitas, ainda portadoras de algum equilíbrio neurológico: não visitem o Trala nos próximos dias, pois voltarei a este assunto. Obsessão pega-se!  

(Imagem daqui)           Post 826