29 de dezembro de 2007

Humor e testosterona

Estudo recente anuncia que os homens têm muito mais piada que as mulheres e que isso se deve à secreção testicular de testosterona. Realmente, sempre tive muita dificuldade em me rir de uma mulher, por mais hilariante que digam que ela é.
A fazer fé na teoria (agora comprovadíssima) da relação unívoca entre o sentido de humor e aquela secreção escrotal, é possível desde já inferir que a progesterona deve ser a secreção ovárica da tragédia. Quanto mais feminina, mais amargurada e sinistra uma criatura deve ser! (Não possuo prova experienciada desta hipótese porque nunca conheci nenhuma mulher que fosse realmente feminina).
Deve então ser por isso que, colocados, por exemplo, diante de um país como este, temos machos em grandes grupos a rir às gargalhadas das medidas sucessivas de sucessivos governos, enquanto mulheres profundamente femininas, oriundas do mais pistiloso gineceu que se possa imaginar, carpem mágoas e choramingam tristezas que dá dó.
Tudo muito claro, tudo muito bem. Mas, de repente, acomete-me uma dúvida inconveniente: quando eu deixar de produzir testosterona (nada dura para sempre, e testosterona deve ser, como o petróleo, uma energia não renovável) deixarei de saber rir das adversidades que tanta gente pretende semear na minha já tão precária vida?

27 de dezembro de 2007

Quem é Otelo Saraiva de Carvalho?
Deve ser algum hotel de 5 estrelas, acho eu...
Veja o que por AQUI vai!

26 de dezembro de 2007

Obrigado ao J.C. (China Sweet China) por me mostrar isto.

palavras mágicas

Voltei à missa!
Bem, a expressão não é rigorosa. O que aconteceu é que consegui assistir à missa de Natal pela televisão. Inteira, como mandava o catecismo:“ouvir missa inteira e abster-se a trabalhos servis aos Domingos e Festas de Guarda”. E ouvi-a pavorosamente desperto (“vigiai, pois nunca sabeis o dia nem a hora”), pela primeira vez em quarenta anos. Já tinha feito outras tentativas antes, sempre à procura daquela magia do Latim que ninguém alcançava, nem mesmo o próprio padre que, na minha terra, era um corpulentíssimo bonacheirão, beberricador a tempo inteiro, e totalmente afastado das espiritualidades, às quais, na minha concepção de adolescente confuso, pertencia, certamente, a língua do Lácio, essa estranha e mortíssima linguagem que era, para mim, o mais atractivo fausto evangélico daqueles encontros dominicais com o Salvador.
Foi, pois, derretido pelas saudades do “sursum corda”(?) e do “agnus dei, qui tolis pecata mundi, miserere nobis”(???) que demandei várias vezes a capela aqui da aldeia ou mesmo a transmissão da TVI, mas sempre sem nenhum sucesso. Fosse porque às dez da madrugada de um domingo friorento não se tem muitas opções além de dormir, ou porque a música do rádio era uma escolha infinitamente mais aliciante, nunca tinha prestado grande atenção ao conteúdo da palavra de Deus.
Mas desta vez foi de vez. Assisti pacientemente a tudo. E não foram totalmente goradas as minhas expectativas de voltar a sentir o sortilégio daquele ritual impenetrável da missa da minha infância.
Ouvi “hosana nas alturas” e “que é Deus com o pai na unidade do Espírito Santo”. Ecce! Impenetrável como o latim de antanho! Tão confuso e insondável como no meu tempo.
Valeu. Recuperei aquela sensação de incomensurável ignorância que me fazia tão bem…

18 de dezembro de 2007

O gafanhoto

Há um enorme gafanhoto âmbar empoleirado num dos armários da SP. Mesmo por cima dos livros de ponto. Entra gente e sai gente mas ninguém parece vê-lo. Enorme e translúcido, paira embaraçado entre o medonho e o ridículo. Remete-me, facilmente, para Abraão ou Noé, ou outro qualquer bíblico patriarcudo, comendo gafanhotos meia dose, assim a cru, nos tórridos desertos do Velho Testamento. Esta á a pose grotesca do gafanhoto da SP, alcandorado no topo do armário, equilíbrio instável, ameaçando estatelar-se. Mas quando o observo com o meu olho mais negro, vejo-o mostrengo, ferino e horrendo, despedindo lasers de âmbar e brandindo gigantescas pinças e armaduras bucais extensíveis, numa febre milenar feita de vingança e ódio.


E eu, sem despregar nenhum olho da besta ambarina, fico a delinear duas opções nesta encruzilhada: 1. Sou um professorzinho insignificante e acabrunhado e deixo que o gafanhoto me engula; 2. Sou um profeta alucinado, vagueando sequioso no deserto, e papo, de uma assentada, o gafanhoto tamanho família, para evitar baixar-me tantas vezes…
Claro que foi uma visão.
(Mas este gafanhoto sanguinolento chega em Janeiro. Asseguraram-mo hoje.)

16 de dezembro de 2007

28 de Setembro de 2007
"Combustões parte amanhã para nova vida, a 15.000 km. Desejem-me sorte. Portugal fica para trás, mas tudo farei para manter esta página com a regularidade possível. A todos os amigos e críticos esta breve e sentida despedida."


E foi por isto que nunca mais o visitei…
Hoje, casualmente, descobri com alguma alegria que afinal o blog está de volta já há muito tempo. Na verdade, só esteve ausente um mês, ou pouco mais...
Embora tardiamente, cumpre-me exultar e saudar o seu regresso. Afinal, o "Combustões" é bom e faz-nos falta.

Assim, não, Desidério!

Desidério Murcho editaCrítica”, uma revista online sobre assuntos de enorme pertinência para Alunos, Professores e Investigadores, sobretudo na área da Filosofia, mas não só.
Deparando-se-me, naquele site, um conjunto de textos sobre educação em geral, (que previ poderem ensinar-me alguma coisa) cliquei. Mas de imediato me surgiu uma caixa de diálogo a pedir a senha. Fui ver de que tipo eram as subscrições na “Crítica” e logo fui informado dos preços. É assim. Trata-se de pagar para ver. A cultura não é de borla na Internet, nem em lugar nenhum. Servem-nos umas migalhas, para aguçar o apetite, mas se quisermos mais, há que pagar. A cultura embarca também no marketing mais virulento. Tristemente aprendi que já muito poucos esturricam os miolos a produzir um texto belo ou um produto meritório, útil, esclarecido, para depois o disponibilizar, graciosamente, ao público interessado. Confesso que não estava à espera. E detestei o facto. Imaginei que a máxima de Adriano “compra pão e vinho mas rouba uma flor, tudo o que é belo não é de vender”, ainda fizesse sentido no actual estado de coisas. Mas não...
Ainda há, no entanto, um grupo razoável de adrianos lunáticos que oferecem flores. Eu sou e serei sempre um deles, apesar de as minhas estarem um pouco mais murchas que as do Murcho Desidério…

14 de dezembro de 2007


Outubro 04, 2006


Foi quando nasceu o “Tralapraki”, na maternidade http://tralapraki.blog.com/. Pai desnaturado, que deixou passar desapercebido o primeiro aniversário do seu pobre rebento…

aprendersaberensinar

saberensinar
Esforço-me por ensinar. É aqui que principia toda a minha ilegalidade. “Ensinar” deixou de ser um verbo conjugado dentro dos meandros da Educação. Alguns mais atentos até proclamam nunca o ter visto no novíssimo estatuto da carreira docente. Não vislumbro que arrepiante radical possa essa palavra conter para assim ter sido tão proscrita da prática educativa. A verdade é esta: em teoria, ensinar é uma não prática, o que, de certo modo, se compreende, porque só pode ensinar aquele que sabe alguma coisa.
E aí temos outra encrenca: “saber”. Saber já não é fundamental, o importante é ter o telefone de quem sabe. E se ensinar não é, em teoria, a mais importante tarefa de uma sociedade, está também a deixar de o ser na prática quotidiana, pela insubordinação dos alunos e pela negligência dos professores, ocupados que estão a olhar para as suas promoções, que já não passam pela aturada e desgastante prática diária de ensinar as novas gerações.


aprender
Esforço-me por aprender. E é aqui que continua toda a minha heterodoxia. É que já não se aprende nos locais antes destinados a esse efeito. Não é mais nas escolas que se aprende, nem nas de baixo, nem nas de cima, nem nas do meio, pelo que o aprendizado só se pode realizar fora dos circuitos oficiais e por vias bem mais autonómicas e pessoais. A quantidade de licenciados, mestres e doutores ignorantes é arrepiante. Aprender, no ensino institucional, dentro de um qualquer currículo académico, transformou-se num processo de aquisição de estatuto social e económico que pouco mais acrescenta além de uma arrogância boçal e de um orgulho provinciano e grosseiro.
(A vocês poucos aí, que acreditaram nas universidades e as frequentaram com o fim de se tornarem mais capazes para ajudar os outros, o meu mais veemente pedido de desculpas).

10 de dezembro de 2007

O “Safe Sex Passport” ou 140 dólares por uma verdade conveniente

Chegou o Safe Sex Passport (SSP). Com ele poderás apresentar-te perante os teus pares na Internet como o mais apetecível sex symbol. Antes de te perguntarem de onde és, ou se és macho ou fêmea, pedir-te-ão o número do teu “Safe Sex Passport”. Custa aproximadamente 140 dólares por ano e é renovado de seis em seis meses, just in case…
Já viste bem a autoridade e o sex appeal que te dará o facto de possuíres um SSP actualizado?
Mas olha: todos (e todas) esperam que o tenhas actualizado ontem mesmo. Na verdade, se o teu passport já tiver perfeito alguns dias, não dará a ninguém a certeza da tua saúde sexual, antes permitirá, quando muito, uma leve probabilidade de que possas ser um parceiro sexual saudável e seguro…
[Há, pois, que gastar um pouco mais na tua imagem de macho ou fêmea lavadinho(a)]
Ainda assim, a moda pegou nos EU e prepara-se para se instalar em Portugal, não faltando já empresas de análises clínicas a espreitar o furo de mais um negócio providencial.
Mas lá que um passaporte destes confere um charme adicional ao seu possuidor, e, consequentemente, maiores probabilidades de acasalamento, disso não tenho a mínima dúvida.

Ou tenho?
- Hi there!
- Hi.
- SSP, pls.
- But I came here just to know about the latest Messenger upgrade.
- Sorry! No SSP, no information. CU.

- ...

5 de dezembro de 2007

Teodisseia de Betesga

Deus, o senhor das esferas, o construtor do universo, vive na terceira espiral da Via Láctea, no número 17, 3º traseiras/sul. É ali que mantém, ainda hoje, a sua oficina. Foi nela que construiu o Universo inteiro, paulatinamente, em sete dias. Construiu o Universo infinito e veio morar na nossa galáxia, o que não deixa de ser reconfortante. O caso sugere que vivemos todos na melhor parte do Universo, pois que a mais patente evidência da qualidade de construção de um prédio é o facto de o seu construtor guardar para si um apartamento no condomínio.

3 de dezembro de 2007

Hugo Chávez quase Fidel...

Hugo perdeu o referendo. Mas, se atentarmos nos números, 50.7 por cento é muito pouco para dizer que não se quer perpetuar alguém no poder. E Hugo sabe bem disso e já o deixou antever, no meio do seu discurso constrito (disse constrito e não contrito)…
Hugo é apoiado por largos sectores do Lumpenproletariat venezuelano, os que gostaram das camisetas e das esferográficas, dos bonés e das bandeiras vermelhas, mas que também obtiveram o melhor salário mínimo da América Latina, o que faz dele um homem bem intencionado, malgré tout. Mas não só! Chávez também conta com o apoio de um sector importante das pequena e média burguesias (proletarizadas nos últimos anos) e uma não despicienda fatia de intelectuais progressistas que sonham com um novo paradigma social e económico para o seu país e para o mundo, uma outra globalização que possa travar a que ora se agiganta por todo o lado.
Chávez pode não ser um político muito sério, mas será sempre um caso muito sério. Muito bom ou muito mau, conforme os gostos…

O "Tralapraki" feito pelos seus leitores

Dos estudos copiados da Internet (ou outras fontes) à realidade – o Alcoolismo

Estudos, palestras, debates, medidas de prevenção…
Há décadas que se fazem…
Muitos estudiosos continuam a esquecer-se de que o grande responsável já não é o vinho – são os “shots”.
Será que se esquecem de olhar também a realidade à sua volta?!
Os “shots” que os jovens ingerem às dezenas e que, muitas vezes, basta apenas um para produzir o “apagão” e deixá-los em coma…
Perguntem a um jovem de 15 anos se o “shot” é alcoólico. Que não! - é uma resposta frequente.
Os adolescentes não distinguem entre o doce dos licores e o disfarce da coca-cola, o alto teor alcoólico de tal bebida. Combate-se o vinho e a aguardente e populariza-se a “tequilla”, o absinto,…
Há que atribuir aos “shots” a responsabilidade do alcoolismo dos nossos jovens.
No entanto os “shots” aparecem na TV e noutros media como inofensivos, muito “fashion”, associados a uma imagem muito “cool”…
Combate ao alcoolismo?! À Droga?! Porquê tanta hipocrisia?!
Há um incentivo notório por parte de muitos responsáveis!...
Existe a promoção da vida nocturna! E a protecção a todos os empresários da noite!
E então criam-se horários para que todos os sectores extraiam benefícios quando os jovens querem sair e divertir-se.
1º - os restaurantes;
2º - os bares (onde os jovens, depois de terem jantado, aguardam pela abertura de uma pista de dança – e aproveitam para irem “aquecendo”).
Por fim, o mais tarde possível, abrem as pistas nas discotecas onde os mais incautos (porque os mais experientes provavelmente já terão dormido um primeiro sono) terão que consumir ”ecstasy” ou outra droga para aguentar a “pedalada” e poder mostrar aos demais que “estão ali para as curvas”…
Quem está interessado na manutenção desta situação? … Ninguém?!...
Então porque proliferam bares e discotecas todos os dias, sem qualquer controlo?...
Alguém está interessado em que os jovens trabalhem e descansem durante a semana???
Que adquiram estilos de vida saudáveis e preservem a saúde?
É com os programas que têm desenvolvido de combate ao alcoolismo e à toxicodependência que pretendem alcançar esse objectivo?
Ou existe antes uma rede de interesses interligados em que todos lucram?
Restauração - bares - discotecas - redes de tráfico de droga - equipas de prevenção - equipas de tratamento
???...

Adelaide Baptista

1 de dezembro de 2007

Coisas giras por Email

Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões; Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;

Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;E reuniões e reuniões e mais reuniões!...
E depois ouço
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,observadores, secretários de estado, a ministra e, como se não bastasse, outros professores... e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo coisas curriculares, disciplinares, departamentais, educativas, pedagógicas, comportamentais,
da comunidade, de grupo, de turma, individuais, particulares, sigilosas, públicas, gerais, internas, externas, locais, nacionais, anuais, mensais, semanais, diárias.
E ainda querem que eu dê aulas!?...

(Anónimo. Enviado por Fátima Mendes)