24 de fevereiro de 2007

Entregar o País à Iniciativa Privada


A Escola Pública ensina mal e é dispendiosa? Entreguem-se todas as escolas a Belmiro de Azevedo. Ele descobrirá a razão da sua ineficácia e afastará, certamente, todos os professores actuais para mandar vir outros novos da UE, todos normalizados e devidamente autenticados por Bolonha. Ele substituirá também os alunos portugueses por alunos ucranianos que ainda têm alguma vontade de estudar e de aprender .
Os tribunais
funcionam mal? Entregue-se a justiça ao empresário Hélder Freire Costa, um barra a gerir teatros.
E a segurança? A GNR não caça os gatunos e a PJ não encontra assassinos? Doem-se estas instituições ao Manuel Dias Loureiro. Ele contratará body guards e gorilas que dão um arraso nessa tenda toda.
A saúde vai mal? Ponha-se o Jardim Gonçalves a mandar. Ele comprará todos os hospitais e construirá clínicas privadas com ar condicionado, DVD e revistas recentes nas salas de espera.
O País vai de carrinho? Venda-se o país ao Valentim Diniz que herdou uma mercearia e transformou-a na Companhia Brasileira de Distribuição.
Estes, ou centenas de tantos outros…
Ele há tantas soluções inteligentes…

Vinte Anos sem o Zeca

Passaram ontem vinte anos sobre a morte de José Afonso. Foi tempo de homenagens e voltámos a ouvir as canções do bardo lusitano. No entanto, e no meu ponto de vista, ouviu-se menos o Zeca que os seus sucedâneos. E se, de entre estes sucedâneos, alguns há que não desmerecem muito do original, caso de João Afonso, Dulce Pontes ou Teresa Salgueiro, como alguns exemplos, outros há que parecem estar a gozar com os originais de José Afonso, transformando-os até ao limite do cretino e destituindo-os completamente da ambiência que o autor lhes conferira. Pobre José Afonso, simplesmente o maior autor da música portuguesa popular, incompreendido antes do 25 de Abril, incompreendido depois do 25 de Abril e incompreendido vinte anos depois de morrer. Não há mais pachorra e fica aqui um conselho para esses jovens que andam por aí a cantar mal as canções de José Afonso: Se não entendem, se não sentem, se não têm competência para subir até ele, esqueçam, deixem estar o Zeca onde ele está, que é demasiado alto para vocês, dediquem-se às vossas cantiguinhas parvas e tenham vergonha na cara.
Um dia depois das homenagens, não ouvi mais José Afonso, que foi recolocado na estante do esquecimento até daqui a 5 anos, quando se passar um quarto de século. Porém os seus sucedâneos mais imbecis continuaram a tocar hoje as suas versões medíocres, talvez para nos provar que até as novas gerações, provindas de ambiências culturais muito outras, foram tocadas pelo grande poeta agitador de consciências. Antes não tivessem sido. Não há o direito de estragar, mesmo que as intenções sejam boas.

19 de fevereiro de 2007

Saudades

Que saudades
de quando os morangos eram morengos, o almoço era jantar e o jantar era a ceia, e o arroz de feijão era arroz com feijões, e a sopa era caldo, e a massa era macarrão, e o bacon era toicinho, e as couves eram coibes, e a comida era o comer, e os nutrientes eram pasto, e o vinho era binho, e o Senhor Tacinha era o Ti’ Caneco, e as dunas eram baleiras, e o frio era friage, e os barcos eram barcas, e os rojões eram torresmos, e o umbigo era o imbigo, e o frango de churrasco era galinha assada, e becel era manteiga meio-sal, e uma taça de vinho era um marquês, e treze litros eram um alqueire, e a paga de um serviço era a maquia, e o estrume era esterco, e o adubo era buano, e o chouriço era choiriça, e pescoço de galinha era inchunda, e os medicamentos eram remédios, e trabalhar no campo era andar às tardes ou ao jornal, e comer era quemer e era sempre sentado, e beber era buer e era sempre muito.
Que saudades de Portomar, que então era Purtomaire, onde os cumprimentos eram sempre “toca a ir?” ou “toca a estar?”.
“Pois, Ti Caneco, toca a ir, que remédio…”

17 de fevereiro de 2007

O que os Professores desaprenderam


Padre Gaudier, jesuíta do Século XVI, publicado na sua De Natura et Statibus Perfectionis:
"...Que os adolescentes tenham dos seus mestres a mais elevada opinião e que os admirem pelo seu grande valor, pois esta estima pressiona-os interiormente, sobretudo se se lhe juntar o amor para o cumprimento integral da vontade daqueles que os dirigem......Mas só receberemos essa estima se formos prudentes e discretos. Nomeadamente as nossas relações com os nossos alunos deverão ser tais que não se conheça nelas qualquer familiaridade. Pois é certo que a familiaridade engendra facilmente o desprezo....Não tenhamos relações muito frequentes com os adolescentes, não sejamos demasiado efusivos, não tenhamos intimidade em excesso, não lhes confiemos qualquer segredo ou projecto..."

(Citado por Albano Estrela (1933), professor catedrático jubilado da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa)

Ouviram bem, meninas Directoras de Turma?

Os Humanos

Ana Gomes afirmou na Antena 1 que adora António Variações. Eu já desconfiava que alguma coisa ia mal na personalidade daquela senhora, que considero um pouco impertinente, mas nunca imaginei que ela pudesse ser tão veemente na defesa das (totalmente ausentes) qualidades artísticas daquele cantor. António Variações é, verdadeiramente, um produto requentado de qualidade inferior e não é preciso ser grande especialista para saber isso. Passei desde então a desconfiar da oportunidade da problemática sobre os voos da CIA que a Dra Ana Gomes cisma em perpetuar.
Ela errou tocando essa tecla. É humana.
Eles erraram tocando o Variações. São Humanos.

16 de fevereiro de 2007

Referendo Pechisbeque?

Ah, afinal o referendo não é vinculativo. Gasta-se rio e meio de guito para aplacar consciências e termos um pouco de tranquilidade moral e vamos ficar com esse peguilho pendurado ao pescoço? Um referendo novinho em folha (e caro como o pinto) e já está fora da garantia? E o que é que a DECO tem a dizer de tudo isto?
Quero o meu voto de volta, antes que me arrependa e comece para aí a exigir que me reciclem esse referendo sem serventia nenhuma...

15 de fevereiro de 2007

O "Tralapraki" feito pelos seus Leitores

Caros leitores do “Tralapraki”
Venho por este meio afirmar que não tive nada a ver com a pneumonia persistente que atirou o autor para os cobertores, já lá vão quase quinze dias. O texto “Conjurações Contra João Efémero” caiu deveras mal cá nos Serviços. Porém, como é do conhecimento bíblico, o Meu estatuto e idoneidade moral não Me permitem sentimentos ou actos de vingança.


Assinado: Deus Todo Poderoso.

Portus Cale

O Afonso é uma criança problemática. Nascido no seio de uma família disruptiva do Minho, vinda não se sabe de onde, certamente do Leste, de mãe fervorosamente católica, (defensora do não e sexualmente frustrada) e pai ausente, bebedor de cerveja e malvasia, o pequeno Afonso, na escola e fora dela, resolve tudo à matraca, arma-se em conquistador barato, subjuga tudo e todos, espalha o terror à sua passagem e falta às aulas que se desunha.
Chamada à escola pela Directora de Turma, a mãe do Afonso, Sora Dona Tereza, queixa-se de que o filho lhe bate, diante do olhar boçal e apardalado do pai, e adianta que o Afonso tem assomos de visionário e não é a primeira vez que ameaça fundar uma nação inteira de energúmenos, indigentes e grunhos que alaparão por todo o lado, desde as terras de Entre-Douro-e-Minho até para lá da região demarcada do Sado.
Perdi o Afonso de vista (entretido que estava a tentar manter de pé, contra ventos e marés, o sistema educativo português), mas algo me diz que o pequeno e maroto Aluno número 1, Afonso Henriques, cumpriu o que prometera à mãe nas suas visões obsessivas
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