Que saudades
de quando os morangos eram morengos, o almoço era jantar e o jantar era a ceia, e o arroz de feijão era arroz com feijões, e a sopa era caldo, e a massa era macarrão, e o bacon era toicinho, e as couves eram coibes, e a comida era o comer, e os nutrientes eram pasto, e o vinho era binho, e o Senhor Tacinha era o Ti’ Caneco, e as dunas eram baleiras, e o frio era friage, e os barcos eram barcas, e os rojões eram torresmos, e o umbigo era o imbigo, e o frango de churrasco era galinha assada, e becel era manteiga meio-sal, e uma taça de vinho era um marquês, e treze litros eram um alqueire, e a paga de um serviço era a maquia, e o estrume era esterco, e o adubo era buano, e o chouriço era choiriça, e pescoço de galinha era inchunda, e os medicamentos eram remédios, e trabalhar no campo era andar às tardes ou ao jornal, e comer era quemer e era sempre sentado, e beber era buer e era sempre muito.
Que saudades de Portomar, que então era Purtomaire, onde os cumprimentos eram sempre “toca a ir?” ou “toca a estar?”.
“Pois, Ti Caneco, toca a ir, que remédio…”
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