Passaram ontem vinte anos sobre a morte de José Afonso. Foi tempo de homenagens e voltámos a ouvir as canções do bardo lusitano. No entanto, e no meu ponto de vista, ouviu-se menos o Zeca que os seus sucedâneos. E se, de entre estes sucedâneos, alguns há que não desmerecem muito do original, caso de João Afonso, Dulce Pontes ou Teresa Salgueiro, como alguns exemplos, outros há que parecem estar a gozar com os originais de José Afonso, transformando-os até ao limite do cretino e destituindo-os completamente da ambiência que o autor lhes conferira. Pobre José Afonso, simplesmente o maior autor da música portuguesa popular, incompreendido antes do 25 de Abril, incompreendido depois do 25 de Abril e incompreendido vinte anos depois de morrer. Não há mais pachorra e fica aqui um conselho para esses jovens que andam por aí a cantar mal as canções de José Afonso: Se não entendem, se não sentem, se não têm competência para subir até ele, esqueçam, deixem estar o Zeca onde ele está, que é demasiado alto para vocês, dediquem-se às vossas cantiguinhas parvas e tenham vergonha na cara.
Um dia depois das homenagens, não ouvi mais José Afonso, que foi recolocado na estante do esquecimento até daqui a 5 anos, quando se passar um quarto de século. Porém os seus sucedâneos mais imbecis continuaram a tocar hoje as suas versões medíocres, talvez para nos provar que até as novas gerações, provindas de ambiências culturais muito outras, foram tocadas pelo grande poeta agitador de consciências. Antes não tivessem sido. Não há o direito de estragar, mesmo que as intenções sejam boas.
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