Gosto irremediavelmente dos amigos, mas não acredito que eles sejam a coisa melhor do mundo. Na verdade, a coisa melhor do mundo são as amigas. Mas gosto. Cumprimento-os, saúdo-os, escuto-lhes as manias, adiciono-os. Reconheço que é bom fazer amigos novos e dificílimo preservar os velhos. Nunca acreditei, no entanto, que os amigos servissem para alguma coisa. A maior parte não tem serventia. Muitos estão sistematicamente ocupados quando precisamos deles, mais ocupados que casa de banho de cervejaria, em dia de arraial. Outros, imaginem, não bebem. Para que serve um amigo que não pode beber vinho tinto? Para nos criar problemas de consciência quando se senta à nossa frente munido de uma água de luso, para acompanhar bacalhau à lagareiro? A vida enche-nos a mesa e o balcão de amigos improváveis. Um amigo assim tem que ter alguma virtude extraordinária para que possa valer a pena tê-lo. E o problema é que, geralmente, não tem. Está certo, ele tem um hálito de zéfiro e um fígado exemplar. E daí? Para que serve um amigo que chega a muito velho, se nós não chegamos? Um amigo tem que ser mais solidário, que diabo! Na alegria e na víscera…
Post 693 (Imagem daqui)
6 comentários:
"Na verdade, a coisa melhor do mundo são as amigas."
Obrigada, João.
Deixa-me quase citar-te:
"Na verdade, a coisa melhor do mundo são os amigos."
Ainda bem que as minhas amigas não me lêem.
OF
Amigas que não te lêem???!!! Que amigas são essas? :)
Abraço.
jmm
gosto da escrita. simples e cotidiana. dá pra um sorriso . meio triste, mas dá... :)
Kaesar
é como diz o Kaesar. gostei do fígado exemplar. inesperado, de facto. giro. Continua a escrever assim. a malta precisa é de coisas destas.
Redwine
Texto desconcertante, como quase sempre. É um prazer ler este blog - tanto humor, inteligência, irreverência...Como dizem no Brasil - show de bola:) Faty
Obrigado Faty... Isso são os teus lindos olhos...
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