31 de janeiro de 2008

Boa noite

boa noiteE se eu viesse aqui agora só para dizer “boa noite”? Se eu viesse aqui, pesada e arrastadamente, dizer apenas boa noite, todos veriam que a minha criatividade já dormia, mas que, mesmo assim, eu teria vindo aqui sem ela, desacompanhado e ermo, dizer apenas boa noite.

Na letargia do cansaço, ser-me-ia desculpada a trivialidade de apenas dizer boa noite, mas todos intuiriam que a minha criatividade se dissolvera, exígua, morta.

(E, contudo, não há no mundo nada mais criativo que vir aqui, de cérebro vazio e coração cheio, desejar-vos boa noite…)

 

(Imagem tirada daqui)

30 de janeiro de 2008

promocaonovo2 "O Presidente da minha Escola, Um Engenheiro de Têxteis, Presidente do Conselho de Administração de Uma Empresa de Atoalhados, sediada em Pequim, convocou para uma reunião de emergência todos os docentes reformados, a partir de 1980 até à presente data, para tratar de assuntos de interesse mútuo."

Imperdível. Leia-o integralmente aqui!

O Capote da Razoabilidade

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Por vezes acontece-me vestir o capote da razoabilidade.

É fantástico. A gente enfia aquela indumentária ridícula e perece outra. Dizemos trivialidades iguais às de toda a gente, somos previsíveis como calhaus, rimos de imbecilidades, aceitamos as nossas lorpices e compreendemos as de toda a gente.

Apertamos as mãos e falamos do tempo, esperançados na chuva, no sol e no vento e parecemos estar de bem com a natureza e com as nossas vidinhas medíocres e desprezíveis.

Saudamos cordialmente cada novo dia, ouvimos as notícias com recato, rimos alarvemente das piadas do Markl e do Malato. Enfim, integramo-nos no bando imbecil dos acomodados.

É fantástico como este capote da razoabilidade, assente sobre o colete da moderação, nos simplifica a vida e o relacionamento com os outros! Tornamo-nos, de repente, cidadãos respeitáveis. Depois, é só apagar do domínio público o tipo pestilento que éramos antes de o vestir.

Tudo está agora em paz e a vida pode voltar a sorrir…

Assim vestidos, até conseguimos aplaudir a minúscula remodelação ministerial.

E acreditamos, devotamente, que o facto de o governo não se ter remodelado em bloco se deveu apenas à incúria do porteiro que o deixou trancado lá dentro e perdeu a chave…

(Juro que não era minha intenção dirigir o post para este lado. Mas, abafando de torpor e lassidão dentro do capote, despi-o compulsivamente.)

Razoabilidade? Delicadeza? Mediocridade? Sujeição? NÃO. Antes pão seco que tal conduto...

Remodelei-me, pois então.

(Imagem tirada daqui)

27 de janeiro de 2008

Democracia de trela...

caes

Tenho três cachorros. Felizes! Boas camas, comida saudável, perfeitamente ASAEada (novo termo para “asseada”) e uma veterinária estonteante, tão boa que faz fechar todo o comércio da aldeia (mesmo sem qualquer intervenção daquele organismo exterminador de comércios pequenos).

Felizes!

Mas o que mais invejo naquelas vidas de cachorro é o facto de nem sequer suspeitarem da existência de tantos filhinhos da mãe que nos aporrinham, quotidianamente, as existências…

Quando lhes abro o portão (aos cães, e não aos filhos da mãe), mordiscam, displicentemente, os calcanhares dos pobres labregos que passam a caminho das jeiras.

“Mal feito” - digo-lhes eu.

Mas tenho certeza de que eles mordiscariam, democraticamente e com idêntico despudor, os calcanhares de todos os filhos da mãe, cuja existência, para sua ventura, desconhecem.

Nada mau, para cães educados em pleno regime democrático!

(Mas penso que, ainda assim, devo reorientar-lhes um pouco o seu sábio conceito de democracia pluralista.)

(Imagem tirada daqui)

promocaonovo2“A casa está silenciosa. Num extremo estou eu, no computador; no outro, os miúdos, no computador e na play station. De repente, uma seta de culpa acerta-me no peito: deveríamos estar a interagir como as famílias nas crónicas do Daniel Sampaio, penso.”

Para ler integralmente aqui, no Corta-fitas.

26 de janeiro de 2008

Maria João Ruela x Marinho Pinto

maria_joao_ruela

marinho pinto

 

 

 

 

 

 

 

- Mas esse aí é quem?

- Não digo nomes.

- Mas é deste Governo?

- Já lhe disse que não digo nomes.

- Mas está-se a referir a Fulano de Tal?

- Você sabe quem é? Então diga você.

Está certíssimo. São tantos os corruptos que, se alguém tivesse que os nomear a todos, certamente passaria o serão a fazê-lo e o resto da vida nos tribunais a levar com processos por difamação.

Message in a bottle

message-in-a-bottle-zoom

Nenhum outro documento escrito sabe estabelecer tão bem uma perfeita diacronia individual ou social.

O blog, como um diário público e participado, em permanente edição, e escrito sempre “on the edge of the moment”, vai registando todos os matizes por que passa o seu autor e, se este não for totalmente autista em relação à coisa social, será certamente um repositório muito vivo das vibrações de uma sociedade ou de uma determinada ordem política.

É isto que se sente quando, nos blogs mais antigos, se recua no tempo (coisa que num blog é tarefa simples e intuitiva) e se lê o pulsar de um autor quando interveio sobre um determinado momento. Está ali uma cápsula de História, uma garrafa cheia do ar do tempo que se pode respirar de novo se nos der prazer ou, enfim, rolhar definitivamente, se nos for penoso respirá-lo…

(Reparei agora que não disse nada de novo desta vez. Mas sinto que há muita gente que não sabia...)

(Imagem tirada daqui)

25 de janeiro de 2008

balancoBalanço semanal

Os melhores do Trala esta semana:

1º Solidariedade Columbófila
2º The Orange Tree
3º Honny soit qui mal y pense...

(Imagem tirada daqui)

começo a panicar...

mulher chataAcabo de ler parte de um estudo que desmonta completamente a convicção generalizada de que os professores portugueses são os que menos tempo passam nas escolas. De acordo com o referido estudo, estamos em décimo quarto lugar, num total de vinte e oito países. Passamos, pois, tempo mais que suficiente dentro dos nossos antros pedagógicos.

Tudo bem! Particularmente, o facto de passar muito tempo na escola nunca me atormentou, visto que sou casado. O que começa a atormentar-me nesta situação é o facto de as mulheres que lá trabalham estarem a ficar quase tão chatas como a minha.

Nesse sentido, já não vislumbro grande vantagem em permanecer tanto tempo na escola. E isso faz fechar, abruptamente, o leque das minhas alternativas: em casa não, porque está lá uma tipa impertinente; na escola não, porque estão lá cento e cinquenta.

Com mil euros mensais, onde me refugio?

(Imagem tirada daqui)

24 de janeiro de 2008








- O teu carro passou na inspecção?
- Sim, claro! O problema é que tenho que ir agora à oficina devolver as peças que lá aluguei, para me recolocarem as velhas. É cá uma seca…!

20 de janeiro de 2008

o meu bêcêpê

Não consigo entender que espécie de repulsa contém o caso BCP, que, apesar de tanto ouvir falar dele, ainda não me apeteceu abordá-lo. Não é, certamente, o facto de não entender peva do que nele se passa. Acontece-me isso com quase todos os temas que aqui abordo e nem por isso deixo de os abordar sem qualquer tipo de embaraço.
Estará, porventura, o meu alter-ego a recusar-se a entender este imbróglio por o considerar monstruoso demais para que eu pudesse sobreviver à sua simples compreensão? Se for esta a situação, sinto-me feliz por este caso do BCP ter passado sorrateiramente à minha porta sem ter batido.
(Ora aí está: falei sobre o caso BCP. Quebrei o enguiço. Nada como enfrentar fobias corajosamente. Corajosamente e com o conhecimento do assunto que acabo de demonstrar.)

a grande decepção do fim-de-semana...

carneiros

Tenho que partilhar convosco a grande decepção do fim de semana. Um tipo qualquer entra-me pelo mail adentro e declara que a avaliação dos professores é, pura e simplesmente, impossível, à luz de um qualquer decreto-lei que ele refere, mas que eu desconheço por inteiro. Isto não se faz, caramba! Logo agora que eu já tinha começado a criar carneiros…

 

(Imagem retirada daqui)

19 de janeiro de 2008

Dormindo com o “inimigo” (2)

Vou tomar a liberdade, se me permitirem, de, pela primeira vez, repetir um post já antigo do “Tralapraki”. Esse post volta a fazer algum sentido, servindo até de exegese ao documento que aqui insiro.
“A instituição escolar não pode passar a vida a queixar-se de que a outra instituição (a familiar) não está a cumprir a sua quota-parte na educação dos jovens. Todos sabemos que, no momento estranho que vivemos, essa ausência e omissão dos pais é um fenómeno recorrente e consumado, se observado através da janela das generalidades. Estas duas instituições, embora teoricamente irmanadas no projecto educativo dos jovens, colidem mais vezes do que pactuam, obstruem-se mais do que se harmonizam, contendem mais do que cooperam na materialização dos fins últimos da educação. A imisção destas duas instituições pode conduzir, no limite, a um verdadeiro caos educativo, que tem vindo a alastrar na razão directa da intimidade do seu namoro...”

In Tralapraki, 04 04 07.

Ontem hoje e amanhã...

maltez

“Estamos no ensino como no governo da nação: salvo raras excepções, os governantes pouco se importam com os governados; mal os conhecem, tiranizam-nos, a cada passo; reciprocamente, os governados não respeitam nem estimam quase nunca os governantes, e ao despotismo de cima respondem a má vontade e a rebelião de baixo... Corrupção e opressão - eis o sistema que, insistentemente, por toda a parte, intenta reger-nos. De aí o abatimento do ensino e da nação.”

Bernardino Machado, em 1903

Trazido por José Adelino Maltez in Sobre o Tempo que Passa

Como ganhar muito dinheiro sem fazer nada

Como se vê pelo documento abaixo (clique sobre o thumbnail para abrir e permitir a leitura), o único modo de que um professor dispõe para conseguir um aumento substancial no seu limitado vencimento é passar a desenvolver um péssimo trabalho, ou seja, não fazer rigorosamente nada do que é suposto e necessário fazer nesta profissão: não leccionar, não ensinar, não avaliar nem permitir ser avaliado, passar a faltar desalmadamente, não receber encarregados de educação, não assistir a uma única reunião nem frequentar acções de formação, não escrever actas nem relatórios, mandar à fava os planos de recuperação e de acompanhamento, e as aulas de substituição e as de apoio pedagógico acrescido e as actividades de compensação educativa e as tutorias. Se ele fizer isto durante um ano, isto é, se não fizer a ponta de um corno, deverá ganhar 1500 euros. Mas irá ter a alegria de ver que, no próximo ano, como prémio da sua total ociosidade e inépcia, passará a receber 20.000 euros mensais. É limpinho!

(Imagem superior tirada daqui)

NOTA: Este texto (tal como muitos outros aqui publicados) é ficcional e não cumpre critérios jornalísticos, pelo que pode estar construído sobre eventuais falsidades que não foram desmontadas. Ele cumpre apenas o inalienável direito à repulsa, se verificadas as autenticidades do documento ora exposto e da notícia que, segundo o mesmo, terá circulado na comunicação social.

18 de janeiro de 2008

Solidariedade columbófila

pombos

Dois reformados estão sentados num banco de jardim. À sua frente, um bando de pombos atira-lhes migalhas de pão...

 

 

(Imagem retirada daqui)

O ditado

(Imagem retirada daqui)
Uma sala de uma escola secundária, com uma turma do sétimo ano, isto é, uma gaiola ordinária pejada de passaredo tolo. Poupas à frente, meneando as cabeças no ar, cucos ao fundo, tentando escapar à aula. Todos chilreando e tagarelando as últimas novidades dos Morangos. O professor trouxe uma resma de ditados em língua estrangeira, feitos na aula anterior. Dois segundos de apreensão nos poleiros. O professor, deprimido e alquebrado pela derrocada monstruosa dos resultados, escancarou a estatística no quadro:

Muito Bom (0 a 10 erros) - 0 alunos
Bom (11 a 20 erros) - 0 alunos
Suf. (21 a 30 erros) - 0 alunos
Insuf. (31 a 40 erros) - 0 alunos
Mau (41 ou mais erros) - 26 alunos

E logo o guincho de uma ave rara, chamada Pedro, soando estrepitante do fundo da sala:
- Ganhámos!

17 de janeiro de 2008

na minha aldeia...

- Quem é aquele rapazote?
- É o filho do João do Zé da Paula. O Toino.
- Ah, é o Toino do João do Zé da Paula?
- É.
- Bem que me queria parecer. É a tromba do pai implangadinha!

16 de janeiro de 2008

canhoto até mais não...

bússola Sou, declaradamente, um aprendente oficioso.

Presto culto ao informal e ao desorganizado. Abomino os aprenderes hierarquizados, oficiais, metodizados, sistémicos.

É nas conversas avulso que me encontro e que respiro. É na atenção que presto a quem sabe que me valorizo. Foi na leitura de livres-pensadores que me realizei. 

Aprendi sempre alguma coisa relevante e bela com os autores não programáticos, com os filmes underground, com os livros proibidos, com os programas de televisão massivamente desacreditados.

Raramente sabichões enfatuados e fariseus regulamentares se dignaram ter comigo a paciência e a clareza necessárias para que com eles aprendesse alguma coisa de absolutamente estimável. 

(Não deixa de ser curioso e creio dever retomar esta matéria num momento ulterior...)

(Imagem retirada daqui)

12 de janeiro de 2008

I'm so sorry, I am.

sorryA Internet, através da facilidade com que o Google nos oferece as imagens de que precisamos para ilustrar os nossos posts, induz-nos frequentemente a utilizar imagens sem referir as suas origens. O "tralapraki" não está isento deste pecadilho, tendo vindo a incluir, alegre e descontraidamente, fotos que encontrou à mão de semear naquele motor de busca.

Sendo assim, e embora tardiamente, fica aqui o pedido de desculpas a todos aqueles que eventualmente se tenham sentido prejudicados por este abuso. Prometo, de ora avante, utilizar materiais exclusivamente meus, ou, nos casos em que isso se manifeste inteiramente impossível ou incómodo, mencionar, pelo menos, a proveniência dos mesmos.

(Foto retirada daqui)

promocaonovo2mariaflores2

 

 

 

 

 

 

Ele sorriu sem uma palavra quando me encarou mas cortei a direito o silêncio que não era hora para longos planos à Manoel de Oliveira e confessei que me sentia como a REN, já que a bem da saúde de todos era urgente enterrar as linhas de alta tensão e nem lhe facturava isso.”

Literatura erótica com humor, para ler aqui, no Chez 0.3...

11 de janeiro de 2008

fico chateado, pois claro que fico chateado...

gatos2Acabei agora de ouvir na rádio que  um publictário de nome António Moreira registou a marca "Alcochete Jamé". Que cara de pau! Será que esse gajo não sabe que a ideia foi dos Gatos Fedorentos?

Honny soit qui mal y pense...

"Com apreensão, verificam que as medidas do governo se concentram na organização do trabalho das escolas e nos professores, fazendo crer que os resultados do sistema podem melhorar por simples alterações à organização do trabalho ou do sistema de avaliação dos professores. E cada pequeno facto da vida escolar ganha uma importância extraordinária."
Arsélio Martins "O Lado Esquerdo"

Quem assim fala é o professor que ganhou o primeiro prémio (instituído pelo Governo vigente e a sua Ponta-de-lança para a Educação nacional) que se destina a galardoar o mérito e a competência dos professores portugueses.
Segundo algumas más línguas (más línguas, com certeza) este professor acabou por recusar o ditoso prémio! Se isto for verdade, como se diz por aí à boca cheia, o Governo terá dado mais um passo em falso nas suas opções. Se isto for verdade, o Governo terá arrecadado uma das mais desoladoras derrotas que a tutela da educação jamais colheu em terras lusitanas.
Se, no entanto, a tão alardeada decisão da renúncia ao prémio, por parte do professor seleccionado, for apenas uma mentira descabelada e o nosso galardoado tiver, inteligentemente, arrecadado na sua conta bancária aquela singela homenagem, o resultado não deixa de ser, do mesmo modo, um tristonho desconsolo para a inteligência que engendrou um prémio como este.
Seria caso para se colocar esta questão pertinente: não terá o Governo escolhido mal o seu galardoado? Não estará já arrependido, ao ler aquelas linhas (e outras escritas pelo agraciado), de ter premiado um "jovem" tão irreverente? Quem sabe? (Ouvi também dizer que há um indivíduo no Governo cuja função é ler o que se vai escrevendo na blogosfera nacional).
Claro que nos restam sempre outras hipóteses para possibilitar ao Governo a fácil digestão de tudo isto, sendo uma delas (e em minha opinião a mais inteligente e, portanto, a que mais eleva a imagem dos nossos governantes) a de que, apesar de ter percebido que este professor não seria uma pêra doce para a sobremesa da Senhora Ministra, e muito menos o esperado toque da cereja a coroar as presentes reformas educativas, o Governo da Nação concedeu, ainda assim, aquela láurea ao professor, com o fim de alardear ao mundo que não se demove com eventuais rebeldias e pequenas oposições infantis de acariciados seus, e que aquilo que, candidamente, lhe fala ao coração é o tal mérito e a tal competência. Assim, o governo mostra ao mundo a sua boa-fé, a sua justiça inabalável e também a sua pujante democraticidade.
Ao mundo sim, mas a mim ainda não. Só se eu for o próximo agraciado! Fica aqui a cunha...
É que eu sou um desconfiado do caraças, mas, com um premiozito, quem sabe eu não acabo entrando nos eixos?

10 de janeiro de 2008

O "tralapraki" feito pelos seus leitores

The Orange Tree

The orange tree was always part of the setting, never the star of the company, never the icing on the cake! She grew below the Big-eared Tent and fed on the Gesture as if it were manure. She shook her leaves and even her premature little oranges waved to Unforgettable Trukitrek, but there are things which are very hard to swallow. That one, for example: to call this panoply of shows and performances Big-eared Gesture. See how she speaks well?! She, a tree with musical navel oranges, juicy and sweet like a baby’s babbling; she, the holder of poem-oranges, would put no reproaches if the Gesture were Orange. But rotten did she get when a Slampanper artist, who, on top of everything, coming from the land of Oranges, dared to sneakily spy her foliages, uncover her and hang on her intimacy. During the rehearsal it was all make-believe, but when it came to the real thing, that is to say, when in the performance itself the artist daringly perched on her hairdo, she finally had enough; she got mad and scolded him with one of her branches. The poor artist was knocked down and landed in the arms of a green chair that fainted of fright and had to be sent to the Emergencies.
And there made the artist his way to the stage, waving the orange-tree branch like a flag, counterfeiting his embarrassment and his humiliation, giving himself airs and disguising the bumpy crush in those corny ankles of his.
And, the following day, in the cultural blogs, the orange tree had all the honours of stardom. Even before the artist himself!

Rogério Cunha, after "A Laranjeira e o Artista" in Amirgã.

8 de janeiro de 2008

O “tralapraki” apreciou deveras o facto de ter sido citado pelo “Jornal da Bairrada” de 2 de Janeiro de 2008, na sua secção cultural “Blogmania”.

7 de janeiro de 2008

nunca pensei dizer isto:

bentoxvi

- Viva Bento XVI.

... por ser um dos primeiros poderosos a pôr o dedo na ferida...

6 de janeiro de 2008

em contra-tempo...

António Luís C. Roxo escreve aqui um pequeno texto em que refere a sociabilidade e solidariedade que os encontros de fumadores ao ar livre (pelo facto de serem agora coercivos) proporcionam. Desta não me tinha lembrado ainda.
Não fumo há mais de dez anos. Desde que deixei de fumar, engordei, acomodei-me e emparveci. Além de tudo isto, consegui já duas pneumonias e uma espécie de enfisema de etiologia misteriosa. Nada mal!
Tenho saudades de quando fumava (fumadores são mais inteligentes e criativos que os não fumantes), mas agora acho que já não vou a tempo de recomeçar. Teria que lutar muito contra o terrível vício de não fumar. E estou demasiado cansado para isso...

5 de janeiro de 2008

porra, pá!

É-me difícil conceber a existência de um professor que não escreva coisas. Quem não escreve não pensa, ou fá-lo de modo infrutífero. Poderá falar o que pensa, dizem-me. Mas não é o mesmo. A escrita espelha o pensamento enquanto organizado, e pereniza-o mais eficazmente.
Em minha opinião, todos os professores deveriam possuir uma qualquer tribuna para exteriorizar o que sabem ou o que pensam saber. E deveriam fazê-lo, de acordo com as suas possibilidades e conveniências.
Há de facto alguns que escrevem teses de mestrado ou de doutoramento. Estes são os felizardos a quem coube a sorte de se exprimirem de modo tão grandiloquente. Grandiloquente mas não massivo. Pouca gente tem acesso a esses trabalhos, por razões várias que não vêm ao caso no momento, mas que nem todas são suficientemente nobres.
Outros escrevem em jornais e revistas, onde mantêm colunas de opinião. Outros, ainda, aproveitaram a mais brilhante e notável prenda que a tecnologia ofereceu à expressão do pensamento e mantêm blogs vivos, temáticos ou generalistas.
Outros há que mandam mails aos pares dos seus colectivos profissionais. Do mal, o menos. Finalmente, outros penduram as suas ideias nos placares das salas de professores.
Mas são muito poucos os que se exteriorizam, pela escrita, os que deixam antever o seu pensamento crítico, ou o fruto das suas reflexões quotidianas. E isto parece-me deveras mau, deveras sintomático ou deveras egocêntrico, sobretudo num tempo em que se encontra, como nunca, amplamente democratizada a intervenção social criativa nesta vertente.
Se tomarmos ao acaso uma escola portuguesa do ensino secundário com 150 professores, encontramos um ou dois deles que se expõem publicamente nesta matéria, produzindo sistematicamente textos que anseiam por serem lidos.
E se perguntarmos à grande maioria dos professores (os tais que parecem nada ter para dizer) a razão por que se demitem dessa função primordial, respondem invariavelmente que não têm tempo.
Pois que seja verdade. Mas têm tempo para as acéfalas e imprestáveis tarefas burocráticas que as actuais fábricas de chouriços chamadas escolas tão orgulhosamente ostentam.
Não têm tempo, ou já acham que a burocracite é mais importante do que a formação, a controvérsia e a intervenção públicas?

A única Bandeira do Trala

Manifesto
O tratapraki é um blog que não tem projectos nem diz que “é um dos blogs que pretende”. Felizmente, este blog não tem projectos, não trabalha em projectos, nasceu sem projectos e há-de morrer sem projectos, odeia a ubíqua palavra projectos, não sabe que coisas são os projectos e diz que “é um dos blogs que pretendem” em vez de dizer “um dos blogs que pretende”. Contra tudo e contra todos. Amen.

4 de janeiro de 2008

O mesmo assunto, por outra pena...

"... A não ser, talvez, acrescentar que não me ofende - nem espanta - nada do que quer que chamem às "escolas": santos, demónios, gatos fedorentos, carlas vanessas ou cristianos ronaldos. A essas actuais e perfeitas fábricas de enchidos, o único nome que considero escandalosamente insultuoso - sobretudo à nossa inteligência e a considerável parte dos profissionais sérios que lá penam - é "Escola".
(In Lança-Chamas)

O meu profundo reconhecimento a C. A. Dragão (Lança-Chamas) por escrever assim. Absolutamente imperdível. Para ler integralmente, AQUI.

Pois, é o Decreto-Lei n.º 299/2007

As escolas Básicas e Secundárias vão deixar de ter santos ou santas na denominação oficial. A indicação partiu do Ministério da Educação, no âmbito da aplicação do Decreto de Lei n.º 299/2007, da Lei de Bases do Sistema Educativo.
Assim, para redenominar as escolas públicas o Ministério entendeu encarregar da escolha as assembleias de escola, dando entretanto a indicação aos órgãos directivos de que devem ser evitadas alusões religiosas, como nomes de santos ou santas.


Epígrafe: Se deixar de haver santos, a quem recorreremos para combater os faits-divers dos “inventores” do sistema educativo?

Mal acordei de umas curtas férias, maldizendo esse mesmo facto (o de serem curtas), e já o Ministério da Educação (instituição sem férias nem descanso, instituição que não dorme nem relaxa) vinha anunciar mais uma medida de grande fundo. Desta vez, tratava-se de renomear (rebaptizar – prefiro esta palavra pois me remete para a santidade) as escolas secundárias e básicas que, inacreditavelmente, ainda possuem, nas suas designações oficiais, nomes de santos ou de santas.
Numa brevíssima pesquisa, reparei que o grosso das escolas com aquelas denominações é substancialmente composto por escolas privadas, o que, em meu entender, deve explicar cabalmente o seu sucesso educativo e a sua alta classificação nos rankings nacionais.
Há, iniludivelmente, uma relação de causa e efeito entre os nomes dos santos patronos dos colégios privados e o sucesso escolar. Venho, pois, humildemente, pedir a sua Ex.ª a Senhora Ministra da Educação se digne ordenar não só que se mantenha os nomes de santos e de santas nas escolas secundárias que já os possuem, mas ainda que zele superiormente para que todas as restantes tenham, pelo menos, um santo nos seus nomes. Há santos a dar com um pau que chegarão para todas e, se não chegarem, dar-lhes-emos nomes de papas e bispos e outros grandes dignitários da Igreja e mesmo de excelsos governantes (como, por exemplo, os Doutores Salazar e Sócrates que, em última análise, muito se aproximam da canonização).
Mas esqueçam esse decreto e chamem nomes de santinhos às escolas, por amor de Deus.
Em nome do sucesso e do ranking oficial.

2 de janeiro de 2008

o outro gafanhoto...

Relembro o post “O Gafanhoto”, de 18/12/07, e apresento-vos, desta vez, como miserável alternativa, o minúsculo gafanhoto do Rogério Cunha. Inofensivo, miúdo, insignificante, ali permanaceu agarrado ao seu carrinho de compras, low-profile até mais não. Em nada se compara ao meu, o arrogante e ameaçador gafanhoto da SP.
Não resta a mínima dúvida de que a arrogância e ferocidade dos gafanhotos estão na razão inversa da competência dos seus donos.