11 de janeiro de 2008

Honny soit qui mal y pense...

"Com apreensão, verificam que as medidas do governo se concentram na organização do trabalho das escolas e nos professores, fazendo crer que os resultados do sistema podem melhorar por simples alterações à organização do trabalho ou do sistema de avaliação dos professores. E cada pequeno facto da vida escolar ganha uma importância extraordinária."
Arsélio Martins "O Lado Esquerdo"

Quem assim fala é o professor que ganhou o primeiro prémio (instituído pelo Governo vigente e a sua Ponta-de-lança para a Educação nacional) que se destina a galardoar o mérito e a competência dos professores portugueses.
Segundo algumas más línguas (más línguas, com certeza) este professor acabou por recusar o ditoso prémio! Se isto for verdade, como se diz por aí à boca cheia, o Governo terá dado mais um passo em falso nas suas opções. Se isto for verdade, o Governo terá arrecadado uma das mais desoladoras derrotas que a tutela da educação jamais colheu em terras lusitanas.
Se, no entanto, a tão alardeada decisão da renúncia ao prémio, por parte do professor seleccionado, for apenas uma mentira descabelada e o nosso galardoado tiver, inteligentemente, arrecadado na sua conta bancária aquela singela homenagem, o resultado não deixa de ser, do mesmo modo, um tristonho desconsolo para a inteligência que engendrou um prémio como este.
Seria caso para se colocar esta questão pertinente: não terá o Governo escolhido mal o seu galardoado? Não estará já arrependido, ao ler aquelas linhas (e outras escritas pelo agraciado), de ter premiado um "jovem" tão irreverente? Quem sabe? (Ouvi também dizer que há um indivíduo no Governo cuja função é ler o que se vai escrevendo na blogosfera nacional).
Claro que nos restam sempre outras hipóteses para possibilitar ao Governo a fácil digestão de tudo isto, sendo uma delas (e em minha opinião a mais inteligente e, portanto, a que mais eleva a imagem dos nossos governantes) a de que, apesar de ter percebido que este professor não seria uma pêra doce para a sobremesa da Senhora Ministra, e muito menos o esperado toque da cereja a coroar as presentes reformas educativas, o Governo da Nação concedeu, ainda assim, aquela láurea ao professor, com o fim de alardear ao mundo que não se demove com eventuais rebeldias e pequenas oposições infantis de acariciados seus, e que aquilo que, candidamente, lhe fala ao coração é o tal mérito e a tal competência. Assim, o governo mostra ao mundo a sua boa-fé, a sua justiça inabalável e também a sua pujante democraticidade.
Ao mundo sim, mas a mim ainda não. Só se eu for o próximo agraciado! Fica aqui a cunha...
É que eu sou um desconfiado do caraças, mas, com um premiozito, quem sabe eu não acabo entrando nos eixos?

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