24 de fevereiro de 2008

Quinhentos bravos

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Visto daqui, a olho nu, o recente movimento de professores que se levanta contra a reforma educativa em curso parece inteligente e corajoso. O movimento escora-se em dois grandes pilares: 1- a incapacidade demonstrada por todos os partidos da oposição em perceber o que está realmente em causa na reforma educativa; 2- a alegada intromissão dos partidos (especialmente os de esquerda) nas organizações sindicais que, alegadamente, lhes fragilizam qualquer tomada de posição. Cada um destes pilares parece conter robustez suficiente para suportar futuras críticas ou acções que o movimento agora emergente possa vir a tecer ou a tomar. Na verdade, na actual conjuntura de profunda fragilidade da democracia portuguesa, tal como a entendemos, um movimento espontâneo, teoricamente apartidário, nascido das bases e protagonizado por quem, definitivamente, não se pode alhear da matéria (os professores), tem tudo para dar certo.

No entanto, o facto incontestado de parecer, a priori, uma causa racional e justa não dispensa um profundo sentido de audaciosa coragem. Por mais razão que lhe assista, o movimento não sai de casa protegido contra todas as intempéries. E, desde despedimentos sumários até processos disciplinares ou cíveis, tudo pode cair sobre as cabeças desprotegidas destes quinhentos professores que assim afrontam, sem o guarda-chuva das organizações oficiais, os poderes instituídos. E, para que castigos sérios, com raios e coriscos, possam chover sobre eles, basta que, por qualquer carga de água, a reforma do Governo venha a coroar-se vitoriosa…

Abandonando agora a invernia a que aludi anteriormente, só posso desejar que o sol finalmente brilhe sobre estes quinhentos bravos e descongele, também, os espíritos gélidos dos seus opositores.

Mandem notícias.

 

(Imagem tirada daqui)

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