Salvo raríssimas excepções, não é mais nos seus locais de trabalho, as suas escolas, que os professores procuram refrigério para as suas decepções, angústias e solidões.
Como na solitária de uma masmorra, o professor sério e reflexivo sofre hoje um isolamento institucional que o calou definitivamente, permitindo-lhe apenas vazios reencaminhamentos de um certo discurso oficial politicamente correcto.
Fragilizado como nunca, escrutinado por gente incompetente para avaliar o seu trabalho, desautorizado e subserviente, já não tem quase ninguém que lhe ouça os murmúrios e os lamentos.
É por isso que alguns professores vieram para aqui (e tantos outros lados) queixar-se, onde são lidos por muitos de nós com apreço e raiva, ambos surdos, como convém. Ouvimos então o que eles nos dizem, sabemos ser verdade, quereríamos atroar os ares com violência, mas nada fazemos ou dizemos.
Olhos eternamente presos no ecrã, sentindo nossas aquelas mágoas, ficamos quedos e mudos, em nome do que há de mais sagrado nas nossas vidinhas de hoje: o croissant e o sossego.
Perdoem a lamechice. Nunca imaginei ser capaz de escrever isto. (E não era nada disto que eu queria escrever, senhor ministro. Acredite.)
(Imagem daqui – van gogh o velho) post nº 679
a seguir: O tempo dos psicólogos…
1 comentário:
Descobri o teu blog também, que vou seguir. Parabéns, primeiro. Segundo, tens toda a razão - estamos embrenhados na vidinha,quedos e mudos. O povo português é apático, medroso, conformista e negativo. Mai nada!:)
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