E eu que pensava que a eleição de Cavaco Silva, só por si, sendo coisa boa ou má, sendo solução ou problema, acalmaria de vez a chiliquenta irrequietude dos donos do dinheiro. Para ser honesto comigo mesmo, não fiquei muito entusiasmado com a vitória do professor. Creio até que um certo langor se apoderou de mim, como quando desistimos de nadar e nos deixamos levar pela corrente que, mais adiante, se precipita em gigantesca cachoeira que sabemos existir mas não podemos evitar… Para ser ainda mais honesto, senti que este presidente não consubstanciava nenhuma das minhas utopias. Porém, aquietei-me logo que soube que só ele poderia reverter o processo de derrocada imposto pelos mercados financeiros.
Assim, o Presidente que outros votaram passou a ser também, de imediato, o meu Presidente. Devo esquecer tudo e entregar-lhe o meu destino. Devo-lhe dedicada admiração. Devo-lhe alegórico respeito…
Mas ah! Os mercados financeiros tiveram mais um chilique dois dias depois de o Presidente se impor a todos nós pela vitória, pelo carisma e pela exclusiva competência. Os mercados financeiros, mesmo depois de saberem quem iria presidir aos lusos fados, voltaram a subir despudoradamente as taxas do dinheiro com que compramos os melões. Brincadeira de mau gosto, senhores. Já não se respeita ninguém? Nem um tal Presidente?…
Post 687 (Imagem daqui)
2 comentários:
Hehehehe deve o próprio estar espantadíssimo:) maravilhoso:)
Aliás, adoro o teu blog. Ironia, inteligência, humor...E é tão popular, tantas visitas e comentários. Que bom. Fico tão contente!
Eu não tenho esse sucesso.:) Acho que há preconceito relativamente a mulheres na escrita... e se forem algo jovens, pior. Mas eu vou continuar...:) Faty
Tu tens muito talento. As nossas escritas são, obviamente, diferentes. Acho que a minha é mais desencantada, mais sarcástica, o que se compreende bem pela gravura junta. O mais importante tu já tens: um discurso claro e muito bem estruturado. Inabalável, coerente, esperto e assertivo. Como tu.
Nunca pares.
Abraço.
joao de miranda m.
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