(Imagem daqui) post nº 670 | José Duarte – uma singelíssima homenagem Não se deve obrigar ninguém a gostar de alguma coisa, do modo como as rádios me tentaram fazer gostar de hip-hop e hoje me querem obrigar a gostar de techno. Ao longo de 44 anos, José Duarte tem feito pelo jazz o que poucos fizeram, informando os ouvintes, abrindo-lhes os ouvidos para este género musical, mas jamais massacrando-os com ele. Pequenas doses diárias de cinco minutos, bem explicadas e contextualizadas, não nos aborreceram nunca, e foram acção necessária e suficiente para que eu aprendesse irremediavelmente a gostar de jazz. Desde 1966. Muitos apreciadores pensam que devia haver maior divulgação do jazz em Portugal. Discordo. A divulgação sustentada que José Duarte tem feito, uma divulgação modesta e extraordinariamente eficaz, é imprescindível, de facto, mas suficiente. O jazz não é nosso. É, certamente, um dos melhores produtos musicais que conhecemos no século XX, mas não é nosso. Veio da América, onde é uma música de massas. A meio caminho entre o rigor erudito e a expansão caótica dos sentidos, o jazz é a expressão da alma humana mais complexamente simples, mais profundamente intuitiva a que a música soube ascender. Mas não é coisa nossa, e por isso será só de alguns de nós, os privilegiados que a queiram ouvir e entender. E assim é que está bem. Não é interessante gostar do que todos gostam. Muito mais vivificante é rejeitar o que todos amam e valorizar o que todos desprezam. Para hoje, um tema de Lou Donaldson, Whiskey Drinking Woman, um blues, uma música do sofrimento, recorrente em Cinco Minutos de Jazz, de José Duarte. |
1 de janeiro de 2011
obsessões do meu ipod (25)
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