31 de janeiro de 2011

Aprovada com distinção

ActaA minha acta foi ontem aprovada com distinção, sem restrições, correcções ou adendas. Nunca percebi a razão pela qual muitos dos meus colegas se mijam todos para fazer uma acta. Para mim, uma acta é um produto intuitivo. Vomito actas por tudo e por nada. É um estado de permanente e ameaçadora iminência. Ao almoço com os amigos digo coisas que parecem actas. E por vezes são. A minha vida é uma acta. E minto e omito e retoco e simulo, tanto na acta como na vida.

Transcrevo agora um pequeno excerto da minha aplaudidíssima acta:

(…) Em cumprimento do ponto dois da ordem de trabalhos, foi solicitado aos professores que, como sempre, procedessem à necessária reflexão sobre os resultados obtidos e consequente posicionamento pedagógico para com os mesmos, sempre com o propósito de os melhorar, se, obviamente, for caso disso. Uma avaliação justa, rigorosa, sem o menor erro de natureza pedagógica ou administrativa é outra actuação primordial, profusamente recomendada pela Direcção, cujo cumprimento cabal se exige e se espera de todos os docentes. A Delegada de Grupo encorajou depois os professores a apresentarem eventuais problemas de natureza avaliativa, de que resultou a partilha de algumas, muito poucas, situações pedagógicas de solução mais delicada, como foi o caso apresentado pela docente Francelina Dominical que solicitou ao grupo um pequeno ajuste no peso da componente de produção oral. Este facto, como sempre, promoveu no Grupo a velha e recorrente discussão sobre a questão da indisciplina que alguns docentes mais visionários afiançam ter observado, em dias de muita sorte e sob conjugação astrológica favorável, etc. etc. etc. (…)

Alguém poderia apontar um defeito a esta acta? Claro que não. Preserva o são princípio de não dizer absolutamente nada. E nada mais havendo a tratar, dei por encerrado o post que, mesmo antes de ser lido por alguém, já vai assinado por mim, que o concebi e secretariei…

Post 690   (Imagem daqui)

30 de janeiro de 2011

rasmaparta se não é verdade…

apresentador

(…mais um post fútil e parvito…)

Há agora uns gabirus na televisão que nos apresentam praticamente tudo, desde programas populares a artesãos e salsicheiros e velhinhas que fazem toalhas, velas e queijadas.

Uma ocasião, numa quente e saborosa tarde de Verão, eu estava deitado na fina areia quando verifiquei que se formara, de repente, do lado do leste, um barulhoso ajuntamento, espécie de quermesse ou micarene ou baile de bombeiros, junto ao paredão. Tinham alcatifado um recinto e pousado em cima um presidente da câmara, três guarda-sois e dois vereadores, e havia miúdas a saracotear a coluna, e outras colunas pousadas no chão, de onde brotavam ganidos do cantor de charme que garganteava as cantigas de Agosto, e uma banda a suar soar, com as guitarras desligadas, que a luz está cara. E, claro, havia a providencial caterva daqueles apresentadores basto comunicantes, cursinhos tirados nas universidades comunicaciológicas, cultura colada às pressas, muito sorriso pepsodente, pouco bom senso e praticamente nenhum talento.

Vai daí aproximei-me, muito mais para ver as pernas das bailarinas (esta miopia galopante obriga-me a aproximar cada vez mais, e mais perigosamente, deus me valha, do objecto a tocar focar) do que o talento dos rapazolas tagarelas. Mas ai, um dos pepsodentes veio ter comigo e perguntou-me de onde eu vinha. Apanhado de surpresa, disse a primeira coisa que me veio aos beiços: Unhais da Serra. Aí ele respondeu muito bem, sim senhor, Unhais da Serra! E continuou o seu trabalho. E eu fiquei a pensar ufa que sorte que tive. Se tivesse dito outra coisa qualquer, talvez não tivesse acertado… mas Unhais da Serra valeu-me um ‘muito bem’ do locutor. Há tiradas de sorte…

Post 689    (imagem daqui)

29 de janeiro de 2011

coisas giras por email

email

Hoje recebi o que segue:

Grande incêndio num edifício de quatro pisos, em Paris.    Uma família de 6 Argelinos vivia no 1º andar. Todos pereceram queimados.
Uma família cigana de 8 pessoas, que vivia no 2º piso, também pereceu no fogo.
Todos os 10 membros duma família do Senegal, que vivia no 3º piso, também foram vitimados.
Um casal de Franceses brancos vivia no 4º andar. Ambos sobreviveram!
A Associação Muçulmana Árabe local já exigiu saber porque sobreviveram os brancos quando os demais pereceram.
A Liga da Raça Negra insistiu em que se realizasse uma investigação publica.
A Agência para os Refugiados e Minorias também insistiu que se levasse a cabo uma grande investigação policial sobre a actuação dos bombeiros.
Questionado sobre o assunto pelos repórteres, o Chefe dos Bombeiros foi muito claro e explícito: Os dois brancos que viviam no edifício sobreviveram, porque tinham ido trabalhar!”

Enviado por Paula Leitão

Post 688     (Imagem daqui)

28 de janeiro de 2011

Falta de respeito, bolas!

mercadosE eu que pensava que a eleição de Cavaco Silva, só por si, sendo coisa boa ou má, sendo solução ou problema, acalmaria de vez a chiliquenta irrequietude dos donos do dinheiro. Para ser honesto comigo mesmo, não fiquei muito entusiasmado com a vitória do professor. Creio até que um certo langor se apoderou de mim, como quando desistimos de nadar e nos deixamos levar pela corrente que, mais adiante, se precipita em gigantesca cachoeira que sabemos existir mas não podemos evitar… Para ser ainda mais honesto, senti que este presidente não consubstanciava nenhuma das minhas utopias. Porém, aquietei-me logo que soube que só ele poderia reverter o processo de derrocada imposto pelos mercados financeiros.

Assim, o Presidente que outros votaram passou a ser também, de imediato, o meu Presidente. Devo esquecer tudo e entregar-lhe o meu destino. Devo-lhe dedicada admiração. Devo-lhe alegórico respeito…

Mas ah! Os mercados financeiros tiveram mais um chilique dois dias depois de o Presidente se impor a todos nós pela vitória, pelo carisma e pela exclusiva competência. Os mercados financeiros, mesmo depois de saberem quem iria presidir aos lusos fados, voltaram a subir despudoradamente as taxas do dinheiro com que compramos os melões. Brincadeira de mau gosto, senhores. Já não se respeita ninguém? Nem um tal Presidente?…

Post 687    (Imagem daqui)

26 de janeiro de 2011

Se servir de alguma coisa…

dinheiroÉ voz corrente que algumas das razões da nossa degenerescência sistémica, isto é, infra-estrutural, económica, se prendem com falências sérias de duas super-estruturas funcionais: a justiça e a educação. Na perspectiva de cada vez mais interventores académicos desta área, o país não evolui economicamente porque os serviços de magistratura e de educação não funcionam.

Aparentemente, temos aqui uma inversão das teses marxistas para a compreensão racional das sociedades humanas. Segundo o intelectual alemão, o fenómeno social e cultural submete-se aos sistemas económicos predominantes e não o contrário. Ou, nas suas palavras, a super-estrutura social/política/cultural (ou seja, o regime) é resultante do modo como se estabelece a infra-estrutura económica, i.e., o tipo de relações de produção. Ou ainda: as relações de produção ditam os regimes.

Porém, ao se atribuir parte da culpa do insucesso económico de um país à sua escola ou à sua justiça, ou mesmo ao seu regime político, está-se, aparentemente, a inverter o ónus da prova. É a escola que constrói a economia ou é a economia que edifica a escola? É a magistratura que cria e domina o capital ou é o capital que dirige a magistratura? De justiça nada sei. De escola muito pouco. Apenas o suficiente para reconhecer que nunca vi nenhuma destas super-estruturas liderarem processos de transformação. Elas são, primordialmente, estruturas reprodutoras dos sistemas, espelhos reflectores das relações de produção, no caso presente, capitalistas.

Devemos saber procurar os líderes e os culpados onde eles realmente estão.

post 686       (Imagem daqui)

24 de janeiro de 2011

Profundíssima reflexão pós-eleitoral

estupidoDe repente, surgiu a polémica que se esperava: tornar ou não o voto obrigatório. É óbvio que tremi, visto que não voto desde a Constituinte e já me desabituei. Mas, atentando melhor nas propostas lançadas a debate sobre esta matéria, logo me aquietei, visto que o voto será obrigatório, sim, mas só para indivíduos inteligentes, facto que, afortunadamente, me liberta daquele detestável compromisso que, ainda por cima, calha sempre a um domingo…

Pela mesma ordem de ideias, faz também todo o sentido que os estúpidos sejam proibidos de votar. Não me digam que não há indivíduos mesmo estúpidos. Claro que há, sejamos francos. E são fáceis de detectar. Basta olhar para eles de relance: babam-se, riem só à noite, têm a cabeça em forma de cunha, uma só sobrancelha e votam sempre em professores de economia. Os que, para além de tudo isto, ainda apresentem um ar ditoso devem ser cuidadosamente evitados, ter as suas cartas de condução apreendidas e ser forçados a regressar à escola, que é lá que estão os outros… 

post 685                  (Imagem daqui)   

23 de janeiro de 2011

avaliar o trabalho colaborativo

Boa SorteEstamos de novo em plena monda avaliativa. O ano passado não houve. Deve ter sido por isso que o ano correu tão mal e que o país se afundou desmesuradamente. Está visto que basta um ano sem avaliação docente, para que o país despenque e descarrile de modo inexorável. Ah, mas este ano, não. Este ano tudo voltou ao seu lugar, os professores serão de novo eficaz e cortesmente (lê-se cortêsmente) avaliados, a paz embrulhará todos nós no mesmo absoluto lençol branco, as questões do médio oriente e da Tunísia serão resolvidas a contento, não haverá mais desemprego, nem sujeição escandalosa, nem desumana humilhação de quem procura trabalhar e ser honesto, nem haverá mais conquista, não, navegar não é preciso, viver é preciso, etc. etc. (Ivan Lins)… E tudo porque regressou benfazeja a tão dilecta avaliação docente.

E, apesar de tudo isto, ainda se levanta um tipo qualquer (no caso Paulo Guinote) que ainda não percebeu que reflectir sobre a avaliação docente é crime e, pior que isso, pode contaminar de esquisitice uma sociedade inteira que há muito deixou de pensar.

Vejam só que o autor d’A Educação do Meu Umbigo afirma, a propósito de um simples item sobre avaliação do trabalho cooperativo, não ser capaz de o preencher. Primeiro, subverte tudo, declarando que, em seu entender, não colaborar no trabalho do Grupo Disciplinar pode, inclusivamente, ser uma vantagem que ele estimaria observar em muitos dos seus pares. Caramba, meu, endoudeceste? (Para ser honesto, há muito que penso desse modo. Mas, com os diabos, um só doido, travesso e solitário, é perfeitamente absorvível pela confraria, ao passo que dois já pode não o ser tão facilmente.)

Agora, Paulo, essa de afirmar que não sabe como avaliar esse parâmetro já é demais! Oh homem de Deus, aquilo tem uns quadradinhos numa escala de 1 a 10. É só colocar o xis num deles. Percebeu?

Simples e imprescindível. (Ou será antes inevitável?)

(Imagem daqui)      post 684

reflexão

presidenciais 11Hoje estou em reflexão sobre qual o candidato que merece o meu voto. Deveria tê-lo feito ontem, mas esqueci-me completamente. O vento agreste que se ouve lá fora convida a essa mesma meditação, embora me impeça de sair de casa. Seja como for, ainda que o vendaval obstrua o cumprimento do meu dever cívico, ainda que outras razões me prendam a este sofá e a estes chinelos, a reflexão, essa, já fica feita, para futuras eleições do mesmo tipo. É que sempre me esqueço de reflectir no dia certo…

(Imagem daqui)    post 683

22 de janeiro de 2011

o humor físico e os alunos cinestésicos (1)

cinestésicoSempre me socorro do mesmo exemplo notável: o episódio em que Martim Moniz conta, post mortem, o que lhe aconteceu na conquista de Lisboa em 1147. Depois de decepado de ambos os braços, Martim pensa para consigo “Martim, a coisa não te correu bem, acho que estás definitivamente fodido”, enquanto gesticula efeminadamente com as mãos, mas, como já não tinha mãos, Martim, sentado confortavelmente na cadeira do convidado do programa televisivo “Boião de Cultura”, levanta ambas as collaneadas pernas e faz com elas o mesmo efeminado movimento enquanto pensa “Martim, a coisa não te correu nada bem, acho que estás… etc.”.  Martim exprime um pensamento com as mãos, digo, com as pernas, visto que os braços tinham sido decepados…

Riram? Não riram. Têm que ver a cena, aliás, magistralmente concebida por Herman.

Assim acontece com os nossos alunos cinestésicos. Só aprendem as coisas quando lhas dramatizam. Alunos cinestésicos fazem uma dupla imparável com o humor físico e, portanto, com professores palhaços.

Voltaremos a isto, um dia destes, quando nos sentirmos todos completamente cinestésicos… (It’s a dealer? Off shore.)

(Imagem daqui)    (post 682)

19 de janeiro de 2011

buuuum ou a venerável irritação

irritadoFiz há dias 60 anos. Não os comemorei, é claro. Comemorar o quê? A decrepitude? A solidão impenetrável? A aproximação da morte? A reforma de 800 euros? Ter sido professor? Os meus textos? A governação socialista? A social-democrata? As outras governações? O pais de merda?

Aos sessenta anos só comemoro esta minha ainda afiada língua, esta miserável prosa, este meu espírito torto, esta raiva unívoca no teclado… Ontem era voz corrente que ia morrer de cancro. Hoje inclino-me mais para uma explosão apopléctica. (Muito mais luxuosa e sublime).

(Imagem daqui)         (post 681)

17 de janeiro de 2011

O tempo dos psicólogos, psiquiatras, analistas e restante fauna terapêutica

doidoOnde estão os psicólogos que faltam nas escolas? A resposta é simples: no psiquiatra. E onde estão os psiquiatras? Em casa, trancados, com medo dos doentes. E onde estão os doentes? Em todo o lado, do mar à serra, da sala à casa de banho, trepando paredes, descendo barrocas, rasgando pulsos, matando o tempo, devorando biguemeques…

Nunca estivemos tão precisados de analistas do tecido neuronal e, no entanto, nunca os vimos tão longe…

Olhemos, por mero acaso, para as escolas públicas deste país. Professores e alunos (e respectivos pais, mães, filhos/as, esposos/as, namorados/as e amantes), administrativos e auxiliares atingiram um estado de demência sem retorno e não passarão incólumes o ano de 2011. Faz, portanto, um sentidão que as escolas contratem imediatamente uma legião daquela estirpe profissional, a menos que as queiram ver voltadas do avesso (que distracção, voltadas do avesso já elas estão).

Compreendemos que psicólogos e psiquiatras são caros e nem sempre conseguem retardar a galopante moléstia. Proponho, assim, uma solução mais modesta, com resultados esplêndidos, pelo menos em algumas sociedades: a construção, em todas as escolas públicas, de um muro das lamentações. Pode ser uma simples estrutura em tijolo burro, dotada de buracos e fendas onde os professores possam inserir papelinhos com uivos, gritos, lamentos, achincalhos, carpidos, náuseas. A senhora das limpezas se encarregará de os retirar diariamente. Não fica prometido que alguém os leia. Ainda assim, cumprirão o seu papel regenerador. Fica aqui a sugestão, visto que ainda decorre a construção de muitas escolas, modelo sócrates, pelo país fora…

Não digam que não alvitro bem e barato.

(Imagem daqui)

16 de janeiro de 2011

Sossego e croissants

prof velho van goghSalvo raríssimas excepções, não é mais nos seus locais de trabalho, as suas escolas, que os professores procuram refrigério para as suas decepções, angústias e solidões.

Como na solitária de uma masmorra, o professor sério e reflexivo sofre hoje um isolamento institucional que o calou definitivamente, permitindo-lhe apenas vazios reencaminhamentos de um certo discurso oficial politicamente correcto.

Fragilizado como nunca, escrutinado por gente incompetente para avaliar o seu trabalho, desautorizado e subserviente, já não tem quase ninguém que lhe ouça os murmúrios e os lamentos.

É por isso que alguns professores vieram para aqui (e tantos outros lados) queixar-se, onde são lidos por muitos de nós com apreço e raiva, ambos surdos, como convém. Ouvimos então o que eles nos dizem, sabemos ser verdade, quereríamos atroar os ares com violência, mas nada fazemos ou dizemos.

Olhos eternamente presos no ecrã, sentindo nossas aquelas mágoas, ficamos quedos e mudos, em nome do que há de mais sagrado nas nossas vidinhas de hoje: o croissant e o sossego.

Perdoem a lamechice. Nunca imaginei ser capaz de escrever isto. (E não era nada disto que eu queria escrever, senhor ministro. Acredite.)

(Imagem daqui – van gogh  o velho)                                                      post nº 679

a seguir: O tempo dos psicólogos…

15 de janeiro de 2011

hoje recomendo este…

insultoOuça! Você quer insultar alguém e não tem jeitinho nenhum? Não desespere. Vá AQUI e escolha. Tem quinhentos insultos qualificados e de boa cepa, para anular o voto. Escolha pelo menos dois, para o caso de haver segunda volta… Boa sorte          

                                                                               post 678 (Imagem daqui)

… e, claro, este

dragoscEu também não sabia. O Dragoscópio ressurgiu. Ressurgiu e o autor promete pancada e água à jarra na fauna dominante. Em tempos, falei aqui muito deste blog. Mas, para os que ainda não o conhecem, devo dizer que se trata de um dos mais antigos (online desde 2003) e credenciados blogs da nossa blogosfera. É também, indubitavelmente, um dos que melhor tratam a nossa língua e o que mais dignamente sabe açoitar e desmoralizar a cáfila da nacinha. Confiram, é AQUI.

 Post 677    (Imagem do blog)

14 de janeiro de 2011

Ontem como hoje… (talvez mais hoje que ontem)

Patxi Andion–“El Maestro” (com cenas do filme “La Lengua de las Mariposas”)
Em breve trarei aqui Patxi Andion, para o vermos melhor. Hoje também trago mas por outras razões, razões bem específicas, que se prendem com a atitude de ser professor, coisa que estas pobres gentes já há muito esqueceram.  E, obviamente, os poderes instituídos transformaram-na numa actividade inócua, subvencionada para o suporte prático e ideológico das suas posições.

Españolito que vienes al mundo te guarde Dios. Una de las dos Españas a de helarte el corazón. Españolito que vienes al mundo te guarde Dios. La primera manera de destruir un país es deshacerse de los que enseñan al pueblo, y eso lo hicieron muy bien.
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Un hermoso homenaje para aquellos que en tiempos difíciles supieron llevar la cultura, la verdad y la enseñanza a tanta gente, en especial a los niños (aunque estos no entendiéramos nada en aquellos momentos
)

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El ser maestro no es un trabajo sino una actitud y un estilo de vida. Animo a todos mis compañeros maestros que no mamam solo un salario sino hacen de su labor la punta de lanza para cambiar lo que esta mal.

Vivan los maestros que no educan en el sometimiento a la autoridad, ni en los valores de la patria. Los que si lo hacen (la inmensa mayoria) aun queriendo tomar una actitud altruista son los peores frenos a que se genere una nueva cultura. Lo unico que hacen es perpetuar lo establecido. No son educadores, son reproductores de un dogma.

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Hoy en chile es el dia del maestro... y al igual que en todo el mundo, la justcia y reconocimiento a su abnegada labor es una quimera. Quiero rendir un homenaje sincero a estos constructores sacrificados cuyo ejemplo es la vocacion...es hora que se les pague “los 36 meses”..y mas!

________________________________                     (Comentários sobre “El Maestro” provenientes de várias fontes na web)                       post 676

A seguir: “sossego e croissants”

10 de janeiro de 2011

… e, depois, descansar

ELOGIOLido muito bem com a crítica. Não no momento em que ma fazem, mas depois de respirar fundo durante uns dias e concluir que não é uma boa opção matar o indivíduo que ma fez. Se a crítica vier duma pequena multidão, preciso de duas semanas para evitar o genocídio.  Mas sempre consigo.

Em relação às críticas favoráveis, prefiro ouvi-las agora, enquanto estou mais ou menos vivo. Depois de morto só serviriam para me aborrecer. Vocês fazem lá ideia de como custa a um morto ter que ouvir laudata e encómios fingidos dos amigos que cá ficam, vivos, risito aflorando disfarçado no canto do lábio mordaz, finalmente livres da nossa insuportável presença!...

Suponhamos que um morto continua a ouvir, com uma espécie de ouvidos que alguns acreditam que a alma tem. E eu, de certo modo, acredito que a nossa alma tenha ouvidos, só não acredito que tenha orelhas, caramba. Que diabo de jeito teria uma alma com os seus ascéticos ouvidos rodeados de abundantes abanadores? Uma alma tem que se cuidar.

Porém, se um morto morre é porque o que ele quer é descanso e não ouvir o aranzel dos panegíricos. Fica, pois, aqui bradado que quero todos os louvores para hoje, o mais tardar até às onze, que é a hora a que me deito.

Não sou, no entanto, nada exigente em relação ao elogio. Qualquer “é um tipo fenomenal” ou “nunca houve inteligência tão lúcida” ou mesmo um simples “homem de uma sabedoria suprema”, ou ainda simplesmente “um sábio”. Coisa simples, mas para hoje, por favor. Nada de procurar arquitectar elogios mais eruditos e criativos, para mos dizerem só no mês que vem. É hoje… até à hora de dormir. E, depois, silêncio na tasca.

Post 675   (Imagem daqui)                                                 

9 de janeiro de 2011

click (1)

Belmonte

Capelas do Calvário e de Santo António, em Belmonte. Fui lá e fiz click. Chegado a casa, dei-lhe um toque de Sketcher. E vi que era bom. E fez-se tarde e manhã…                    post 674

8 de janeiro de 2011

obsessões do meu ipod (26)


mariza

Mariza – Cavaleiro Monge

Sou da primeira geração demolidora do fado. Nunca até nós o fado português tinha sido tão maltratado. Comigo, connosco, ele foi simplesmente proscrito por imprestável. E acho que o era, de facto. Ainda hoje acho que o era. Imprestável. Lastimoso e lastimável. A música que prestava estava nas baladas consequentes do Zeca, do Adriano, do Sérgio, do Zé Mário. A música que prestava vinha de Inglaterra, como um pouco antes viera de Itália e de França. Mas toda esta música morreu, ou foi repescada e traduzida por rockers que a degradaram profundamente. A minha mãe dizia-me então que eu ainda viria a gostar de fado. Como se isso fosse possível algum dia! Evidentemente daquele fado, não. Mas o fado aprimorou-se, educou-se, chamou a si a literatura e a música erudita. Deste fado eu gosto.

Mas será realmente fado isto que Mariza (e tantos outros) hoje defende nos mais exigentes areópagos do mundo?               (Imagem daqui)                 post nº 673

6 de janeiro de 2011

é só pra dizer que…

LADRAOEu não sei se todas as evidências de podridão que ultimamente têm vindo a lume sem cessar são mesmo reais, se são consequência de ganâncias extremas ou mal disfarçadas invejas, ou se são apenas ataques certeiros para derrubar adversários perigosos. Não sei, de facto, qual a etiologia de todas as torpezas e vergonhas que se avolumam grossas por baixo do pano diáfano do discurso mediático.

Se se tratar de situações verdadeiras, fica claro que vivo num país que não é o meu. Se se tratar apenas da ganância de quem ainda não tem e há muito vê os outros terem, proclamo que este país não é o meu. Se o objectivo de toda esta baixeza é apenas a luta partidária pelo poder, concluo facilmente que este não é o meu país.

O país que sei é o país dos falhados néscios a quem solidamente ensinaram as baboseiras da hombridade e da rectidão, da decência e da dignidade. Esse é o país navegador que me deixou para sempre a ver navios.

Que me desculpem todos os ladrões e embusteiros regimentados por eu ter ficado tão irremediavelmente burro…

(Imagem daqui)

5 de janeiro de 2011

bem fundadas preocupações

preocupacao Estou muito preocupado. Há dias fui tirar o cartão único. Apanhei no caminho um bocado de chuva e uma ventania de furacão, de forma que cheguei lá com os cabelos eriçados que nem gato assanhado. Tudo digital, pois claro. Assinatura, dedadas, fotografia. Não deu tempo para passar os dedos pelas melenas desgrenhadas e a máquina apanhou-me mesmo assim. Sem contemplações, sem apelo. Ainda percebi algum desassossego que a foto provocou na menina do registo civil, mas nenhum de nós moveu uma palha para substituir a inominável fotografia. Erro fatal.

Nada disto teria importância se estes novos cartões não percorressem o mundo inteiro, até irem parar algures nos EEUU, onde um dedicado funcionário analisa os trombis, as fronhas, enfim, os rostos de tudo quanto é cidadão mundial, a fim de detectar possíveis facínoras e prever eventuais ataques terroristas. Ora se, tanto quanto fui informado, o aspecto físico dos cidadãos é elemento considerável, quase decisivo, para a sua classificação como suspeitos nos arquivos da acção anti-terrorista intercontinental, não sobra nenhuma dúvida de que devo estar, neste preciso momento, numa qualquer lista negra como provável bombista, ou coisa pior. Se juntarem à insana guedelhice da minha foto doze namoradas, dois divórcios e uma vida inteira sem fé nem sacristia, pouco fica que me possa furtar à conjectura final - elemento perigoso para a civilização ocidental. No mínimo.

(Imagem daqui)

1 de janeiro de 2011

obsessões do meu ipod (25)

jose duarte



Lou Donaldson



lou donaldson

(Imagem daqui)

post nº 670

José Duarte – uma singelíssima homenagem

Não se deve obrigar ninguém a gostar de alguma coisa, do modo como as rádios me tentaram fazer gostar de hip-hop e hoje me querem obrigar a gostar de techno. Ao longo de 44 anos, José Duarte tem feito pelo jazz o que poucos fizeram, informando os ouvintes, abrindo-lhes os ouvidos para este género musical, mas jamais massacrando-os com ele. Pequenas doses diárias de cinco minutos, bem explicadas e contextualizadas, não nos aborreceram nunca, e foram acção necessária e suficiente para que eu aprendesse irremediavelmente a gostar de jazz. Desde 1966.

Muitos apreciadores pensam que devia haver maior divulgação do jazz em Portugal. Discordo. A divulgação sustentada que José Duarte tem feito, uma divulgação modesta e extraordinariamente eficaz, é imprescindível, de facto, mas suficiente. O jazz não é nosso. É, certamente, um dos melhores produtos musicais que conhecemos no século XX, mas não é nosso. Veio da América, onde é uma música de massas. A meio caminho entre o rigor erudito e a expansão caótica dos sentidos, o jazz é a expressão da alma humana mais complexamente simples, mais profundamente intuitiva a que a música soube ascender. Mas não é coisa nossa, e por isso será só de alguns de nós, os privilegiados que a queiram ouvir e entender. E assim é que está bem. Não é interessante gostar do que todos gostam. Muito mais vivificante é rejeitar o que todos amam e valorizar o que todos desprezam.

Para hoje, um tema de Lou Donaldson, Whiskey Drinking Woman, um blues, uma música do sofrimento, recorrente em Cinco Minutos de Jazz, de José Duarte.