19 de março de 2011

Não sei o que isto significa. Foi-me ditado pelo meu gato, à meia noite de hoje.

Nada é hoje demasiado sério. Pouco existe sobre a terra ou nas nossas mentes que não tenda para o grotesco. Não é suficientemente sério o imposto, o salário, o rumo, a vida, a fome, a morte. Não o é o futuro e a inquietação, não o foi o dia de hoje, não o será o que há de vir. Não é austera a dor, venerando o sofrimento, nem o Céu é respeitável, nem o Inferno é grave.

Nossa vida colectiva bamboleia, bêbada, do fútil ao inútil, sem passar pelo sensato, sem atender ao óbvio.

Mas eis que vem um tempo que não se compadece com decadentes frivolidades. Vem talvez um tempo em que o discurso amadurece e a atitude se apruma. Deve vir aí um tempo que imporá rigor nas palavras e limites no gesto. Vem um tempo em que alguém dirá, circunspecto, o essencial.

E nos calaremos todos, porque as palavras que nos eram brandas morderam os nossos lábios…

(Imagem daqui)   Post 721 

4 comentários:

Anónimo disse...

Como concordo, amigo. Há uma onda gigantesca de frivolidade disfarçada de optimismo, o que não é a mesma coisa. Brinca-se com tudo, aligeira-se, dizem-se piadas, enfim foge-se do sempre desconfortável confronto com a verdade. Optimismo não é cegueira. Ando p escrever algo sobre isso... O teu belo texto faz ecos do meu propósito...:) Bjinhos Faty

joao de miranda m. disse...

Sim, escreve. Sempre o fazes de modo mais claro do que eu. O que, de ordinário me é obscuro costumo iluminá-lo no Aefectivamente.

Anónimo disse...

Cuide-se, também nas palavras,da poupança.
Concordo contigo que a muita parra empobrece a uva. Poder de síntese, aprendemos nós, é, aliás, uma qualidade a cultivar na expressão.
Quantas horas teríamos ganho, se alguns dos nossos alunos não tivessem escrito tão pleonasticamente!

joao de miranda m. disse...

Sem dúvida, caro anónimo...