Gosto das coisas em potência. Muito mais do que em acto. O que me agrada nas coisas é o que poderão vir a ser e não o que já são. Gosto do sábado por vir a ser domingo e do trabalho por me trazer as férias. Gosto do limão por prometer limonada e do Inverno por se tornar Primavera. É melhor viver em crise sonhando com o seu fim do que sabermos que o bom em que estamos hoje apresenta altíssima probabilidade de ficar muito mau amanhã.
E há mais gente que pensa e sente como eu. Ir para a festa é melhor que estar na festa, já que o futuro de estar na festa é sair dela, ao passo que a festa é o futuro do antes dela.
Tenho ainda mais argumentos, para o caso de o meu leitor ainda estar aí:
Quando algo muito bom tem tendência a resvalar para o muito mau (o que, convenhamos, acontece muito mais vezes do que gostaríamos), esse muito bom já se tornou muito mau em si mesmo, visto que, mesmo sendo muito bom, já traz potencialmente consigo o muito mau em que se tornará em breve. O pânico do muito mau que virá a seguir já contaminou de angústias o muito bom de agora, ou, por outras palavras (tão estúpidas como as anteriores, ou, se possível, ainda mais), os momentos muito bons que estamos a viver agora já são, de facto, muito maus, mesmo antes de se tornarem no muito mau em que fatalmente se tornarão.
Não há nenhuma vida bela que não seja medonha, visto que desaguará, impreterivelmente, na morte que, como todos sabemos, é o mais estúpido deslize que um homem pode cometer em vida. E nada de conjecturas sedutoras. A morte é dos poucos exemplos sem potência designada. É um estado em acto que não contém nenhum potencial porvir, nem o seu contrário, a vida, nem mesmo algo semelhante a ela como, por exemplo, a crise, o inverno, o sono ou a aula que dei ontem ao último tempo…
Post 709 (Imagem daqui)
4 comentários:
Eu vivo o momento e não o futuro. O futuro a Deus pertence. Faço de tudo para viver bem o presente e merecer cada vez mais um futuro melhor e feliz. Trabalho porque quero ser útil e fazer algo em prol do próximo, e isso automaticamente sempre reverte em nossa propria felicidade.Nós somos os autores de nossas vidas. Cada um vive de acordo com o que é moldado. O pessimismo e a vida infeliz deixo para quem pense como a vossa excelentíssima pessoa. A morte é somente uma passagem para uma outra "vida"....
Fico mais descansado :). Não é nada fácil ser agnóstico. A vida está para os que acreditam... :)
Obrigado pelo comentário.
Grande abraço.
O autor.
Hehehehe podes crer que gosto da sexta porque a seguir vem o weekend. E que trabalho para as férias oh yes. :) Mas de certa forma há que usufruir mais o presente, para se ter algum tipo de serenidade. Temos todos de nos educar para isso, eu tb. Tenho a tendência para viver no futuro, talvez porque acredito muito nele. Mas não sou missionária como a pessoa do comentario acima. Se pudesse não trabalhar... lol Faty
hehehehe.... vamos ver quem tem o salário anual e uma qualidade de vida melhor? ou melhor o saldo bancário e menos ida a farmácia? O missionário ou a sra Faty?
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