12 de março de 2011

este fica sem título…

capitalismoChamemos-lhe capitalismo, por uma questão de simplificação de conceitos, mas poderíamos também chamar-lhe socialismo ou comunismo, embora destes últimos nunca tenhamos conhecido mais do que promessas, vislumbres, na melhor das hipóteses. O certo é que se este é o mundo projectado e construído por qualquer um dos sistemas conhecidos (ou apenas sonhados), não lhes valerá a pena embandeirar em arco. O capitalismo parece, de facto, ter-nos trazido apenas competitividade extrema e ganância a rodos.

Sejamos, no entanto justos! O capitalismo (ou outro modelo que tivesse ganho as boas graças dos cidadãos) não nos trouxe apenas isto. Trouxe também desigualdades vergonhosas, hordas de parasitas coçando escrotos (aqui só posso ser sexista, porque não sei o que mulheres parasitas coçam), bandos de tarados projectando guerras, legiões de desempregados de olhos quietos, povos inteiros condenados à mais aviltante miséria social e humana.

E, sobretudo, o capitalismo (ou possivelmente outro, mesmo de entre os que sonhámos mais perfeitos) condenou muitos de nós, à frouxidão dos ideais, à venalidade da arte, à falsificação da ética, à degradação do pensamento. A necessidade de simplesmente sobrevivermos vem primeiro e é avassaladora. Ameaça despudoradamente aquilo que no homem parece ser essencial: dispor livremente de si próprio, dos seus ideais e dos seus projectos mais nobres, na senda de uma evolução serena, a caminho da felicidade.

Tão arredio nos ficou este cenário, que parece já não fazer falta a uma imensa maioria de nós. Hoje conquistámos o bife e esperamos conquistar outro amanhã.

Na visão de Marx, já estariam hoje institucionalizadas as doze horas de trabalho semanal. Há muito teríamos extirpado dele a odiosa componente esclavagista. Há muito teríamos tempo para a inocência, a experiencia e a imaginação. Ou não.

Post 717     (Imagem daqui)

2 comentários:

Anónimo disse...

Grande texto. Está tudo dito, de forma, como sempre, inteligente, conhecedora. Desencantamento mas absoluta verdade. Resume a vida hoje em dia, com a total ausência de ideias e ideais... Adorei.
Faty

Anónimo disse...

De facto, um texto excelente, muito melhor que centenas de artigos de opinião que vemos diariamente nas colunas dos nossos jornais de referência. Viva a blogosfera, ou antes, ESTA blogosfera.

Julius