Nada é hoje demasiado sério. Pouco existe sobre a terra ou nas nossas mentes que não tenda para o grotesco. Não é suficientemente sério o imposto, o salário, o rumo, a vida, a fome, a morte. Não o é o futuro e a inquietação, não o foi o dia de hoje, não o será o que há de vir. Não é austera a dor, venerando o sofrimento, nem o Céu é respeitável, nem o Inferno é grave.
Nossa vida colectiva bamboleia, bêbada, do fútil ao inútil, sem passar pelo sensato, sem atender ao óbvio.
Mas eis que vem um tempo que não se compadece com decadentes frivolidades. Vem talvez um tempo em que o discurso amadurece e a atitude se apruma. Deve vir aí um tempo que imporá rigor nas palavras e limites no gesto. Vem um tempo em que alguém dirá, circunspecto, o essencial.
E nos calaremos todos, porque as palavras que nos eram brandas morderam os nossos lábios…
(Imagem daqui) Post 721
4 comentários:
Como concordo, amigo. Há uma onda gigantesca de frivolidade disfarçada de optimismo, o que não é a mesma coisa. Brinca-se com tudo, aligeira-se, dizem-se piadas, enfim foge-se do sempre desconfortável confronto com a verdade. Optimismo não é cegueira. Ando p escrever algo sobre isso... O teu belo texto faz ecos do meu propósito...:) Bjinhos Faty
Sim, escreve. Sempre o fazes de modo mais claro do que eu. O que, de ordinário me é obscuro costumo iluminá-lo no Aefectivamente.
Cuide-se, também nas palavras,da poupança.
Concordo contigo que a muita parra empobrece a uva. Poder de síntese, aprendemos nós, é, aliás, uma qualidade a cultivar na expressão.
Quantas horas teríamos ganho, se alguns dos nossos alunos não tivessem escrito tão pleonasticamente!
Sem dúvida, caro anónimo...
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