A 18 de Dezembro de 2007 (um pouco antes da primeira fase do descalabro educacional, provocado por Maria de Lurdes Rodrigues, que acabou por destruir a escola pública a ponto de esta nunca mais se levantar), escrevia-se aqui o gafanhoto, uma primeira abordagem à questão educativa, que transcrevo a seguir, para vos evitar o trabalho de ir lá ver.
Há um enorme gafanhoto âmbar empoleirado num dos armários da SP. Mesmo por cima dos livros de ponto. Entra gente e sai gente mas ninguém parece vê-lo. Enorme e translúcido, paira embaraçado entre o medonho e o ridículo. Remete-me, facilmente, para Abraão ou Noé, ou outro qualquer bíblico patriarcudo, comendo gafanhotos meia dose, assim a cru, nos tórridos desertos do Velho Testamento. Esta á a pose grotesca do gafanhoto da SP, alcandorado no topo do armário, equilíbrio instável, ameaçando estatelar-se. Mas quando o observo com o meu olho mais negro, vejo-o mostrengo, ferino e horrendo, despedindo lasers de âmbar e brandindo gigantescas pinças e armaduras bucais extensíveis, numa febre milenar feita de vingança e ódio.
E eu, sem despregar nenhum olho da besta ambarina, fico a delinear duas opções nesta encruzilhada: 1. Sou um professorzinho insignificante e acabrunhado e deixo que o gafanhoto me engula; 2. Sou um profeta alucinado, vagueando sequioso no deserto, e papo, de uma assentada, o gafanhoto tamanho família, para evitar baixar-me tantas vezes…
Claro que foi uma visão.
(Mas este gafanhoto sanguinolento chega em Janeiro. Asseguraram-mo hoje.)
(Imagem daqui)
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