26 de dezembro de 2010

A blogosfera, outra vez

blogosferaA blogosfera adora os comentários. Acredito que ela surgiu para provocar. Ela nasceu simultaneamente cordata e impulsiva, jovial e telúrica, pacata e inquieta. E a sua ambição mais consuetudinária terá sido sempre suscitar desassossegos, risos, afeições, desconfortos, fúrias. O blogger aprecia que o invectivem, o critiquem, o aplaudam, o censurem, o odeiem, o venerem, mas detesta que o ignorem. Ele é um tímido que quer conquistar o mundo, um ousado que morre de medo, um racional que demanda corações. Arrogante na autoavaliação, desmorona na dúvida, submerge na incerteza. Sabe-se bom, e útil, e enorme. Desconfia-se medíocre. Receia-se inútil. E precisa que o comentem, mal ou bem, mas fundo, fundo.

(Imagem daqui)

Próximo post: A colher velha na rubrica Minudências minhas

O Tralapraki fez capicua hoje: 666 posts nos seus quatro anos de vida

4 comentários:

effetus disse...

Certeiro, como sempre e de uma lucidez que impressiona!
Grande abraço, amigo de sempre!

Anónimo disse...

Tu és o psicólogo dos bloggers. Acertas sempre no problema.
E, além disso, és um grande amigo.
Um abraço do tamanho da crise.
OF

Anónimo disse...

Para além desse vasculhar constante nas profundezas da alma, há uma outra particularidade que eu "invejo" em ti: o teu manancial de palavras, sempre prontas a ilustrar os teus textos, seja a arranhar ou a afagar. Tens todas as potencialidades para te lançares na escrita de um romance: dominas a técnica narrativa,"marionetas" as palavras,fazes excursões por vários mundos culturais: música, tics, psicologia, educação ...
Quanto aos comentários, se queres mesmo tê-los, será melhor optares pelo facebook. É o que está a dar. É o tremoço da crítica. Só tens que ignorar ou fazer um clique no like e voltas à vida, a comer uma saborosa refeição naquele livro que te consome as horas de pensar.
Amirgã

Anónimo disse...

OF
As tuas palavras fazem bem, muito bem. Por isso tas agradeço. Vindo de quem vêm, e sabendo que és autoridade nesta matéria, não posso deixar de me babar um pouco. Sou humano...
Mas a literatura, tal como a entendo, eleva-se muito acima do plano onde me movo. Sinto-a sempre presente em tudo o que tu escreves, mas não a vislumbro em nada do que eu escrevinho. Só em raríssimos momentos contemporizo em aceitar no que rabisco um vislumbre precário do que ela é. Porém, mesmo não o merecendo, tenho uma leitora como tu. (E se tenho uma leitora assim, só posso ser potencialmente bom. :) )
jmm