Mandei-os vir. Os do FMI. Ontem. Para resolverem o meu problema de cash-flow. Quer dizer, de pelintrice. O seguro do bolinhas vence agora em Dezembro e reclama o pagamento da anuidade. Na verdade, tudo reclama dinheiro em Dezembro, e também nos restantes meses, todos os anos, várias vezes ao dia. Dantes tinha a certeza de que, se não saísse de casa, ninguém me extorquiria um centavo. Agora vêm a casa. Instalam-se. Levam-me tudo. Depenam-me. Espreitei para o número de três algarismos da factura do seguro. Fora de cogitação. Em Janeiro vendo o bolinhas, se alguém existir ainda com um trocado para mo comprar. E talvez aproveite para vender o T1, que nunca me serviu de nada, pois nem uma única garota consegui lá levar. E agora, nesta idade, o que para lá levo são colites espásticas e a minha mais recente companheira, a artrite reumatóide. Só consigo capital a juros de 100 por cento. De modo que a minha very peculiar Standard and Poor’s aconselhou-me a demitir (ou será só exonerar) o meu estômago das suas funções. “Ah, porque esse bicho é um sorvedouro de orçamentos, e mais isto e mais aquilo, que come como frieira atrevida, que bebe mais que o Madail e o Alberto João juntos”. Pensarei nisso depois do Natal. Para já, resolvi fazer com ele assédio moral: arranjei-lhe uma desmotivante gastrite. À noite já não come nem bebe, nem sequer deseja isto nem aquilo. Só arde. E refluxa. Mas é um corte importante do lado da despesa que pode aquietar os mercados financeiros e restituir-me o bife grelhado semanal. Sem constrangimentos nem mostarda.
(Imagem daqui - A Tragédia Grega. A nossa não é sem braços. Temo-los, de facto, mas estão de tal modo agrilhoados que é como se os não tivéssemos. Do mesmo modo, nunca pegaremos a providencial escada que eventualmente nos lancem)
Amanhã: “A Blogosfera outra vez”
Sem comentários:
Enviar um comentário