Reunião looonga, bocejo looongo, corredor looongo… Num dos extremos do velho corredor, uma jovem empregada passava a pano o vasto mosaico do chão. Aproximei-me e senti, revigorado, o perfume a lavado que o seu trabalho rescendia. Pela primeira vez em cinco horas nessa tarde, senti que alguém naquela escola fazia alguma coisa bela, conveniente, inadiável: lavava um corredor. E aqueles professores que nos retiveram cinco horas numa lengalenga institucional, tão medonha quanto impraticável, não mereceram, nessa tarde, a fruição do trabalho dessa jovem. E eu soube logo ali, de um saber certeiro e envolvente, que a escola deve reassumir, com urgência, o seu papel de ensinar alunos, deitando para o caixote mais próximo tudo o que a possa afastar deste propósito. E tudo o que eu ouvi naquela reunião a afasta, irremediavelmente, dele…
(Imagem do site de Dermeval Saviani)
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