Eu tinha sete anos quando rompeu a nova música brasileira em Copacabana e no Leblon.
Não me lembro de me ter apaixonado por ela, nessa idade. Na verdade, o meu primeiro rádio só chegou em 1959 e Bossa Nova não seria ainda matéria que preocupasse as direcções de programas musicais da época. A televisão, essa, só teve a sua entrada triunfal aqui na aldeia em 1960 (O Sr Henrique Madail, do Café Olímpia, instalou-a à janela, olhando para o exterior).
Mas ouvi muito cedo falar do joelho de Nara Leão! E só uns anos mais tarde (em 66) soube que fora Vinicius que a eles se referira com a lubricidade e a incontinência verbal que possuía (ambas e cada uma delas mais que a outra, suponho) nessa época.
Ouvi Bossa pela primeira vez no Zip, em 69, olhando extasiado para a monumental televisão do Sr. Henrique, entretanto recolhida ao interior do café. E era, vejam só, Nara Leão. Procurei, em vão, o tal joelho de Vinicius. A televisão do Sr. Henrique era, definitivamente, demasiado apudorada para o meu gosto. E o joelho de Nara ficaria para sempre oculto, lendário, mitificado. Um pouco como a própria Bossa.
Para além de Vinicius de Morais, conheci então João Gilberto, Baden Powell, Luiz Bonfá, Carlinhos Lyra, Bôscoli, Sylvia Telles e tantos outros.
Quando a Bossa se misturava com Debussiy, Ravel e com o melhor do Jazz norte-americano, rendia-me, e ainda hoje me rendo, despudoradamente, aos seus encantos.
Viva a Bossa. Está uma mulherzinha.
(Imagem tirada daqui)
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