Acontece-me, por vezes, olhar para as palavras, sobretudo as palavras que ouço, e não as reconhecer mais como minhas, como nossas, como fazendo parte de uma continuidade lexical competente, lúcida. O que leio (e, sobretudo, o que ouço) encontra-me sempre desesperadamente distante, como se alguém tivesse construído uma barreira entre os que me rodeiam e falam e dizem e fazem coisas (tantas coisas) e esta minha recentíssima inépcia de os entender.
Todos estarão, porventura, à espera que eu agora diga “vem tudo isto a propósito de…”. Mas não digo. Não vou dizer. Não se trata de sonegar informação aos meus leitores, mas antes de uma magistral burrice que adquiri à força de tanta humilhação, de tanta leviandade, de tantos factores de indignação e mágoa.
E aos que esperavam que eu concretizasse agora a razão do que escrevo, perdoem-me a frustração de os deixar assim, traídos e quase conformados.
É que não sei mesmo como me explicar melhor. Quem sabe amanhã…
(Imagem tirada daqui)
Sem comentários:
Enviar um comentário