Apesar da onda de avassaladora cretinice, de estupidez insana, que submergiu a escola pública até ao esterco abissal que hoje é, muitos professores continuam a lutar, denodadamente, pela verdadeira qualidade do ensino. Bem os vi. E como estão eles a lutar? Muito simplesmente: ensinando. Ou alguém algum dia imaginou que seria suposto que um professor lutasse de maneira diferente?
Vi-os e ouvi-os. Estavam lá, nos seus postos obscuros, low profile de todo, tentando fazer-se ouvir por cima da buliçosa agitação de alunos cada vez mais boçais. Estavam lá, maltratando as suas vozes e gargantas, alguns tiritando de febre e cambaleando de cansaço, amparando-se, doentes, no quadro, para cumprirem de pé a sua função, o seu sonho, a sua ambição. Estavam lá, inteirando-se, tanto quanto lhes é permitido, das dificuldades dos seus alunos. Lá estavam, nas aulas, nos apoios, nos intervalos, no correio electrónico, tentando penosamente cumprir o seu dever de elevar os jovens a um plano superior de dignidade.
Outros, porém, nem tanto. Mestres na arte da dissimulação, que aprenderam depressa com os seus donos, organizam dossiers de evidências para ficarem bem na fotografia final da avaliação e poderem aumentar os salários, embora diminuindo os horizontes. São os pobres filistinos do sistema, miseráveis anedotas de um equívoco chamado educação.
(Imagem daqui)
1 comentário:
Bem, acho que desta vez você lhes deu com força. Obrigado pelo texto. Muito bom.
Alexandre Bogus
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