Os professores teimam em acreditar que ainda têm alguma coisa para dizer aos jovens. Essa é a sua esperançosa perspectiva, mas não é esse, definitivamente, o entendimento dos alunos. Não se vislumbra grande coincidência entre os objectivos dos professores e os anseios dos jovens. Se queremos ter a atenção dos nossos alunos, devemos partir do saudável princípio de que nunca seremos capazes de o conseguir. Temos, é claro, a adorável muleta de podermos recorrer a cretinices chamadas warm ups permanentes, à parvoíce do lúdico transversal, às tolas estratégias construtivistas. Mas mesmo estas sandices têm os seus pobres dias contados, graças aos céus…
Se o professor traz consigo um projecto sério e racional de ensinar as ciências e as línguas, um projecto honesto de tornar claros os saberes fundamentais, sem, contudo, os desvirtuar, não terá mais que uma cabeça por turma a olhar na sua direcção. Na verdade, se o professor realmente anseia pela atenção dos seus alunos, deverá anular-se. Retire-se, delicadamente, do spotlight da sala de aula e coloque lá, em seu lugar, um futebolista, um roqueiro famoso ou um drogado. Verá então, beatificamente, a atenção dos seus alunos recrudescer sem paralelo e as suas expectativas de aprendizagem subirem exponencialmente…
(Pena que esta fauna roqueirofutebolística nada tenha para dizer a quem tanto anseia ouvi-la… Se tivesse, teríamos encontrado o binómio ideal para um novíssimo projecto educacional…)
(Imagem daqui)
1 comentário:
Agora já entendo o enorme espanto de um aluno meu, quando eu disse não conhecer o Batista.
- A professora não conhece o Batista?
Explicou-me que era um campeão de não sei se luta livre ( O Batista que me perdoe esta ignorância crassa!)
quando lhe perguntei se conhecia Lobo Antunes, respondeu-me, com uma sonoríssima gargalhada:
- Não sabia que o Antunes do supermercado se chamava Lobo.
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