Acontece-me por vezes visitar blogs ao acaso. Se estou cansado, olho primeiro para a extensão dos textos. Se forem suficientemente curtos e prevejo que não me poderão torrar demasiado a paciência, tento ler, esforçando-me por vencer o natural repúdio do ecrã. Se, além de curto, o texto tiver caracteres escuros de tamanho confortável e fundo suficientemente neutro, existe, desde logo, uma possibilidade acrescida de ficar um tempo por ali, numa viagem já levemente planificada. E aí, assesto então uns óculos protectores (que me custaram os olhos da cara, o que faz da sua aquisição um contra-senso, visto que não é legítimo dar os olhos para ficar com os óculos, embora cada um saiba de si e está provado que a lógica é cada vez mais uma matéria subjectiva e inexacta) e ponho-me à perscruta do texto, sem me importar qual é o tema. As temáticas passam-me ao lado. É-me indiferente que um texto fale de batatas de semente ou de semiótica. O que eu quero é saber como se constrói uma linha, uma força, um humor, uma constante poética, um explicar-me a vida, uma foz…
Achado isso, enrosco-me na felicidade da descoberta e vou para a cama mais rico…
(Imagem daqui)
3 comentários:
Não sei se na época em que vivemos é socialmente aceitável tal despertar da mente. ;)A felicidade não é todos emitirmos opiniões normalizadas?... ;)
:) Acho que sim. Por vezes esqueço-me disso... Beijo.
joao de miranda m.
:) acho que um dia destes precisarei de dar os olhos por uns óculos desses, se é que existem...
também gosto de boas descobertas.
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