3 de abril de 2011

Uma reflexão muito provisória (Eyes Wide Shut)

alunos
Há muito tempo que penso um sem- número de coisas sobre o ensino. Radicam quase sempre no mesmo, que se resume ao velho estandarte de que ninguém consegue ensinar nada a quem não quer aprender. Nunca vi claramente que tinha razão, mas também nunca ninguém ma tirou por completo…        jmm
De olhos bem abertos, porém vendo muito pouco, na melhor das hipóteses apenas metade do que seria desejável ver, olhamos para os nossos alunos. Olhamos e esforçamo-nos muito para que eles nos entendam, muito menos para os entendermos a eles. E passamos, seguimos, cumprimos. Depois largamos. Outros professores os apanharão amanhã (e redescobrirão certamente como os nossos alunos permanecem ignorantes e inaptos) e se esforçarão sem limites, olhos amplamente abertos, atentos aos mínimos sinais, refraseando sem parar conceitos mais ou menos ininteligíveis, carpindo as agruras de não serem entendidos, porque eles (os alunos) não os ouvem, não os olham, não os temem, não os acreditam, nãocresceram, não se libertaram do concretismo que os amarra inexoravelmente à mediocridade. De olhos amplamente abertos, porém quase sem ver, (porque já estamos a milhas de distância dos seus problemas e perplexidades, porque sabemos de um saber quotidiano que os nossos alunos não estudam, não se envolvem, não se interessam, não se deixam seduzir pelas nossas eternas técnicas de sedução), de olhos bem abertos porque queremos ver, mas sem ver, ou vendo menos de metade do que seria sensato ver, passamos por eles sem neles deixarmos vincos ou marcas, ou uma impressão de genialidade, ou mesmo uma simples lembrança, grata, reconfortante, saudosa, terna. Triste permanência esta, a do professor que, de olhos bem abertos, mas sem ver, passa pela vida e dela recebe apenas a desconsoladora recompensa de ter sido só medíocre, porque a comunicação que estabeleceu com os seus alunos só em dias muito claros e muito nítidos se aproximou do belo, do audaz, do produtivo, do persistente, do profícuo.

Post 729   (Imagem daqui)

3 comentários:

Anónimo disse...

Sim. Apesar de, pontualmente, haver um outro caso de eleição, a verdade é que o grosso dos alunos se pauta pela mediocridade. Até sendo mesmo afectuosos, o que já é bom, estão longe do ideal em termos de real conhecimento e envergadura intelectual. É penosa a missão do professor em ensinar nestas circunstâncias. Isto se fizermos uma análise séria, profunda e verdadeira. Há por aí mt boa gente - digo colegas- que parecem estar mesmo de olhos fechados. E assim se perpetua o não desejável... Faty

Anónimo disse...

Temo que esta situação seja cada vez mais a normal situação no ensino. Tudo beneficia o mediocre! Se tentamo exigir, cai-nos o santo (ME) e a trinidade em cima (pais, director e alunos)...os meninos, não pensam, não relacionam,não querem saber...mas também quem é que quer saber disso, desde que eles passem muito tempo na escola, está tudo bem, o resto é secundário!

joao de miranda m. disse...

Tem toda a razão, caro anónimo.