14 de abril de 2011

SCHOOLS R US


educação

Ponham-na a ajudar nas escolas, enfim, a fazer alguma coisa de útil à sociedade, ganhando os mil e trezentos euros que os restantes professores auferem no sistema educativo. Pode ser assim, senhores do FMI?

Chegou o FMI, certamente pronto para cortar um pouco mais nos salários dos professores, ou despedir vinte ou trinta por cento de nós, ou mesmo ambas as coisas. Certamente irá também deparar-se com a nossa frontal oposição, pois defenderemos, sem esmorecimento, o pouco que ainda resta da nossa dignidade. Precisamos, no entanto, de apresentar a Suas Excelências os Senhores do Dinheiro a nossa proposta alternativa para poupar na despesa do Estado, no que se refere à educação. E tê-la-emos na ponta da língua. E talvez então, como nunca, precisemos da tal solidariedade. E talvez então descubramos, finalmente, se essa tal solidariedade realmente existe entre nós.

No momento, o Ministério da Educação possui quatro departamentos centrais, cinco direcções gerais de educação e doze outras estruturas burocráticas na dependência directa da Ministra ou dos Secretários de Estado. Possui ainda cinco direcções regionais de educação, um Gabinete de Estudos e Planeamento, outro de Avaliação Educacional. Ostenta ainda a Inspecção Geral de Educação, um Gabinete Coordenador do Sistema de Informação do ME, um Gabinete Coordenador da Segurança nas Escolas, uma Agência Nacional da Aprendizagem ao Longo da Vida, um Conselho Científico para a Avaliação de Professores, outro Conselho Cientifico-pedagógico para a Formação Contínua, uma Agência Nacional para a Qualificação, mais um Gabinete de Gestão Financeira, sem esquecer o Plano Nacional de Leitura, a Rede das Bibliotecas Escolares e a Parque Escolar.

São “apenas” estes os elefantes acinzentados que me ocorrem no momento. São eles que gravitam à nossa volta (e não nós que gravitamos à roda deles).

Devemos, portanto, suplicar aos senhores do FMI que, encarecidamente, retirem as suas digníssimas manápulas dos depauperados bolsos dos professores e optem antes por limpar toda a escumalha inútil e corrosiva que gravita à volta das escolas públicas. Ponham a trabalhar aqueles que nada fazem. Os alunos de agora estão difíceis de aturar. E a canalha que, de costas ao alto, consome o erário público sabe tão bem disso que nunca lhes passou pelas preclaras cabeças oferecer-se voluntária para ir dar aulas ao 7ºB. Por que será? Se desdobrarem as turmas actuais, talvez possamos fazer um trabalho melhor. Vejam toda a súcia que se recosta nos organismos educacionais, aparando unhas no intervalo do café! Ponham-na a ajudar nas escolas, enfim, a fazer alguma coisa de útil à sociedade, ganhando os mil e trezentos euros que os restantes professores auferem no sistema educativo. Pode ser assim, senhores do FMI?

De que precisamos nós, afinal? A resposta é simples: de escolas, de alunos, de professores, de alguns auxiliares, de uns poucos administrativos; de um departamento central que pague os nossos ordenados e gira os concursos do pessoal docente e de outro que elabore programas a sério e produza as provas de exame; três direcções regionais, que representem o prolongamento do Ministério no Norte, no Centro e no Sul. Mais que isto será despesismo e pedantice.

(Imagem daqui)    Post 737

2 comentários:

Anónimo disse...

Só posso dizer:" Afundaste o porta-aviões...". Adorei e subscrevo na íntegra. PG.

Anónimo disse...

Esse gigantismo bacoco e balofo é uma das razões deste afundanço.
Muito boa a tua reflexão! Eficaz é que não!
OF