Vem aí o Natal, uma das épocas mais propícias à exteriorização da alegria e de outros comportamentos idiotas. As cantoras do grupo disciplinar prepararam uma linda festa para as crianças (por enquanto felizes, por ainda não pertencerem a escola nenhuma). Mas o grupo disciplinar, além das referidas cantoras, inclui também um professor desajustado, absolutamente irrelevante, de voz indizível e presença surreal, incapaz de subir a um palco ou mesmo de ficar muito próximo dele.
Linda a festa. Aplausos dos comensais, de orelha tão romba quanto afiado o apetite. Fotografias-atestado para o registo de evidências da área de empenhamento pessoal da avaliação docente. E o prof não-cantor, sentado à mesa, esperando já ansioso o bacalhau, acabrunhado, low profile, sofrido, sumido, reza baixinho para que tudo acabe logo. E os convivas que o ladeiam a mostrar interesse em saber por que razão ele não está no palco e de que modo, afinal, colaborou ele no evento. E o nosso prof restante, o não-cantor, a responder que suara a camisola da escola muito mais que muitos outros. E os outros a reclamar uma explicação melhor. E o prof restante a explicar que tentara, cem vezes e sem sucesso, convencer as colegas a ficarem caladas na ceia de Natal…
(Imagem daqui)
1 comentário:
"O que aparece não é", dizia a minha mãe.
Por outro lado, quase ninguém questiona a qualidade do produto sob os holofotes. O que interessa são mesmo os holofotes, as letras nos jornais, os dossiers, a pose e as mesas de natal aboborescamente engalanadas. Assim "vai passando a procissão".
Abraço
OF
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