21 de julho de 2010

Repescando tralices

02-relogio Apesar da onda de avassaladora cretinice, de estupidez insana, que submergiu a escola pública até ao esterco abissal que hoje é, muitos professores continuam a lutar, denodadamente, pela verdadeira qualidade do ensino. Bem os vi. E como estão eles a lutar? Muito simplesmente: ensinando. Ou alguém algum dia imaginou que seria suposto que um professor lutasse de maneira diferente?

Vi-os e ouvi-os. Estavam lá, nos seus postos obscuros, low profile de todo, tentando fazer-se ouvir por cima da buliçosa agitação de alunos cada vez mais boçais. Estavam lá, maltratando as suas vozes e gargantas, alguns tiritando de febre e cambaleando de cansaço, amparando-se, doentes, no quadro, para cumprirem de pé a sua função, o seu sonho, a sua ambição. Estavam lá, inteirando-se, tanto quanto lhes é permitido, das dificuldades dos seus alunos. Lá estavam, nas aulas, nos apoios pedagógicos, nos intervalos, no correio electrónico, nos blogs de apoio, tentando penosamente cumprir o seu dever de elevar os jovens a um plano superior de dignidade.

(Outros, porém, nem tanto. Mestres na arte da dissimulação, que aprenderam depressa com os seus donos, organizam dossiers de evidências para ficarem bem na fotografia final da avaliação para poderem aumentar os salários, diminuindo os horizontes. São os pobres filistinos do sistema, miseráveis anedotas de um equívoco chamado educação.)

(Há três anos, neste mesmo blogue)

2 comentários:

Ana Sanches disse...

Eu apanhei os "outros" em algumas disciplinas!

joao de miranda m. disse...

Acredito piamente... :)
beijo.