Estão-me a dizer que não vislumbram outra solução. Vamos todos, definitivamente, ter que cortar a televisão, o telefone, a Internet (juntamente com o facebook e o farmville e as correntes de solidariedade e aquelas incontornavelmente ubíquas apresentações de powerpoint cheias de decrépitas fábulas moralizantes). Vamos ter que viver sem o 3D (e o 4D e o 5D, que já devem estar na forja). Vamos vender os telemóveis e os ipads e os pdas e pdes e pdis e restante fauna cibernética. Vamos afastar-nos decididamente do automóvel que nunca mais conseguimos pagar e dentro do qual teimamos permanecer. Vamos pregar o calote nas companhias de gás, água e electricidade, dizer adeus ao duche diário e aos motores que regam o nosso jardim, dispensar a cozinha e passar a comer figos e erva crua. Vamos fechar as nossas depauperadas mas persistentes contas bancárias e despedir por justa causa os nossos imprestáveis e obsoletos gestores de conta. Vamos recuperar os nossos sapatos do casamento, os fatinhos da comunhão e as gravatas dos nossos divórcios. Vamos vestir de novo a velha roupa que tínhamos empilhado para seguir para Angola. Vamos ficar surdos à importação, cegos às novidades e mudos à situação politico-económica. Vamos fechar a porta a todos os cobradores e abrir a janela ao ar puro, produto raro mas insuspeitamente grátis.
(Combater a crise! Que delícia! Que libertação! Que felicidade!)
(Imagem daqui)
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