A propósito disto, lembrei-me de que há gente demais a querer demolir o Estado. No dizer de Pacheco Pereira e de muitos outros (mais do que seria desejável) afáveis empreendedores neoliberalengos, o Estado acabará por sucumbir redondo aos pés do mercado, do dinheiro, do poder económico, do laissez passer, da comandita financista.
Há muito que desconfiávamos disto, mas agora é um ex-comunista inteligente e neo-pensativo que o diz, preto no branco. E ainda que não pudéssemos usufruir da desusada clarividência de JPP, não teríamos mais razão para duvidar, visto que se aproxima, em sobrecasaca alaranjada, a governação neoliberal por excelência, que será pelo menos tão incompetente como a que agora temos.
Providencialmente, a questão da venalidade e da aquisitividade sem limites só se colocou, até agora, em relação à PT, ou seja, a companhia dos telefones, sem a qual todos poderemos continuar a viver sem grande prejuízo para a Pátria, para a barriga ou para a barriga da Pátria. Mas a ânsia capitalista não conhece fronteiras temporais, espaciais ou éticas. Depois das comunicações, os capitalistas endinheirados comprarão a electricidade, a escola, a água, a justiça, o ar que respiramos, o amor que damos de borla e a sombra que nos refresca.
E, envergonhada de um dia ter existido, já não haverá golden share que se lhes oponha.
(Imagem daqui)
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