A lambreta na literatura portuguesa (parte 2)
O segundo momento em que a lambreta toma conta da literatura portuguesa é com António Gedeão que Antónia Tonicha, under José Niza e José Calvário, cantou, de forma swingada, na Fala do Homem Nascido, opereta em LP de 1972. A Leonor da verdura camoniana, uma Leonor renascentista, fresca, depilada, descalça e não segura, funde-se com a Leonoreta da Idade Média, igualmente bela sobre toda frol, e ambas se agarram agora à cintura excessiva do piloto, presumivelmente Zezé Camarinha, encantador de medusas, milfs e marés nas praias algarvias, e pincham no banco traseiro, formosas, seguras, esvoaçantes e douradas.
O poema é pobre e demasiado veloz. Estonteia. Não dá tempo para ver com calma as curvas da estrada e de Leonor(eta). E se aquelas não me fascinam por aí além, estas mereceriam certamente uma atenção mais cuidada por parte do poeta. Mas eis que já se desenhava no horizonte a fugacidade, leveza, imponderabilidade e inconsequência do processo analítico. Leonoreta e a lambreta mostram-se em takes voláteis como clips da MTV. Como mulheres interessantes quando temos 60 anos. Tudo o que vemos é a estrada por onde, fugidias, elas se esgueiraram. Quando abrimos os olhos, só há rotundas, políticos, placas, chatices e semáforos. (Vermelhos).
Post 865 (Imagem daqui)
2 comentários:
Desconhecia a canção da Tonicha, mas a lambreta faz-me recuar no tempo e imaginar como seria "la dolce vita" em cima de uma lambreta atrás de um belo ragazzo a percorrer as ruas de Roma. Tal como o filme "Férias em Roma" com Audrey Hepburn e Gregory Peck. Marla
Olá...O que mais me custa é o facto de eu ter tido uma em 1973 (uma Vespa), e ela não me ter servido para nada do que referes. Só servia para ir de casa até o liceu de Aveiro, onde nem sequer havia miúdas. Mal empregada lambreta... (tá certo que o belo ragazzo não era assim ragazzo, era o que se podia arranjar, enfim, tinha 20 anos...)
Grande abraço. :)
joao de miranda m.
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