(Continuado daqui)
Tratava.se, pois, de avaliar o Pedro. O Dr. A. Rasca suspirou, desalentado. P Pedro tinha-lhe feito um só ponto positivo, baixinho, e então o Dr. Ruboredo pôs-se, naturalmente, a questão do seu próprio desempenho didáctico. Rebuscou na lembrança à procura de falhas, na gaveta à procura de folhas, no armário à procura de fichas! Mas só encontrou o costume: uma muralha inexpugnável de vulgaridades e ancestrais normalidades, a noção rígida de que tudo sempre fora assim e também de que nunca melhorara nos momentos curtos em que deixara de o ser. Para além disso, a urgência era avaliar o Pedro e não a si próprio ou ao sistema de avaliação de Pedros e de A. Rascas.
“Mas o puto não pode ter positiva! Brincou demasiado. Não foi ele que pôs os grilos no livro de ponto e os cornos no crucifixo? Não foi ele o promotor de vários incidentes diplomáticos entre professores e professoras, que quase conduziram a namoros, casamentos ou tragédias ainda piores?”
“Ah, o Pedro, coitado! Pensando melhor, no cognitivo até se pode justificar o 3. O Pedro é esperto e terá um 3, pelo facto de ser inteligente. Afinal, a inteligência é que vale. Não é o objectivo principal da educação desenvolver capacidades? Que fazer quando um aluno já as tem desenvolvidas? Envolvê-las de novo?”
Já que se falou em objectivos, aí está o Professor A. Rasca à rasca com as formulações em Mager, Gagné, Brigs, D’Hainaut, Landsheere! O Pedro terá aflorado algum objectivo de maestria? Estaremos nós a exigir-lhe alguma espécie de transfer? Ruboredo saiu. Pensou num manual: “Como Avaliar Pedros” de Cristina Marques e Joao de Miranda M. Estava tão esgotado como João Ruboredo Almeida Rasca. “O Pedro terá um 3 e está dito”. E foi dormir, quase descansado.
Post 866 (Imagem daqui)
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