O fait-divers da pieguice, tal como todos os outros faits-divers dos nossos políticos, voltou a ser aproveitado no mau e no bom sentido. Foi aproveitado no mau sentido quando o povo, por pura pieguice, deixou de dormir naquela noite, revoltado contra o insultuosíssimo vitupério proferido pelo nosso atrapalhado primeiro-ministro. Foi aproveitado no bom sentido, quando o mesmo povo se aplicou à produção de piadas mais ou menos cretinas, mas piadas, enfim, e uma piada é sempre muito bem vinda, mesmo quando pobre e subalimentada. Entre estas está a introdução da palavra Piegas como nome do meio (Francisco Piegas da Silva Lopes), ou o facto de muitos dos que ostentavam desde o baptismo o nome de Viegas passarem a escrever Piegas nas redes sociais. Primárias? Sim, claro, primárias, mas simpáticas na sua ingenuidade. A cereja das larachas chegou-nos, enfim, com o cartoon do Becas e do Egas que se sentia muito 3,1416… E pronto. Seria suposto terminar a polémica 24 horas depois. Mas não. Se pesquisarmos pela palavra piegas encontraremos, no mínimo, 8 páginas, todas remetendo para comentários mais ou menos boçais, mais ou menos azedos, todas empolgando o insultuoso epíteto aplicado pelo primeiro-ministro ao seu sentimentalóide povo. Mas eu não. Eu jamais chamaria piegas ao povo. Eu chamo ao povo é BESTA de carga, isto para ser politicamente correcto. Besta de tiro, mas com orelha assombrosamente sensível à mosca e à | palavra “piegas”. Quando será que o cretinismo militante deste povo lhe permitirá fazer as perguntas certas, ouvir as pessoas certas, ler os livros certos, seguir os raciocínios certos, para tentar descobrir de vez se há, de facto, ou não, uma solução plausível para o país, para além da pieguice de Coelho ou da miséria financeira do Senhor Presidente da República? Afinal, há solução para nós, povo burro, ou não? Quem tem uma? É boa? É viável? Se há, se é, deitemos abaixo Passos e Merkel e restantes chibos anacreônticos. Se não há, agradeçamos a Passos Piegas Coelho pelo facto de, pelo menos, ter uma. E, com pieguice ou sem pieguice, com presidentes sem dinheiro para alfinetes ou um país sem dinheiro para os alfinetes do presidente, ou alfinetadas tolas no governo ou no presidente, ou piadas de péssimo gosto a acentuar mais e mais a burrice deste povo cronicamente estúpido, que nada vê do que acontece e jamais entende o que acontece, mesmo quando o vê, façamos todos, vá lá, um pequeno esforço de inteligência para compreender que tempos e que modos serão estes. Entender não passa por perder tempo com pieguices e faits-divers. Entender exige trabalho, esforço mental, estudo, perspicácia e análise profunda de todos os indícios disponíveis. (E estes são, de facto, muitos, escondidos atrás das cascas de banana com que nos vão atravancando o caminho…) |
1 comentário:
:) Muito bom, João. O humor que perpassa não deixa de dizer a verdade a sério. Adorei a definição de entender... Bjinho grande
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