Hoje encostei de novo na beira da estrada para de novo comprar cerejas. Que não, que já não tinha, que o tempo das cerejas acabou…
Devolvi-me à viatura, tão taciturno e triste como tarde de Outono.
É sempre assim: quando as cerejas acabam é como se, de repente, se apagassem os lumes do desejo. É o começo anunciado da subvida, levada a rojo, prostrada a quase morte. Não haver cerejas é como não haver o alento rubro das palavras.
Sem cerejas, como encadearemos as conversas?
(Imagem daqui)
1 comentário:
Tal e qual...
Quando as cerejas acabam, sabemos que terminou aquele tempo intemporal das manhãs frescas e das tardes quentes...
Sabemos que se aproxima o tempo da praia e a altura de desengavetar os calções de banho já desbotados...
Sabemos que o tema da conversa vai ser apenas: "Ah, que dia bom de praia..."; ou então: "Que raio de tempo, nem parece verão!".
Acabarem as cerejas é acabar um pouco da nossa felicidade.
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