Quero sair do ensino. Não sirvo mais para isto.
Curem-me de todas as maleitas que aqui apanhei, dêem-me uma barrica voltada ao sol e eu fico lá dentro, escarrapachado, quedo, a espreitar, indiferente, como segue a Educação em Portugal. Prometo ficar a ver, sem adormecer, mau grado o sol nas ventas, o desfilar atribulado das reformas, dos reformadores e reformistas, revisores e revisionistas, mas sem ter de intervir, pactuar, objectar, corrigir.
Dêem-me um prato de caldo ao cair da tarde e a dignidade de um anacoreta.
Ao diabo os vossos prémios ignóbeis e o divisionismo impudente que criastes entre nós, que eu quero sair de vós, fugir de vós, cair, amochar, subjazer-me.
Quero livrar-me deste insustentável grilhão que me prendeu trinta anos à perna de uma mesa, olhar aparvoado, recebendo migalhas e sonhando terras prometidas que nunca me foram doadas.
Quero que o ensino saia de mim, me esqueça, e leve com ele todos os penachos ridículos de que hoje se enfeita…
(Mas se um dia nele reentrar a seriedade, que alguém me diga “volta, há que fazer”).
1 comentário:
Publicamos uma análise que identifica as principais razões da crise educativa nacional, e indica o caminho à saída. Esperemos que o Governo saiba ouvir a voz da Razão, deixando de insistir nos métodos de ensino cientificamente inválidos. Basta de ironias. Devemos exigir que o Governo actua.
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