Isabel Jonet esteve num canal de TV agora mesmo. Traçou uma panorâmica hiper-realista da sociedade portuguesa. Não deixou ninguém incólume. Falou das falcatruas e da falta de transparência dos políticos portugueses, incapazes de liderar uma cortelha de galinhas, quanto mais uma nação inteira oprimida por uma crise internacional. Isabel não deixou imune nem o banqueiro ambicioso, nem o lavador de dinheiro, nem o traficante de influências, nem mesmo o povinho néscio que se deixou catequizar pelo conceito de um capitalismo poderoso, democrático e abrangente – um povinho provinciano que achou que era rico, quando os ricos lhe permitiram a entrada no clube.
Falou de uma juventude desempregada e sofredora e contudo ainda parvinha, rebolando-se, bêbada de ignorância, nos relvados dos concertos de rock. Falou dos pais cretinos dessa juventude que lhe pagaram o bilhete. Falou de uma sociedade desarticulada, boçal, néscia e malcriada que não ouve ninguém a não ser os poderosos, os ricalhaços, os famosos, os futebolistas e os cantores cana-rachada da mais destemperada e primária “música” que se conhece.
E não esqueceu um povo tão corrupto e incompetente como os seus líderes, mas que não aceita nenhuma culpa e espera que alguém na Europa lhe resolva o problema que lhe criou. Não se esqueceu de que, no meio desse povo ascético e inocente, nasceram víboras que maltratam velhos e deitam fogo às terras dos pobres, pelo simples facto de que não são suas.
Enfim, ficou-se por estes aspectos, por falta de tempo, mas disse mais que o suficiente para quem quis ouvir e aprender.
Post 848 (Imagem daqui)
3 comentários:
Sem dúvida. E o pior é que não estamos dispostos a ser diferentes.
Muito bom. Subscrevo. Tantas vezes disse e escrevi que a sociedade - o povo - não está isento de culpas, muito pelo contrário. Parvos e incompetentes,é mais fácil sacudir a água do capote...
Que nunca te doa essa pena cáustica e corrosiva! Se de pouco serve, ao menos não dá cobertura a este pantanal!
Abraço!
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