A sociedade não está dicotomicamente dividida entre ricos e pobres. Nem entre feios e bonitos, nem entre inteligentes e estúpidos, nem mesmo entre sexualmente bem e mal dotados, embora esta última clivagem seja, entre todas, de longe a mais constrangedora. Não há mais maniqueísmo em nenhum destes tópicos. Todos somos diferentes na igualdade e semelhantes na diferença. Todos nos deixamos penetrar (em todos os sentidos, excluindo o sexual, por enquanto) por amplas gradações dos mesmos descritores sociais, todos partilhamos todos os parâmetros, todos comungamos do mel e do fel pessoal e social e não parece haver mais purezas absolutas, identidades perenes, individualidades monolíticas. Somos uma contaminação colectiva, embora não necessariamente recíproca.
Mas há uma dicotomia que prevalece. Só uma. A que separa os cidadãos que vão receber décimo terceiro e décimo quarto meses dos que nem a cor lhes verão. Ou, por outras palavras, há a fronteira inexpugnável entre as pessoas que recebem 1099 euros e as que recebem 1100. Os primeiros receberão por ano mais dois salários de 1099 euros (um total de 2198 euros) o que perfará 15 386 euros anuais. Os segundos terão auferido, no final do ano, apenas 13 200 euros, apesar de pertencerem ao grupo dos mais favorecidos, ou seja, os que ganham uns fabulosos 1100 euros. Ficou complicado? Maniqueísmo é complicado, senhores…
Post 798 (Imagem daqui)
1 comentário:
Bem visto, amigo:) Trata-se de uma dicotomia muito injusta. Uma clivagem do caraças, já agora, para tentar tanta graça como tu::)) Bom domingo***
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