revisão: foram corrigidos hoje vários erros ao longo da presente página.
31 de agosto de 2010
30 de agosto de 2010
repescando tralices
Hoje recuo até Outubro de 2008, para vos lembrar um post que aqui passou, obviamente despercebido, como quase sempre. Atenção: não existe aqui nenhuma baforada de despeito. O post passou despercebido porque, porventura, não passa de um post irrelevante, medíocre, enfim, mau. Seja como for, na presente situação de preguiça e de inépcia que as férias sempre me provocam, ele surge como a solução airosa que procurava desde hoje cedo. Cliquem aqui e vão lá ler “A minha Cobardia Reside Nisto”, se a vida vos deixou hoje de lado.
29 de agosto de 2010
o cybook opus da bookeen
Adquiri há alguns dias outro leitor de ebooks – desta vez o Cybook Opus da Bookeen. Comparativamente com o PRS 600 da Sony, algumas diferenças saltam de imediato à vista: o preço deste é bastante mais interessante – com portes, pouco passa dos 200 euros; o contraste é notoriamente mais acentuado, possibilitando, apesar do seu exíguo monitor de 5 polegadas (contra as 6, do Sony), uma leitura mais agradável. Esta característica de um melhor contraste e, portanto, um melhor conforto visual quando lido sob luz frouxa, deve-se sobretudo ao facto de não possuir a tecnologia touchscreen. As páginas têm que ser viradas a partir de dois botões oblongos colocados do lado direito da unidade. Possui uma memória de 1 Gb e pode comportar até mil livros de volume médio. | Não possui leitor de música. Lê os formatos mais comuns, tais como o epub e o pdf, o html e o txt. O formato docx tem que ser convertido para pdf (existem online bons serviços gratuitos para o efeito). Prefere, de longe, o epub e emperra um pouco em alguns formatos pdf. Os livro grátis apresentam por vezes algumas características estranhas, como intervalos esquisitos entre parágrafos ou mesmo linhas com uma só palavra. Trata as imagens melhor que o PRS 600, visto que lhes atribui melhor contraste. A orientação portrait/landscape é feita de modo automático, bastando para isso mudar a posição do aparelho. É suficientemente rápido a virar as páginas e a procurar livros pela primeira vez. (Muito melhor que procurá-los numa prateleira. Pelo menos se se tratar da minha…) |
acabaram as férias
Ao longo de todo o mês de Agosto, aqui vim, diariamente, desejar-vos um bom dia. Agora venho desejar-vos um óptimo regresso ao trabalho (desculpem a incongruência). Na verdade, não existe tal. O regresso ao trabalho nunca é óptimo. Pode, quando muito, ser perfeitamente suportável, mesmo para os workaholics. Mas pensem nisto: as férias só são boas porque existe o trabalho, tal como a morte só se aceita porque podemos viver pra burro, antes de ela chegar. Além disso, pensem que só faltam 330 dias (88 dos quais são fins de semana) para que as férias regressem de novo em toda a sua plenitude. Que os vossos corpos arrostem pacientemente com o intermezzo e que as vossas almas saibam tirar o máximo partido daquilo que nunca se conseguiu chamar viver – o período de trabalho. Enfim, sejam felizes, porra. E aguentem, carai!
25 de agosto de 2010
24 de agosto de 2010
23 de agosto de 2010
22 de agosto de 2010
21 de agosto de 2010
Dinheiro deitado fora…
Era de supor que, depois de almoçar um bom almoço, generosa e religiosamente regado a sangue de Cristo de qualidade superior, eu ficasse mais consentâneo com o mundo. Seria de esperar que conseguisse ver um programa da sic sem me exasperar, ouvir um político sem estrebuchar ou estar meia hora com os meus colegas professores sem me arrepender de ser um deles. Descobri hoje que isso não está a acontecer.
(Não vale, pois, a pena investir tanto em vinho. Qualquer zurrapa obterá o mesmo resultado…)
20 de agosto de 2010
19 de agosto de 2010
18 de agosto de 2010
17 de agosto de 2010
Desapaixonadamente, o PRS 600 da Sony
Adquiri recentemente o PRS 600 touch edition da Sony. De todas as referências que li e vi sobre o gadget, nenhuma se mostrou, quanto a mim, verdadeiramente confiável. Umas porque eram óbvias propagandas do produto e outras porque o apresentavam de modo mais ou menos apaixonado, poucas foram as que analisaram o produto de forma rigorosa e desmistificadora. Vou eu tentar fazê-lo agora, visto que já possuo o aparelho há três semanas, tempo suficiente para começar a apreciar nele o que ele é e não o que desejaria que ele fosse.
A primeira conclusão que devo apresentar a todos quantos desejem adquiri-lo é a de que o gadget não é bom nem é mau. Faz, de um modo apenas aceitável, aquilo para que foi criado – ler livros electrónicos.
A primeira mistificação que nos é apresentada pela propaganda refere-se à duração da bateria. Oito mil virares de página, diz o fabricante. É absolutamente falso. Depois de carregada ao máximo (o que de facto se consegue em menos de 4 horas por ligação USB), dispus-me a ler um livro, no caso “Three Men in a Boat”de Jerome K, Jerome, que, no formato Epub e na fonte de tamanho médio (visto que o tamanho por defeito é ilegível na sua pequenez), apresenta 175 páginas. Não usei nenhuma outra função do aparelho, à excepção do virar de página, quer por meio da tecla de avanço, quer por meio do toque no ecrã táctil. Ao longo de 5 dias consegui concluir o livro. Porém, o que sobrou da bateria foi quase nada, a ponto de, uma vez reiniciado, o aparelho requerer de imediato nova carga. Posso, pois esclarecer os eventuais compradores que os 8000 virares de página por carga de bateria é pura mistificação. Uma carga de bateria dá para ler um livro médio e há que ser muito frugal no manuseamento.
Outra mistificação é a chamada tecnologia e-ink ou e-paper. Tratando-se de um écran táctil, o contraste fica seriamente comprometido. Não posso dizer que não seja possível ler, já que podemos aumentar o tamanho da letra, o que corrige parcialmente algumas limitações devidas à falta de contraste. Não é, no entanto, nada do que afirma o fabricante. São apenas letras cinzentas escuras sobre fundo cinzento um pouco mais claro. O Sony 550 possui melhor contraste, visto que não recorre a tecnologia touchscreen, o que o torna certamente mais apetecível neste ponto.
Outra limitação deste gadget é a quantidade de formatos que lê sem problemas, que é muito reduzida. Lê bem o formato BBeB da Sony, o Epub, o Doc, o TXT, o RTF e o PDF. Porém, não lê o HTML, pelo que é necessário proceder à conversão deste formato para Epub, por exemplo, o que leva o seu tempo e atenta contra a paciência dos leitores.
A leitura de imagens é pobre. A ausência de contraste transforma todas as fotos em uma massa desfocada e desinteressante, pelo que não vale a pena tecer expectativas à volta desta função.
Nem tudo é mau. O ecrã não cansa a vista, ao contrário do que acontece com os ecrãs frequentes rectro-iluminados. Se houver boa luminosidade ambiente, pode-se dizer que o ereader cumpre a sua função. Com luz artificial, ainda que incidente, a leitura fica um pouco mais desconfortável. O som é soberbo, embora deite abaixo a bateria em menos de um fósforo. O tópico ouça música enquanto lê perde todo o sentido em face do que se pretende de um ebook reader – levar connosco uma centena ou duas de livros e ficar duas semanas lendo, sem ter que o recarregar. O PRS 600 está ainda a milhas deste desiderato. Tem, de facto, ainda muito trilho a percorrer.
Enfim, o gadget é bonito, quase todos os clássicos estão disponíveis gratuitamente, é possível comprar best-sellers em algumas livrarias. Faz sentido que rapidamente as editoras portuguesas se debrucem a sério sobre o leitor de livros electrónicos e disponibilizem a cultura e a informação a um preço muito mais razoável do que a que se vende em papel tradicional.
16 de agosto de 2010
15 de agosto de 2010
14 de agosto de 2010
13 de agosto de 2010
O professor desmemoriado
Entre os professores menos jovens (um pouquinho menos jovens, enfim, como é o meu caso) a falta de memória é uma situação constrangedora mas ao mesmo tempo contraditória: se, por um lado, ela representa um atentado bem sucedido à nossa competência profissional (um professor sem memória serve para quê?), por outro lado, ela sabe esconder-se criteriosamente sob o manto diáfano da fantasia que ainda dita que o professor sabe sempre tudo (valha-nos Deus) e que todas as suas limitações aparentes não passam do seu proverbial bluff educacional.
Ser professor de línguas é, notoriamente, uma profissão crítica nesta matéria da desmemorização, como se sabe. Quando um falante esquece um vocábulo, sobretudo no plano do léxico activo, isso compromete em parte (ou no todo, Santo Deus), a eficácia do discurso. Ah, mas tenhamos calma: no meio do discurso, nos momentos cada vez mais frequentes em que a memória nos falha, podemos sempre pedir auxílio aos alunos, implorando-lhes a palavra que falta ou o redireccionamento do discurso em que nos perdemos. Eles vão continuar a achar que estamos a desempenhar o tradicional papel (de pedagogia duvidosa, sabe Deus) do professor que faz perguntas para os avaliar e não pela simples e cruel razão de se ter esquecido da matéria…
Daí a contradição: no professor, a desmemorização tanto se manifesta de modo fulgurante como se esconde de modo providencial.
(Imagem daqui)
12 de agosto de 2010
a palavra dos outros
Henrique Raposo escreve aqui um artigo intitulado Magalhães – uma pequena desgraça. Refere o articulista um estudo de dois economistas americanos que, tendo fundamentalmente a Roménia como objecto do dito estudo, concluíram que a distribuição de computadores pelas crianças romenas não atenuou as diferenças entre pobres e ricos, nem acrescentou sucesso ao sistema educativo, muito pelo contrário. Claro que estratégia tão besta não poderia obter resultados que o não sejam. Será que precisaríamos de longos estudos, feitos por cabeças de QI desmesurado, para chegarmos a uma conclusão tão óbvia? Os Gato Fedorento chegaram lá no dia seguinte e todos os professores portugueses a atingiram ainda antes de os computadores serem efectivamente distribuídos em Portugal. Só as iluminadas cabeças dos governantes é que não.
11 de agosto de 2010
10 de agosto de 2010
8 de agosto de 2010
5 de agosto de 2010
4 de agosto de 2010
obsessões do meu ipod (17)
Regresso hoje a Elis Regina. Na verdade, não se regressa a Elis, porque, de certa maneira, nunca se sai dela completamente. Aqui são as Folhas Secas, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito.
(Imagem daqui)
a palavra dos outros
Socorro-me, mais uma vez, daquele que é, quanto a mim, o blogue onde melhor se escreve, para vos mostrar este pequeno texto:
“Neste país à beira-mar desplantado, o latrocínio infestador e cavalgante subdivide-se em dois ramos concorrentes: aquele que a polícia reprime e aquele que a polícia garante. Sendo compostos por operadores - regra geral - diferentes, partilham, todavia, duma mesmíssima entidade hospedeira: as vítimas.”
(No Dragoscópio, claro)
(Imagem daqui)
3 de agosto de 2010
2 de agosto de 2010
Parlamentário
Ha um mez inteiro que os srs. deputados, sob o pretexto de accordarem na collocação de um adverbio ou no significado de um adjectivo para a confecção de um periodo banal, se discutem a si proprios; chamam-se reciprocamente desordeiros, calumniadores e ineptos; e documentam e provam entre uns e outros, de partido para partido, que são effectivamente desordeiros, conspiradores, calumniadores e ineptos.
As Farpas Janeiro de 1873
Os portugueses ainda votam. E elegem. E adoram ter um parlamento, simplesmente para ouvir falar os deputados. Todo o labrego é sensível a um discurso de pompa e circunstância. A expressão popular “aquele fulano fala muito bem” significa que o som que saiu da sua boca é agradável, bem articulado e erudito qb, isto é, é tão bom o seu discurso que está muito para além do entendimento do laparda que sou eu. Se é demasiado inteligível, é apenas vulgar. Se não entendi nada, é sublime. É a palavra pela palavra. A palavra na sua essência mais pura que é a pura destituição da sua essência.
O único senão é que o parlamento actual não nos brinda com a qualidade discursiva do parlamento do tempo de Eça e Ramalho. Se se assemelha àquele na inépcia e na calúnia, já dele se afasta um pouco nas componentes cultista e conceptista que tanto seduzem o ouvido popular. Apesar de tudo, o parlamento de hoje ainda é dos poucos lugares onde se arremedam discursos virtuosos, se experimentam prosódias, se ostentam formalíssimas retóricas, na boa e esmerada tradição basbaque. Claro, a coisa raramente sai bem. E quanto maior pretende ser o voo da eloquência, maior é o tombo da oratória.
Mesmo assim, eu compro. Quero dois parlamentos pelo preço de um.
dia de todas as angústias
Hoje foi o dia de visitar os velhos parentes. Uns, doentes de Alzheimer, jazem nos seus leitos pobres, olhos parados no canto superior direito dos acanhados postigos; outros, com as suas colunas em decomposição, já nem nas cadeiras de rodas conseguem locomover-se; outros ainda desencarnam roídos pelas metástases. Todos me olharam do fundo das memórias, perscrutando em mim os pobres e desfocados indícios de um tempo bom que se esfumou...
(Imagem daqui)