A actriz Nanda Costa interpreta A Noite do Meu Bem, de Dolores Duran, na série da Globo Por toda a Minha Vida. O audio é original de Dolores. A canção, segundo informação colhida aqui, é de 1960. No entanto, a cantora faleceu em 1959, com 29 anos de idade. E foi exactamente no ano em que faleceu que gravou A Noite do meu Bem, uma das mais bem conseguidas criações de sempre da música popular brasilera.
30 de junho de 2010
29 de junho de 2010
repescando tralices
Em 2007 defendi aqui a melhor opção para a construção do novo aeroporto de Lisboa. Entretanto, por qualquer motivo, deixei de acompanhar o assunto. Afinal, onde foi construído o aeroporto? Na Ota ou em Alcochete?
Não resolvo crises, nem sequer as entendo…
Uma das poucas certezas que irremediavelmente possuo sobre a actual crise capitalista é a de que houve e há uma intenção em tudo isto. Ninguém conseguiria fazer tanto mal em um sistema, se isso se devesse apenas a circunstâncias de sorte ou azar. Terá, pois, certamente, havido um dedo (ou vários dedos) discando o número exacto que faria desmoronar as relações capital/trabalho de um jeito tão determinado e tão inconveniente para este último.
Se foi o capital que engendrou esta crise (condição de que parece não haver dúvidas), ele não a teria engendrado se ela lhe fosse manifestamente desfavorável, a menos que o capital seja de uma incompetência aflitiva, opção que também já há muito descartei.
Certamente me direis que tal crise também tem os seus side-effects desagradáveis para o capital. Admito isso perfeitamente. Por vezes é preciso provocar um vómito para que nos sintamos melhor depois.
E é assim que o capital vai passar a sentir-se em pouco tempo. Querem apostar?
Entretanto, já terão subjugado o trabalhador até à condição de quase escravatura.
(Imagem daqui)
28 de junho de 2010
Para o jogo de amanhã…
… só serve a táctica do quadrado. Pelo menos em Aljubarrota resultou.
(Imagem daqui)
23 de junho de 2010
obsessões do meu ipod (14)
Jacob do Bandolim, de seu nome Jacob Pick Bittencourt (1918 – 1969), é um dos mais relevantes intérpretes e compositores do chorinho. Tocava, obviamente, bandolim. Noites Cariocas, de 1957, foi interpretada milhões de vezes em todas as latitudes. Aqui, uma habitual roda de choro, com amigos e apreciadores do género.
(Desligue o rádio do blogue e clique no play.)
22 de junho de 2010
mais avaliação
A avaliação inter-pares é uma orgia intelectual. É como se a fábrica de bolachas Triunfo avaliasse a fábrica de bolachas Gullón e vice-versa. Sustento que quem deve avaliar os Professores (digo, os empregados de balcão dos estabelecimentos que vendem o ensino) devem ser, claro, os clientes do sistema, isto é, os Alunos.
Dir-me-ão que os Alunos não têm competências para avaliar o trabalho dos Professores. Isso é uma verdade insofismável, mas os Professores também não têm. Além disso, os Alunos, pelo menos alguns, vão assistir às aulas dos Professores, ao passo que os Professores só assistem às suas próprias aulas e casos há em que nem isso acontece…
A avaliação de Professores feita por pares torna-se, assim, um acto deselegante e desconfortável, direi mesmo, maçador. Um sistema em que os Alunos avaliam os Professores traria certamente alguma vivacidade e um toque de caótica alegria ao processo avaliativo.
Há várias vantagens neste método: 1- Trata-se de um órgão colegial, mesmo se estivermos a falar do Ensino Básico ou Secundário e não do Superior (universidade pode designar-se por college em Inglês); 2- Os Alunos também serão avaliados pelo Professor, o que os levará a ser indulgentes e não liminarmente demolidores como, em circunstâncias diversas, tenderia a acontecer; 3- Os Alunos podem facilmente comprovar a sua avaliação com evidências objectivas, por exemplo filmes das aulas lançados no YouTube; 4. A avaliação fica extraordinariamente barata, argumento valoroso dado o estado de naufrágio da coisa pública em que nos debatemos. 5. Acaba-se de vez com o insucesso escolar, pois nenhum professor se atreveria a reprovar o seu avaliador. E muitas outras vantagens. Quanto às desvantagens, poucas mais serão (ou talvez nem tantas) do que as que decorrem do sistema de avaliação em vigor.
Em suma: os Alunos avaliam os Professores e a escola e fazem a sua própria autoavaliação. Os Professores avaliam os Alunos e também se autoavaliam. O Director avalia tudo e todos e é avaliado por todos e por tudo. E também faz a sua autoavaliação. E tudo fica galhofeiramente avaliado e tão bom como era dantes quando não havia avaliação.
Mas houve. E até demais…
(Imagem daqui)
18 de junho de 2010
a palavra dos outros
A “avaliação de professores” exige que um professor não seja professor ainda que continue a chamar-lhe professor e sustenta que, ao transformá-lo num não-professor, está na verdade a torná-lo “mais” professor. Perfeito.
In “O Cachimbo de Magritte”
Texto integral AQUI
(Imagem do blogue)
Morreu o escritor
Duas da tarde. Hora do café. E o pároco da aldeia ali comigo, falando de nadas. E na TV a notícia da morte de José Saramago. E o padre, de nariz avermelhado do refogado e do da Bairrada, atira, bonacheiro, que a esta hora o escritor já ardia no fogo do Inferno. Coitado, nem sequer reparou que Saramago não tem Inferno. Nem Céu. E que não ardeu nem nunca arderá. Céu e Inferno são criações ultimate dos crédulos, cada vez mais propriedades privadas deles e quase às moscas… (Ninguém mais acredita nem num nem noutro e ninguém se inscreve para ir viver para qualquer um desses sítios).
E depois os partidos, as nações… Para os nacionalistas portugueses: “levou o nome de Portugal a todos os cantos (quatro?) do mundo; para os nacionalistas espanhóis: nasceu em Portugal, mas, descontente com o estado português, acabou por optar pelo nosso país; para o PSD: um homem que prezou a liberdade e se fez a si próprio; para o PS: assumiu sempre as próprias contradições e seguiu em frente apesar de todas as contrariedades.
O PP ainda não tinha falado. O PCP também não. O PCP TAMBÉM NÃO. E esta?
(Imagem daqui)
13 de junho de 2010
Sem vuvuzela não dá, pá
E foi então que o génio humano, num rasgo de… génio, é claro, inventou a vuvuzela. E eu que pensava que a humanidade já tinha descido tudo o que havia para descer. Enganei-me. A princípio julguei que a invenção fosse portuguesa. Não era. Mas podia muito bem ser. O português, quando fica apertado com qualquer coisa (uma crise, um azar, uma figadeira, um negócio falido, um jantar com a sogra, uma ida à escola para falar do puto, uma derrota no estádio), é capaz dos mais inusitados desarrincanços. A vuvuzela, tal como o Zé Cabra e tantos outros eficientes barulhogeradores da área do roque, parecia ser mais um sucesso estrondosamente imediato. E foi. O suficiente para se venderem alguns milhares que tiraram do aperto financeiro aquela família de esmerado bom gosto que resolveu comercializá-la entre nós.
Agora o outro lado, o lado dos jogadores e organizadores do evento desportivo mundial. Vejam lá, eles não gostaram da vuvuzela. Um bando de incultos, surdos que nem uma porta, sem um cêntimo de ouvido musical. Querem proibi-la. Dizem que impede a comunicação entre os jogadores no campo. Imaginem, um som tão mavioso…
E o golo? Que será do golo sem a vuvuzela? É como um filme sem banda sonora, que diacho… Como vou acordar quando a equipa das quinas marcar um golo? Não me importo de perder o desafio por causa do sono. Mas o golo (se algum houver) não queria perder. Isso não.
(Imagem daqui)
8 de junho de 2010
felga e espreguiçadeiras
- Pois é como lhe digo, senhor João. Com esta coisa da crise, o estado descapitalizado, a teta da vaca murcha, resolvi montar um negócio e trabalhar por conta própria. Regressei à terra e tentei rentabilizar os meus 900 m2 de quintal. Isso mesmo, vender tudo o que ele produzisse. Mas como a agricultura cansa e faz calos, deitei-me numa espreguiçadeira, debaixo de um guarda-sol Aki e fiquei à espera que o quintal me desse sustento. Foi aí que tentei vender felga, junça e alcarnache (escalracho, está a ver,) a comunidades panteístas, argumentando que essas pobres ervinhas, tão discriminadas, também são filhas de Deus e, portanto, nossas irmãs. E sabe que mais? Já não há amor fraternal…
(Imagem daqui)
7 de junho de 2010
O ciganito Franjoko
Ele faz contrafacção. Contrafeito. A contragosto. Ocupação controversa. Mas tem família contristada. E não tem contrato. Contra factos, não há argumentos. Mas ele argumenta que há contrafactos e contrafactos. Os seus são os melhores do mercado.
(Imagem daqui)