28 de junho de 2009

Balanço

autoaval Como é, senhores professores? Ainda contestam e estão só calados/cansados, ou já não contestam e estão domados/comprados/vencidos? Concluíram que têm que ser avaliados e que, portanto, antes assim que de outro modo mais sério?

Lembro-me que concluíram da incompetência dos avaliadores. Mudaram de ideias? Conseguiram acreditar nas virtualidades do sistema? Ou o facto de estarem tão calados revelou-se a melhor estratégia para esquecer tudo, e fazer de conta que nada aconteceu?

Ide lá em paz fazer a vossa auto-avaliação, integralmente copiada de um qualquer site ou blogue da Internet, e que o Senhor vos acompanhe. Ele é GRANDE!...

(Imagem daqui)

26 de junho de 2009

Negócios

Isolated red cherries A PT não comprou a Media Capital. Mas eu comprei cerejas.

O meu negócio fez-se sem mediação nem mediatismos, sem ASAE e sem IVA, sob guarda-sol colorido, na beira da estrada da Beira, onde outros negócios (tão ou mais libidinosos que o das cerejas) podem igualmente ser levados a efeito.  O homem que alegremente mas vendeu manteve a sua linha editorial. Tenho a certeza.

(Imagem daqui)

24 de junho de 2009

Resultados inesperados

apoios Uma escola do centro do país apresentou aos seus alunos, no início do ano lectivo, a seguinte proposta: os alunos deveriam frequentar, nas tardes de quarta-feira, um set de aulas de apoio às disciplinas nucleares. Em alternativa a esta proposta, os alunos poderiam optar por manter as tardes de quarta-feira livres.

Os resultados foram absolutamente imprevisíveis: 98 por cento dos alunos optaram pela segunda hipótese. Os professores deitaram as mãos à cabeça, sem entenderem o que tinha acontecido. Eles não conseguiram entender a posição daqueles dois por cento que preferiram as aulas de apoio…

(Imagem daqui)

22 de junho de 2009

Eis que chegaram

cheiro Fresquinhos. Acabaram de chegar por mail a todos os professores as fichas e grelhas de avaliação do desempenho, bem como os documentos que a regulam. Cheirei aquilo tudo ao de leve. Cheirou-me a esturro e fui dormir. Boa noite a todos.

(Imagem daqui)

21 de junho de 2009

O ME sabe da poda

subornoMais melhorias na carreira docente

A abertura de um novo concurso para professor titular, a criação de mais um escalão nesta categoria, a diminuição dos tempos de permanência nos escalões e a atribuição de prémios de desempenho são algumas das propostas do ME.”

In Portal de Educação

A abertura de mais um concurso para titular vai permitir que mais professores ascendam àquele estatuto, comprando-lhes assim as consciências e calando-os definitivamente em relação a todas as injustiças passadas, presentes e futuras do sistema educativo. Todos temos a percepção de que professores inicialmente aguerridos e contestatários da avaliação e do estatuto, se bandearam alegremente para o lado da ministra ao lhes ser atribuído o estatuto de titular. Quando os não-titulares forem uma classe residual, serão, obviamente, isolados e até dispensados sem um esgar de hesitação.

A criação de mais um escalão na categoria dos titulares vai cavar mais fundo ainda o fosso já existente entre uns e outros. De notar que o aprofundamento das diferenças dentro da mesma classe profissional não trará nenhuma melhoria visível ao sistema. Apenas produzirá uma divisão de trabalho desnecessária, inoportuna e inconsistente. A História prová-lo-á.

A diminuição do tempo de permanência em cada escalão só favorecerá os titulares, visto que os outros marcarão passo, por tempo  indefinido, no escalão em que estão, até subirem a titulares, coisa que nunca farão se, por mero acaso, lhes sobrar uma réstia de escrúpulos e de dignidade.

A atribuição de prémios aos professores é a cereja no topo do bolo. O escândalo dos quinhentos paus aos melhores alunos tinha que alastrar aos docentes. Era inevitável. É exactamente o mesmo que colocar no prof, simultaneamente, uma venda e uma mordaça, só que de um modo mais eufemístico e muito mais vantajoso para ele.

Para terminar, pedirei apenas o seguinte: olhem com objectividade e clareza para a escola e respondam:

- Quem trabalha mais, quem mais se esforça para melhorar o rendimento escolar?

A- Os titulares.

B- Os não-titulares.

(Se respondeu A, é porque ainda não abriu os olhos suficientemente, ou já candidamente os fechou...)

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20 de junho de 2009

A palavra dos outros

chico_buarque25011 Encontrei aqui um óptimo texto sobre o último romance de Chico Buarque, “Leite Derramado”. Também já li. De um fôlego só. Está recomendado contra todas as formas da estupidez omnipresente. Veja e ouça aqui o Chico a ler um excerto do seu livro.

17 de junho de 2009

Coisas giras por e.mail

eduques Podem sair  

“A herança que a actual equipa do Ministério da Educação vai deixar é bem pesada. Agora que o tempo de exames está a chegar, a pergunta "Para que servem os exames?" foi colocada pelo Guia do Estudante, distribuído com o Expresso de 29 de Maio, à dr.ª Leonor Santos, que é apelidada de "uma das maiores especialistas em avaliação das aprendizagens" e apresentada como coordenadora científica do Mestrado em Desenvolvimento Curricular na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Que resposta dá essa especialista à pergunta? Num estilo socrático (o do pensador grego, não haja confusões), responde com uma outra pergunta: "Os exames têm por função seriar. Mas até que ponto é que essa seriação permite ter alguma confiança?" Conforme o lead resume, a entrevistada "questiona, ponto por ponto, os pressupostos que sustentam a existência de exames, tal como os conhecemos actualmente". Um estudante que consulte o Guia para obter informações sobre os exames e a melhor maneira de os preparar ficará decerto confundido ao ser informado de que eles afinal não servem para nada, uma vez que não se pode confiar nos seus resultados. E, se pouca vontade tinha de estudar, fica logo sem nenhuma. Por seu lado, a política ministerial de desvalorizar os exames encontra, vinda de uma autoridade académica, uma sustentação teórica. Imagino que o referido mestrado seja frequentado por técnicos do Ministério da Educação... O leitor benévolo poderá pensar que, embora da autoria de uma académica, se trata de uma opinião frívola de fim-de-semana. Pois nem isso. O jornalista informa-nos que a entrevistada "sentiu necessidade de impor a si própria que jamais trabalharia ao domingo. E, ao sétimo dia, aproveita para jogar golfe e tentar melhorar o seu actual handicap de 22 pancadas". Para que serve o handicap? Serve para fornecer uma seriação dos jogadores conforme o seu desempenho. Essa seriação permite medir o desenvolvimento realizado e proporciona aos jogadores metas a atingir. Fiquei a pensar se o progresso desportivo que a referida professora justamente ambiciona não terá alguma semelhança com o progresso escolar que os alunos, em geral, perseguem. E também se o treino que é absolutamente necessário para melhorar no desporto,
salvaguardadas as devidas diferenças, não será comparável com o estudo que é indispensável para passar num exame.
O Ministério da Educação, com a maioria do seu pessoal formado por uma cartilha pseudopedagógica, dá a ideia de que não sabe para que servem os exames. Não existem verdadeiros exames nos primeiros nove anos de escolaridade uma vez que as chamadas provas de aferição não o são ("aferição" é eduquês puro!). Os exames finais do ensino básico, restritos a
duas disciplinas e "bué" de fáceis, podem, mesmo assim, ser substituídos pela via das Novas Oportunidades, com a avaliação limitada a uma "história de vida" e, portanto, de uma banalidade escandalosa. E também os exames no final do secundário podem ser substituídos por provas para maiores de 23 anos de acesso ao ensino superior, onde a fasquia é baixa porque algumas instituições, com a corda na garganta, escancaram as portas com provas que de exame só têm o nome. Que haja alunos que ainda estudem alguma coisa não
pode deixar de suscitar a nossa admiração. A herança que a actual equipa do Ministério da Educação vai deixar é bem
pesada. O pior de tudo não foi, porém, a continuada desvalorização do conhecimento, e do esforço que é preciso para o adquirir, na ilusão de disfarçar estatísticas que nos envergonham. Foi o apoucamento dos professores, que causou um dano grave na educação que vai levar anos a sarar. Para degradar o papel dos professores o ministério não se contentou
com a sr.ª D. Margarida Moreira, o Magalhães e a avaliação "simplex". Também criou o Manual do Aplicador das provas de aferição, que achincalha o corpo docente de uma maneira que ultrapassa o imaginável. Os professores têm de
ler aos alunos: "Podem sair." Como eu compreendo aqueles a quem apetece aplicar essa frase do Manual à equipa que escreveu e divulgou tal documento!

Carlos Fiolhais

(Imagem daqui)

flores Tinha 16 anos. Era um aluno educado, um estudante de sucesso. Enforcou-se ontem num galpão, no fundo da casa dos seus pais. A escola, os amigos, os professores não sabiam o que fazer com a notícia. Que perturbações podem atravessar a mente de jovens normais, saudáveis e aparentemente felizes?

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10 de junho de 2009

Participação de Ocorrência

calças No dia 9 de Junho de 2009, 3ª-Feira, pelas 11H00, no decurso de uma aula de Inglês, receberam ordem para abandonar a sala os alunos número cinco, Carlos Manuel Braga e número oito, João Pinto das Neves, do 7ºA, por se terem envolvido numa espécie de luta, de que resultou a queda das calças de um deles, facto que terá provocado algum constrangimento na sala de aula e nas próprias calças do professor, anos 20, suspensorizadas, que nunca viram com bons olhos tanta devassidão.

Os alunos foram enviados ao gabinete de apoio, com tarefas prescritas: um deles foi incumbido de recolocar as calças o mais próximo possível da cintura; o outro foi incumbido de fazer um trabalho sobre a razão pela qual estas calças da moda não caem mais vezes. Nenhum dos alunos conseguiu completar a tarefa. O professor acabou por se esquecer de lhes marcar as respectivas faltas.

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6 de junho de 2009

Avaliação de Alunos no grupo 330 (1)

Ora aí está ele. Já veio para ficar o e-Portfolio

eportfolio Lê-se, no blog de Domingos Oliveira, o seguinte: “O e-Portfolio é uma apresentação multimédia realizada pelo aluno e com materiais seleccionados por este e que mostra uma visão enriquecida e estruturada do processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno.”

A partir da mesma publicação, soubemos, entre outros disparates, que Jones & Shelton, 2006, 18-19, ainda se espreme mais para enaltecer o e-Portfolio: “Os e-Portfolios, como documentos personalizados do percurso de aprendizagem, são, logicamente, ricos e contextualizados. Contêm documentação organizada com propósito específico que claramente demonstra conhecimentos, capacidades, disposições e desempenhos específicos alcançados durante um período de tempo. Os Portfolios representam ligações estabelecidas entre acções e crenças, pensamento e acção, provas e critérios. São um meio de reflexão que possibilita a construção de sentido, torna o processo de aprendizagem transparente e a aprendizagem visível, cristaliza perspectivas e antecipa direcções futuras. (Os sublinhados e a correcção da pontuação são meus).

Não tenhamos dúvidas. A documentação de um e-Portfolio dos alunos dos 7º ou 8º anos (prescrevem e-Portfolios para todos) é organizadíssima e demonstra, claramente, (aliás, poucas coisas serão mais claras que um e-Portfolio, se exceptuarmos a governação socratina) conhecimentos e capacidades. Certamente, demonstrará, pelo menos, os conhecimentos e as capacidades que os alunos copiaram directamente da net, sem sequer terem lido a fonte original.

Ah. Mas eles representam ligações entre acções e crenças, isto é, os professores crêem que o portfolio é do aluno, e o aluno age como se ele fosse, realmente, seu.

Quanto às ligações que se estabelecem entre pensamento e acção e entre prova e critério, lamento desapontar os meus atentos leitores mas esqueci completamente o que isto poderia, eventualmente, significar.

Mas eles são, obviamente, um meio de reflexão que possibilita a construção de sentido, sim, de sentido único, o sentido da mediocridade medular.

A aprendizagem tornar-se-ia transparente, de facto, se ela, eventualmente, existisse…

O que é que esta gente pretende? Quem pretende esta gente enganar? Que prazer terá esta gente em se enganar a si própria?

(Os meus sinceros agradecimentos a todos os idiotas do ensino-aprendizagem que me permitem irritar-me todos os dias. Isto prolonga-me a vida, muito para além do meu edema…)

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Religião e Ciência

religiao Entre a religião e a ciência, prefiro a religião. É muito mais fácil e agradável curar um cancro do fígado com um milagre do que com quimioterapia.

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5 de junho de 2009

Concurso de poesia

Poesia Fui convidado para júri de um concurso de poesia adolescente. Passei o fim-de-semana a ler imagens romanticistas de pimbosíssimo lugar-comum, cheias de luares fúlgidos e de pétalas macias, de perfumes oníricos e de corações e de maresias. Uma náusea.

Escolhi um que dizia assim:

À minha gaija boa…

“A prof de Química

pôs-nos lá fora

por causa da química

de quem namora…”

Fui excomungado por todos os papás e mamãs e definitivamente escorraçado de todos os júris de concursos passados e futuros até à quinta geração…

(E o pior é que o poema que fiz ganhar nem sequer tinha concorrido. Tinha sido infiltrado abusivamente por um aluno doidivanas e valdevinos…)

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1 de junho de 2009

Suicidário

suicidio A partir do próximo dia 6 de Junho, é muito provável que comece por aqui mais uma rubrica sobre avaliação de alunos no grupo 330. Àqueles que, como eu, têm alguma dificuldade em suportar este tipo de assuntos, aconselho que, prudentemente, se desviem quanto baste. Estratégia suicida esta, quando o Trala está a passar uma crise de leitores sem precedentes. Nem sei em nome de que devassa potestade teimo em os afugentar.

Um grande abraço… e desculpem.

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