"Hoje, mal levantei a pálpebra, saltou-me logo à vista uma cebola jovem e bonita. Sempre tive com as cebolas uma relação tortuosa. Gosto de as ver já cortadas fininhas, deitadas sobre uma alface, ou bronzeadas em azeite quente, todas escachadas sobre bifes ou iscas. Mas odeio vê-las cortar.
- Isto é um assalto! – gritou-me a cebola – passa para cá os binóculos e os óculos escuros!
Dei-lhe logo tudo. Como não tinha dinheiro, a cebola, enraivecida, levou-me também as pestanas, as pálpebras e as sobrancelhas. Deixou-me, por assim dizer, a olho nu…"
Assinado: Olho Esquerdo
(Inspirado no conto "O olho esquerdo" de Mário Rezende)
(Imagem tirada daqui)
1 comentário:
Direi até que são crónicas de olho aberto. E como as cebolas, de comer e chorar por mais. :)
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