29 de outubro de 2011

A educação é uma coisa muito linda…

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No início de uma de minhas aulas, bem cedo, pouco passando das 8,30, reparei que um dos alunos se preparava para dormir, colocando ostensivamente junto das orelhas um velho despertador de lata ferrugenta que não ficava a dever nada ao que vos apresento na imagem. Aproximei-me lentamente e falei-lhe muito de mansinho: - Se pretendes despertar ainda durante esta aula, deves regular o despertador para a hora em que desejares fazê-lo. Se, pelo contrário, pretendes continuar a dormir até o fim dela, não precisas de o utilizar, pelo que deves remetê-lo de volta à mochila. Além de tudo, como deves ter já tido disso alguma percepção, há no final da aula um abominável toque de campainha que, inevitavelmente, te arrancará ao torpor da madrugada e desta lição…  - Tem toda a razão, Senhor Doutor. O senhor é, de facto, um homem sábio. Mas acontece que eu pretendo ouvir a segunda parte da sua aula. A minha mãe pediu-me que prestasse atenção, pelo menos, a cinquenta por cento das aulas da manhã. Afirmou-me que, no seu tempo, também assim fizera e hoje está bem na vida, embora isso se tenha devido, principalmente, ao facto de ter casado com um dos actuais donos das Águas de Portugal que, por mero acaso, é também meu pai. Vou, pois, guardar o despertador tal como me sugeriu, pedindo-lhe ainda dois gratos favores: Primeiro, que mantenha um nível de voz consentâneo com o meu repouso; segundo, que me acorde daqui a 45 minutos se, porventura, eu não acordar com o barulho dos alunos que entretanto, e como de costume, acordarão também por essa hora… Muito obrigado. – De nada, ora essa!

  (Imagem daqui)     Post 787     

23 de outubro de 2011

Alguns casamentos depois…

O modesto proprietário da carpintaria Torrado & Irmão viu, pela primeira vez, e por ela se apaixonou perdidamente, Helena Freitas de Macede…

Amadeu Torrado casou hoje, na capela da sua aldeia, pela primeira vez na sua vida. O feliz enlace acontece numa data particularmente mítica da vida de Amadeu e mesmo da existência humana. Neste dia 23 de Outubro, cristalizaram--se alguns acontecimentos importantes quer para a espécie humana em geral, quer para a fabulosa espécie de Amadeu, em particular.

Devo lembrar que Amadeu não foi (não é), nem de longe, um interventor particularmente relevante no acidentado decurso da História hodierna. O seu modestíssimo contributo resumiu-se à produção artesanal de umas quantas janelas e portas de acácia para as casas dos seus vizinhos. Porém, Amadeu sempre enfeitou os acontecimentos comezinhos dos seus rudes e monótonos dias com efemérides de mais proeminente pedigree. É assim que Amadeu Torrado articula a data do seu nascimento, neste dia de hoje e no conturbado ano de 1944, com o desencadear da mais sanguinária batalha naval da Segunda Grande Guerra. É assim que Amadeu conta que Pasternack, escritor russo, foi prémio Nobel da Literatura, com “Dr Jivago” , no exacto dia e ano em que ele próprio, o modesto proprietário da carpintaria Torrado & Irmão, viu, pela primeira vez, e por ela se apaixonou perdidamente, Helena Freitas de Macede, dois anos mais nova do que ele, mas já ostentando, ao tempo, previsíveis delícias de mulher.

Aguçado o desejo por predicados femininos que haviam de ser, ficou Amadeu, até hoje, remoendo consigo a jura de a apalpar, demorada e

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sensualmente, com as suas manápulas de plaina, logo que um intervalo oportuno surgisse em algum dos ciclos matrimoniais da sua Helena.

De então até hoje, o coração de Amadeu manteve-se fiel, no pensamento e no registo civil, à adorada Helena, apesar de esta ter vindo, ao longo da sua vida, a coleccionar tantos casamentos quantas as decepções de Amadeu, que assim via prorrogar-se indefinidamente o momento em que a cingiria nos seus braços eternos.

Foi assim que Amadeu assistiu, aos vinte e cinco anos de idade, ao primeiro casamento da sua amada, no exacto dia e ano em que Nixon retira do Vietname. E, a seguir, assiste ao segundo, em 1988, quando o furacão Ruby afunda o Dona Marilyn, nas Filipinas, matando 566 pessoas. Tudo isto em 23 de Outubro, tudo isto na vigência do amor incondicional de Amadeu.

Foi hoje, pelas 11 horas da manhã, no dia de aniversário dos seus 67 anos, que Amadeu, embora mais desajeitadamente do que sonhara, amassou, com as suas mãos de serrote, o quarto vestido nupcial de Helena Freitas de Macede. O fato de Amadeu Torrado era o do Crisma…

(E, pela primeira vez na sua vida, Amadeu não conseguiu aliar a este evento nenhum outro de semelhante grandeza)

  Post 786      Imagem daqui)

22 de outubro de 2011

inspiração ao gosto clássico

Caricatura jovemPossuo um inestimável e suigeneris aluno. 11º ano profissional. Há dias, chegou-se a mim para me mostrar “a sua última criação poética”, como referiu. Comecei a ler o seu poema: “Amor é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer…”

Disse-lhe eu então: “Não percebo muito de poesia, mas parece-me muito bom. É mesmo teu?”  “Claro que é meu, professor!”. “E como é que tu consegues escrever estas coisas?!”. Resposta pronta: “Sei lá, Profesor! Ocorre-me assim, de repente. Deve ser inspiração, sei lá!…”

   Post 785     (Imagem daqui)

repescando tralices

missaEnquanto não chega material novo, entretenham-se com isto. Foi escrito há quatro anos e, ao relê-lo hoje por mero acaso, achei-o tão insipidamente inócuo como o achara então. Inócuo, obviamente, mas estranhamente perturbador… Ou não, enfim…

    Post 784       (Imagem daqui)

dicionario Contribuições para o dicionário da Língua Portuguesa (1)
Biscoito
– s.m.  Pessoa com quem se faz sexo duas vezes.

20 de outubro de 2011

Recomeço

fénixO Tralapraki reabre de vez no dia 23 de Outubro. Pensámos seriamente em abrir falência. Porém o amor a este país, a este governo e a este povo fez-nos arrepiar caminho. Afinal de contas, há os empregados, o irs, o iva 23, a necessidade de exportação, etc. Além disso, o Tralapraki é um serviço público gratuito, muito bom, embora tendencialmente pior, até ficar completamente cretino, o que poderá acontecer ainda antes da bancarrota do país. Obviamente, sendo grátis, o Trala não resolve nenhum problema de nenhuma espécie. Nisto, segue os exemplos meritórios de todas as restantes instituições, mesmo aquelas que, não sendo grátis, se mostram igualmente imprestáveis.

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19 de outubro de 2011

É dia de anos…

feliz_aniversario O Tralapraki faz hoje cinco anos. Está aqui está a entrar para a escola. (E bem precisa, a ver se aprende alguma coisita…)

(Imagem daqui)

15 de outubro de 2011

Vou voltar…

Burro em coura Eu sei que tenho dois ou três amigos por aí espalhados que apreciam (ou, pelo menos, suportam) ler o Tralapraki. Fiquei meio translúcido com os últimos desenvolvimentos politico-económicos e perdi parcialmente salário e imaginação. Mas vislumbra-se para muito breve uma nova onda de factos imperdíveis que obviamente tentarei trazer praki. Voltarei, pois, brevemente, alforges recarregados de birras, bocas e berros. De amuos e farpas. Um esgar torcido e amarelado também…

Voltarei. É uma ameaça!

  Post 781     (Imagem daqui)