29 de agosto de 2011

A verdira (ou ficar-me pelas pedrinhas)

areia-de-praia--pedra-e-conxa-3ef2d(coisas de velhos que tiveram preguiça de ter fé…)

Ontem na praia, olhei para o mar e voltei a olhar. E não entendi.

Decididamente não entendo o mar. Nem Deus. Nem nenhuma das coisas grandes. Não entendo a Verdade.

Olho para o mar e vejo que me suplanta, me excede, me esmaga.

Mas ele atirou para os meus pés descalços uma orla de pedras miúdas, polidas, de cores fáceis, de metafísica módica. Conto-as, dedilho-as, admiro-as, amo-as, entendo-as. Do grande mar-deus-verdade nada sei. Mas sei dos pequenos seixos com que me atapetaram a orla das ondas, com que me reposicionam a aprendizagem das coisas simples. A verdade é longa demais para o meu sentido tão curto, como a mentira é curta demais para o meu desejo tão longo…

Fica-me a verdira, o meio caminho entre uma e outra. Aí, nessa orla de mornas e acessíveis aquisições gnoseológicas, poderei viver aceitavelmente esclarecido.

Ontem na praia, as pedras coloridas que o mar me deu…

    Post 773      (Imagem daqui)

1 comentário:

Anónimo disse...

Não sei porquê, mas acho que gostei muito disto...

Moacyr