Queria ter sido Aristóteles, visita da casa de meu pai. Quereria ter sido a casa de meu pai. E Arquimedes e Santo Agostinho. E Bachelard e Proudhon. E Bruno e Brentano. A folha de papel pardo de Pitágoras. A marmita de Papin, o pátio das cantigas, a Vénus de Milo. Quem me dera ter sido o fogareiro de Feuerbach, o pénis de Epicuro. Queria ter vivido como Dante, morrido como Cervantes, escrito como Breton. Um murmúrio de Shakespeare, um poema de Blake. Quereria ter sido o lado lunar de Margarida Gautier. Um fidalgo da casa mourisca, o moinho de Daudet. Queria ser tudo o que não fui. E sendo qualquer outra coisa, quereria ter consciência e sonho para me conhecer a mim. Tal como sou. E conhecer a razão esquiva de não me ter querido ser…
(Imagem daqui)
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